sexta-feira, setembro 15, 2006

Fragmentos da Miséria

Aí vai um pedaço do meu mais novo e solitário projeto literário:

Certa vez, em resposta ao meu velho discurso, que eu acreditava ser inovador e, por isso, gostava de repetir por aí, o Ricardo, que é muito mais escolado no mundo corporativo, me deu o seguinte depoimento:

– Você sabe quantos currículos nós recebemos? Centenas de milhares. Sabe quantos nós realmente lemos? Meia-dúzia. Sabe quantos infelizes, inclusive estagiários, nós já contratamos por causa de um currículo que veio de não sei onde? Zero. Na verdade, empresa nenhuma contrata baseada em currículos, porque você parte do princípio de que, se o cara for bom mesmo, ele chegará às suas mãos de outra maneira, indicado por outra pessoa – mais confiável que um pedaço de papel – que dirá com todas as letras: ele serve. Não adianta uma folha sulfite me dizer que o filho da puta fala dezoito línguas e tem pós-doutorado em Harvard. Eu quero que alguém me diga em português claro que ele trará rentabilidade à empresa. E os originais de um livro não passam de um currículo de candidato que o escritor de primeira viagem manda às editoras. Pior: dão muito mais trabalho para se avaliar, porque são assustadoramente extensos. No fundo, o que eu quero dizer, meu caro irmão, é que você deve analisar qual é a real necessidade que uma editora tem de conseguir novos escritores. Essa é a primeira pergunta. Será que eles estão realmente interessados em nomes completamente desconhecidos do público, que darão um puta trabalho ao departamento de marketing para competir em pé de igualdade com as aberrações de venda fácil que pipocam por aí todos os dias? Por fim, se a editora estiver realmente interessada em jovens valores, ela não selecionará através de um envelope pardo que chegou pelo correio junto com toneladas e toneladas do mais puro lixo. Existem maneiras muito mais práticas, confiáveis e garantidas de se fazer isso. Na verdade, esse departamento que avalia originais funciona mais ou menos como o departamento de reclamações de uma empresa, entende? Tem que existir, mas sua real função é mais, por assim dizer, obscura.

Depois de ouvir aquelas palavras, ditas por meu irmão empresário, eu resolvi calar a minha boca por um tempo e enchê-la com cerveja, que era mais útil.

EM TEMPO: Fica aqui registrada a reclamação do Thiago Iacocca porque eu não o incluí na lista dos que lêem este blog. Ele me mandou parar de ser viado e disse: se a pessoa não deixa comentários, não significa que ela não lê.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Escrevinhadeiro-anão

Insônia é o meu nome. Na noite passada eu fiquei até lá pelas quatro da manhã revirando de um lado pro outro da cama, acendendo o abajur, apagando o abajur, acendendo de novo e lendo umas notas de um velho safado.

Resultado: acordei meio-dia como se eu tivesse enchido a cara na noite anterior e com uma puta dor de garganta. A galera (que se resume ao Butantã, Fábio e Vivi) vai começar a achar que eu sou meio hipocondríaco, porque já falei de gripe, de caganeira e agora falo de dor de garganta. Foda-se porque, a verdade é que eu sou mesmo hipocondríaco.

Eu acordei de ressaca sem ter bebido (continuo invicto há 6 meses, 18 dias, 12 horas, 34 minutos, e 27, 28, 29…segundos; mas eu nem penso mais nisso) e com uma sensação meio plutônica (não confundir com platônica, por favor). Todos sabem que Plutão, que já era um planeta miserável que ficava lá longe de tudo e de todos (ainda fica), fora recentemente rebaixado da condição de planeta por um bando de cientistas desocupados.

Um cientista estava à janela com seu telescópio, dia após dia, pensando: já fucei esse céu todo. O que posso fazer agora? Que tal observar Plutão, aquela merdinha que fica no quinto dos infernos? E o cara começou a observar o pobre Plutão dia após dia, até que notou algo estranho na órbita daquele até então planeta. Estarrecido, embasbacado mesmo, o sujeito percebeu que a órbita de Plutão era elíptica! Veja você, elíptica! Vou repetir para que ninguém pense que é engano: elíptica! (A exclamação se fez necessária e o Graciliano Ramos que me desculpe: eu sou mesmo um idiota)

Acontece que o tal cientista, muito astuto, percebeu que a órbita de Plutão era elíptica porque, num dado momento, ela se chocava com a órbita de Netuno. Netuno é que nem o penúltimo irmão de uma família de nove moleques. Ele apanha de todos e desconta tudo no caçula, que é o único em quem ele consegue bater. Por isso, Netuno interfere num pedaço da órbita de Plutão.

O cientista coçou o cavanhaque, tomou um gole de café descafeinado, deu um trago em seu cigarro Pall Mall e pensou: preciso checar esse mistério. Quase com fúria, ele retirou da estante o empoeirado Dicionário Internacional de Astronomia e resolveu consultar a definição de planeta. Lá estava: Planeta é um astro sem luz própria que reflete a luz do Sol e TEM ÓRBITA PRÓPRIA.

Ora, Plutão não tem órbita própria, ele pensou, já que por um determinado período ele entra na órbita de Netuno. Logo, como ensinou Sócrates com aqueles exercícios de lógica, Plutão não é um planeta. Em nome da ciência, o astrônomo em questão continuou pesquisando no tal dicionário, até que encontrou a definição de planeta-anão (os patrulheiros ideológicos que me desculpem, porque eu sei que anão não é um termo muito adequado): astro sem luz própria que reflete a luz do Sol e NÃO TEM ÓRBITA PRÓPRIA. E assim, Plutão foi rebaixado à condição de planeta-anão.

Moral da história: eu acordei meio sem órbita própria. De acordo com os ensinamentos de Sócrates, portanto, acabei de ser rebaixado à condição de escrevinhadeiro-anão.

Eu digo que fico!

É claro que todos se lembram dos tempos de aulas de História e, por conseqüência, do Dia do Fico. Sim, foi quando D. Pedro I teria dito aquela frase ridícula: "Se é para o bem do povo..." blá-blá-blá. Um filho da puta covarde que acabou voltando pra Portugal com o rabinho entre as pernas e deixou seu filho - que minha professora chamava de dom Pedrinho - por aqui, ainda de cueiros.

Meu Dia do Fico não é mais glorioso que o do babaca do D. Pedro I. Eu só não tenho aquela costeleta medonha que nós vemos nos quadros e nas figuras dos livros e, como meu cabelo não cresce mais, estou pensando em deixar minhas suíças crescerem. Para isso, terei que conseguir a permissão da Vivi, o que será praticamente impossível.

Enfim, algumas pessoas, ignorantes e de cabeça quente, às vezes, acabam por cometer injustiças. Eu sou uma delas. Eu escrevi aqui ontem que ia embora, porque este blog era uma merda e tal e desfiei os meus motivos de maneira meio desordenada (espero que ninguém tenha entendido). O fato é que eu é que sou uma besta, um ignorante, um etc. de merda.

Não vou fazer como o FHC e não pedirei que esqueçam o que eu escrevi (o fato é que ninguém lê mesmo e isso não faria o menor sentido). As merdas que eu publiquei neste espaço continuam valendo, mesmo que sirvam como atestado de insanidade. Se alguém quiser me interditar, que fique à vontade, porque eu estou mais duro que o Mirisola (visitem o blog dele: Herói Devolvido, que está nos links deste espaço medonho).

Pra encurtar o assunto, estou aqui pra dizer que me arrependo de ter xingado a mãe do pessoal aqui do Blogger. Desculpa aí, viu? Ninguém aqui tá com a mãe na zona (eu acho) porque eu não freqüento (mais) esse tipo de lugar. Bom, desconsiderem as duras, ridículas e infundadas críticas que eu fiz no texto "Eu vou embora!". Nenhuma ladainha que eu escrevi aqui está no limbo (infelizmente) e, nos arquivos, se os textos desta página não forem suficientes, vocês podem se embebedar com o resto. Leiam, lambuzem-se e me mandem à merda à vontade.

A Vivi mandou dizer que é pra todos lembrarem que eu não sou muito afeito a orcútis, outilúkis e blóguis, portanto, tenham paciência. Um dia eu ainda consigo mudar a hora do meu celular. Espero que eu aprenda rápido, porque o horário de verão tá chegando.

Abraços a todos e bons sonhos.

Democracia Participativa

Lá você tem três poderes que apontam para duas direções: pra dentro e pra cima
Lá você tem os meios de comunicação nas mãos de meia-dúzia
Lá você tem um esquema que estimula o emburrecimento da maioria
Lá você tem a ditadura da grana a serviço dos donos das capitanias hereditárias
Lá você tem como palavras de ordem o egoísmo, o consumismo, o corporativismo, o nepotismo
Lá você tem preto e pobre presos: na prisão, nos trens, ônibus e metrôs, nas empresas, nos problemas dos outros, nas promessas de um dia ser prioridade
Lá você não tem mecanismos de participação popular
Lá você não tem voz, mas tem ouvidos
Lá você tem fome, miséria, descaso, sujeira, desespero de sobra pra muitos
Muitos que vivem de sobras e restos
Lá você tem fartura, luxúria, riqueza, abundância, desperdício de tudo pra poucos
Poucos que vivem dos sonhos de muitos
Lá você tem a indústria da miséria, a exploração do medo, a agiotagem, o entorpecimento
Aqui não. Aqui você tem democracia participativa.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Eu vou embora!

Eu tô puto com este blog. Ele some com vários textos. Pelo seguinte: esta merda aqui só arquiva o máximo de dez textos por página. Tem um comando lá que permite arquivar até 300, mas eu mexo naquela merda e nada acontece. Só ficam os tais dez textos. Acontece que essa porra filha da puta arquiva os textos por mês. Ou seja, se você olhar o ícone "archives", na parte direita desta bosta, vai notar que tem agosto de 2006 e setembro de 2006. Clicando em agosto, lá estão as merdas que eu escrevi do dia 25, que foi quando eu tive a infeliz idéia de começar esse blog, até o dia 31. E só, caralho. Como eu já escrevi muito mais do que dez textos em setembro, o resto foi parar no limbo. Não sei se eu me fiz entender, porque eu já escrevo mal quando estou calmo. O fato é que, no exato momento em que eu publicar mais esse monte de idéias parcas e sem sentido, o último texto que estava na página vai sumir para todo o sempre. Eu posso ler, porque tenho acesso aos bastidores desse lixo todo, mas as milhões de pessoas que se interessam pelo que eu escrevo não conseguem. Não é justo! Abaixo ao imperialismo americano! Viva Fidel! Eu vou embora! Mas qualquer coisa eu aviso vocês.

Arte da escrevinhação - I

Regra número um: não se deve começar a escrever um livro pelo começo. Simples, porque as primeiras linhas são fundamentais. A elas, deve-se empregar o que se tem de melhor. Claro, não adianta o enredo ser excelente do meio para o final, porque ninguém virá a sabê-lo. Agora, caso o livro seja excelente do início até a metade e, daí em diante, transforma-se numa merda só, ainda assim, o escritor tem chance de sobreviver. E eu digo por quê:

O leitor começa a seguir um caminho através dos capítulos com crescente interesse. Depois que já empregou horas naquela aventura, percebe que a história desanda. Ele fica desapontado, sem dúvida. No entanto, ninguém quer jogar fora um esforço que já foi feito. Sim, por mais que o livro seja agradável, ler sempre será um esforço intelectual e, por que não dizer?, físico. É um meio de comunicação que demanda atitude do receptor, portanto, exige dedicação.

A fim de evitar a sensação de desperdício, o leitor acende uma chama da falsa esperança ao dizer: o escritor começou bem e depois se perdeu; quem sabe, mais para frente, ele não se encontra novamente e me presenteia com um belo final? Ah, o final... Falemos dele em outra ocasião.

Portanto, a chance do leitor cumprir sua tarefa até o final caso vença o começo é consideravelmente alta. Por isso, não se deve começar a escrever pelo começo. Quem escreve sabe que, mesmo que se tenha uma idéia magnífica para um livro, leva um certo tempo para aquele projeto ganhar corpo. Em outras palavras: o escritor não está preparado para dar a importância que as primeiras palavras merecem no momento em que a idéia ainda se encontra enclausurada em sua cabeça. Tudo que o escritor tem, no instante em que encostará a primeira imagem no papel, é um livro completamente em branco.

É bom que se diga, também, que o começo de uma história não são apenas as primeiras linhas. Não, ainda estamos no começo, ainda que a pessoa que vos escreve neste exato instante não redija mais nenhuma linha. Acredito que o começo deve ser definido em relação ao todo. Por exemplo, se você está na página 138 da Montanha Mágica, que tem mais de 900 páginas, sinto informá-lo leitor, mas você ainda está muito longe do cume.

Consideremos, então, como começo, os primeiros vinte por cento do todo. Se o livro tem 200 páginas, as primeiras quarenta são o início. A partir da página 41, o leitor pensará duas vezes antes de desistir do livro. Ele há de encarar aqueles gomos de costura e pensar: já venci dois, seria uma pena desistir assim.

Começar um livro é uma arte que poucos dominam. (continua... quando o escrevinhadeiro tiver saco)

terça-feira, setembro 12, 2006

Patrulhamento ideológico

Ontem um sujeito me encheu o saco porque eu utilizei o termo "lista negra". Ele disse que era inadequado. Inadequado é ficar nesse patrulhamento ideológico burro (que me perdoe a Sociedade Protetora dos Animais) que leva a medidas idiotas como a redação de cartilhas que dizem que não se deve chamar ninguém de palhaço, já que isso seria ofensivo aos profissionais do riso. Inadequado é encher o saco das pessoas com questões desimportantes em lugar de se lutar por medidas sérias que reduzam a absurda desigualdade social do nosso país.

Concordo que existem termos pejorativos, de origem racista e preconceituosa, que devem ser combatidos, como "programa de índio", ou dizer "baiano" como sinônimo de brega. Agora, não dá pra querer combater uma das metáforas mais antigas da humanidade, que é a associação da morte com a escuridão da noite, dizendo que se trata de racismo. Me deu vontade de sugerir ao caboclo que desenvolvesse uma campanha pra mudar a cor do luto que, de acordo com ele, deve ser inadequada.

Essa linguagem politicamente correta me dá no saco. Puta hipocrisia chamar o velho de "melhor idade". Puta encheção inútil não poder chamar o cego de cego. O certo é deficiente visual. Pois muito bem, o próximo que me chamar de careca eu taco um processo em cima. Calvo eu também não aceito. Resolvi aceitar sugestões e, até agora, eu gostei mais de "desfavorecido de cabelos". "Descapilarizado" também é bom, mas pode dar confusão com a linguagem do mundo dos negócios. Outro dia eu ouvi falar em capilaridade da empresa e não entendi muito bem o que era. Se alguém tiver alguma idéia melhor, favor me mandar.

Bom, me deu um branco, por isso vou ficando por aqui. Aguardo sugestões para o nome politicamente correto aos "poucas telhas" como eu.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Estremecendo as tradições

Os ingleses têm um talento admirável em ordenar com educação. É impressionante como eles são capazes de dizer: "Ou você faz do jeito que eu quero, ou eu te arrebento" de maneira polida e respeitosa. Eles adoram alimentar as tradições britânicas e, por isso, recusam-se a adotar todas as unidades de medida internacionais. Também não houve acordo quanto a trocar a libra pelo euro. Tudo em nome da tradição. Em nome da tradição, a organização do torneio de tênis de Wimbledon gosta de ver todo mundo jogando vestido de branco e com muita educação. Nada de gritos exagerados. Por esse motivo a tenista Maria Sharapova recebeu uma advertência, já que a moça gosta de dar gritos um tanto escandalosos enquanto aplica os golpes.

Eu achei engraçado quando li essa notícia por acaso um tempo atrás. Mas não dei muita bola, porque não acompanho tênis, não conheço nenhum inglês e não tenho nem grana e nem vontade de ir à Inglaterra. Eis que, sábado, eu liguei a televisão e estava passando um jogo da Sharapova. Resolvi esperar pra ver se ela gritava pra valer ou se tudo não passava de frescura dos ingleses.

Confesso que fiquei assustado com o que vi e ouvi. E pensei: onde estão as Senhoras de Santana que deixam a televisão transmitir os jogos dessa mulher em plena luz do dia? Porra, os gritos que a Sharapova solta durante os golpes são de encabular qualquer Cicciolina. Eu fiquei com a impressão de que a russa, à medida que dava raquetadas, pensava em outro tipo de jogo. Tudo bem, parece que os gritos dos tenistas têm uma finalidade técnica e motivacional. De acordo com os especialistas (não me perguntem quais), o grito ajuda a dar força aos golpes e também mantêm o jogador ligadão na partida. Para a Maria Sharapova a técnica está funcionando muito bem e, acredito, deve ser uma das causas pelo aumento do interesse da ala masculina pelo esporte. De qualquer forma, não dá pra negar que a menina está estremecendo as tradições.

Em tempo: a organização de Wimbledon, em nota extra-oficial, me informou que a reprimenda à Sharapova em relação aos supracitados gritos não tem a ver com tradição. Parece que os berros da rapariga superavam o número de decibéis permitidos pela lei do psiu dos britânicos, que funciona 24 horas por dia. Lá também existe a lei da buzina. Motorista estressado tá fodido, porque a buzina, em território britânico, só deve ser tocada em caso de risco de vida à família real.

domingo, setembro 10, 2006

Promessa de bêbado

A melhor cena de porre coletivo que eu já vi no cinema é a do velório do protagonista do filme Viver, do Kurozawa.

Na cena, são todos funcionários de uma repartição pública que não serve pra nada além de empurrar reclamações de um setor a outro, até que tudo seja invariavelmente arquivado. Eles estão ali, bebendo e tentando entender a mudança de atitude do falecido colega que, depois de 30 anos imbricado naquele sistema resolve batalhar para atender a pelo menos um anseio da comunidade.

A troca de idéias entre os colegas, somada a inúmeras doses de saquê, começa a formar uma reflexão coletiva sobre a verdadeira função daquela teia burocrática, formada para as necessidades das pessoas acabem empilhados sobre a mesa de um chefe de seção. Já completamente embriagados, eles começam a se questionar: isso é vida? Nós servimos para alguma coisa? E resolvem, finalmente, que a morte do colega que se rebelou contra o sistema e não descansou enquanto uma fossa a céu aberto não se transformasse num parque, não seria em vão.

Os sujeitos, completamente de porre, resolvem trabalhar feito "renascidos" para que a repartição antenda verdadeiramente aos apelos da comunidade, para que aquela malha complicada, projetada para não funcionar, comece a funcionar de fato. É uma pena que promessa de bêbado, normalmente, vale tanto quanto promessa de político em época de eleição.

O filme já valeria por essa cena, mas o fato é que é uma obra-prima, e tem uma das cenas mais bonitas que eu já vi em qualquer filme, que é a do velho funcionário no balanço. A atuação do sujeito também é algo pra lá de impressionante.