terça-feira, dezembro 07, 2010

Crônica Natalina

Tenho uma colega no trabalho que nutre um ódio profundo pelo Natal. Não sei se foi trauma de infância, se um Papai Noel bem gordo pisou em algum brinquedo dela por acidente, não sei. Não quis perguntar, também.
O Natal é mesmo um negócio esquisito e, os mais engajados dizem que é uma festa que comprova o domínio da cultura do hemisfério norte sobre a nossa, e que o Natal é o maior prato cheio para alguns porcos capitalistas se vestirem de bons velhinhos com a intenção pérfida e voraz de encher os bolsos de grana.
Desculpem, engajados, desculpe, colega de trabalho. Não farei panfletagem neste Natal. Fui duramente criticado pelo editor-chefe, na nossa última reunião de pauta, que incluiu uma análise pormenorizada dos índices de audiência deste blógui, porque ele disse que meus textos andam muito panfletários.
Fui, também, responsabilizado pela acentuada queda na nossa audiência. De um pico de 23 pontos percentuais (sendo que cada ponto representa 0,18 pessoas) da semana passada, caímos para o desastroso índice de 14,4 pontos percentuais.
Resolvi, então, falar do Natal, das renas, do Papai Noel, da mesa farta de guloseimas e dessa merda toda, pra ver se eu dou uma levantada no moral (e, por que não, na moral) do blógui. Mas, chegaram todos a uma conclusão uníssona de que seria melhor eu me calar.
O problema é que eu sou teimoso, além de disperso. Agora, por exemplo, já estou pensando nos muffins que a Vivi vai fazer para nós neste Natal e , quem sabe, no Tiramissù que ela fará única e exclusivamente para mim um dia desses e, no panetone que ela disse que fará com a maravilhosa máquina de pão, eletrodoméstico imprescindível para as pessoas modernas (dê uma dessas neste Natal a quem você ama).
Desculpe, mas eu ainda não jantei, estou esperando a marmita esquentar e, enquanto isso, minha imaginação flui e, logo, eu sou o João (não meu sobrinho lindo, o devorador de cará-roxo, mas o João irmão da Maria, da fábula) diante de uma casa feita de salgadinhos (inclusive tremoço), construída à beira de um rio de cerveja. A bruxa não está, já foi internada nos Alcoólicos Anônimos e deixou tudo para mim.
Ô fome dos diabos. Esse rango não fica pronto nunca. O importante, porém, é um Natal de paz, de saúde, de felicidade, de prosperidade, de lealdade, de procedimento, tudo isso. E uma boa marmita.
Fiquem com Jesus que eu vou ali traçar um quibe frito e já volto.