Explorador do Centro
Nunca coma um pernil à brasileira no Bar do Estadão caso você tenha o segundo tempo pela frente. Fica impraticável, a ponto do resto do dia se arrastar quase como numa segunda-feira. Fazer o quê? Cometi um erro primário, mas todos sabem que eu não tenho muita experiência com esse negócio de trabalhar. Ainda por cima, estou com um resfriado que se agrava a cada dia, por causa do ar condicionado. Tem um cara que trabalha comigo que deve ser amigo dos pingüins macaroni.
Mas como é bom o tal pernil acebolado com arroz, farofa e fritas. Devo dizer, é bom trabalhar aqui no Centro, porque tem uma puta variedade de lugares pra comer e, tudo a um preço acessível. Também tem um monte de figuras interessantes a perambular por essas ruas. Tem desde o bêbado que arruma encrenca com os homens-placa e diz: "eu vou votar no álco-em-mim!", até os vendedores de tudo que é bugiganga que a gente possa imaginar. Sem falar no impressionante táimin pro negócio que eles têm. É só aparecer uma nuvem no céu que até o engraxate arruma uns guarda-chuvas pra vender. E o cara que fica em frente ao prédio da OAB vendendo um novíssimo Código de Processo Penal? Hoje eu quase comprei um livro do Stanislaw Pontepreta numa banquinha de livros usados, mas meu dinheiro não dava. Também estou pensando em decorar minha sala com um abajur de fibra ótica e de comprar uma antena interna de televisão, só pra ganhar um brinde, que eu não sei qual é. Todo dia eu também fico tentado a comprar sete paçocas por 1 real na Praça da Sé.
Sempre sustentei uma vergonha inconfessável de não conhecer nada do Centrão. Não conheço nada mesmo. Uma vez eu tive que vir de carro pra pagar um condomínio atrasado no prédio da imobiliária, que ficava na rua Cásper Líbero, ao lado do Viaduto Santa Efigênia e, simplesmente, não consegui chegar. Eu desisti e voltei pra casa (depois de um tempão rodando até encontrar o caminho de volta). Ao ver no guia que a porra do prédio ficava do lado da estação São Bento, voltei no dia seguinte de metrô. Até pra chegar no prédio da Câmara Municipal, que é a coisa mais fácil do mundo, eu tive que consultar o Lino sobre qual estação de metrô ficaria mais perto.
O pior era ouvir todas as pessoas que conhecem bem o Centro dizerem: é muito fácil ó - e mandam ver uma descrição detalhada de todas as ruas, avenidas, praças, prédios, largos e viadutos. A verdade é que eu conheço todos esses lugares, mas, simplesmente, não sei chegar até eles. O mapa do Centro que eu tenho na cabeça é uma completa colcha de retalhos. Não consigo estabelecer conexões entre dois pontos. Mas isso vai mudar. Estou tirando meus horários de almoço pra bater perna por aí e estabelecer as sinapses perdidas, que tanto me confundem.
Porra, que paulistano é esse que não conhece o berçário da própira cidade onde nasceu? Eu sei, sou um paulistano fajuto e muito do preguiçoso. E esse maldito pernil me deu uma moleza...
Mas como é bom o tal pernil acebolado com arroz, farofa e fritas. Devo dizer, é bom trabalhar aqui no Centro, porque tem uma puta variedade de lugares pra comer e, tudo a um preço acessível. Também tem um monte de figuras interessantes a perambular por essas ruas. Tem desde o bêbado que arruma encrenca com os homens-placa e diz: "eu vou votar no álco-em-mim!", até os vendedores de tudo que é bugiganga que a gente possa imaginar. Sem falar no impressionante táimin pro negócio que eles têm. É só aparecer uma nuvem no céu que até o engraxate arruma uns guarda-chuvas pra vender. E o cara que fica em frente ao prédio da OAB vendendo um novíssimo Código de Processo Penal? Hoje eu quase comprei um livro do Stanislaw Pontepreta numa banquinha de livros usados, mas meu dinheiro não dava. Também estou pensando em decorar minha sala com um abajur de fibra ótica e de comprar uma antena interna de televisão, só pra ganhar um brinde, que eu não sei qual é. Todo dia eu também fico tentado a comprar sete paçocas por 1 real na Praça da Sé.
Sempre sustentei uma vergonha inconfessável de não conhecer nada do Centrão. Não conheço nada mesmo. Uma vez eu tive que vir de carro pra pagar um condomínio atrasado no prédio da imobiliária, que ficava na rua Cásper Líbero, ao lado do Viaduto Santa Efigênia e, simplesmente, não consegui chegar. Eu desisti e voltei pra casa (depois de um tempão rodando até encontrar o caminho de volta). Ao ver no guia que a porra do prédio ficava do lado da estação São Bento, voltei no dia seguinte de metrô. Até pra chegar no prédio da Câmara Municipal, que é a coisa mais fácil do mundo, eu tive que consultar o Lino sobre qual estação de metrô ficaria mais perto.
O pior era ouvir todas as pessoas que conhecem bem o Centro dizerem: é muito fácil ó - e mandam ver uma descrição detalhada de todas as ruas, avenidas, praças, prédios, largos e viadutos. A verdade é que eu conheço todos esses lugares, mas, simplesmente, não sei chegar até eles. O mapa do Centro que eu tenho na cabeça é uma completa colcha de retalhos. Não consigo estabelecer conexões entre dois pontos. Mas isso vai mudar. Estou tirando meus horários de almoço pra bater perna por aí e estabelecer as sinapses perdidas, que tanto me confundem.
Porra, que paulistano é esse que não conhece o berçário da própira cidade onde nasceu? Eu sei, sou um paulistano fajuto e muito do preguiçoso. E esse maldito pernil me deu uma moleza...