quinta-feira, julho 03, 2008

Triste sina

Tenho a mais absoluta certeza de que, ontem, no meio das 90 mil pessoas que compareceram ao Maracanã, estavam duas figuras ilustres: Nelson Rodrigues e Sobrenatural de Almeida. O Profeta Tricolor ali chegou quarenta minutos antes do nada e, com ar severo, tentava convencer o personagem criado por ele mesmo a não aprontar uma das suas. Ou, se aprontasse, que fosse em favor do clube das Laranjeiras.
Nelson Rodrigues também devia estar preocupado por não conseguir visualizar Gravatinha nas tribunas do Maracanã. Gravatinha, figura aristocrática, é um fantasma impecável que sempre comparece a fim de anunciar as grandes vitórias do Fluminense.
Logo aos cinco minutos de jogo, a LDU marcou um gol, o que fez Nelson Rodrigues direcionar um olhar cheio de ódio a Sobrenatural de Almeida, que deve ter pensado: a defesa do Fluminense dá esse mole e a culpa é minha?
Mas Thiago Neves estava em noite inspirada e, com três gols, conseguiu levar a decisão do título mais importante das Américas para a prorrogação. Infelizmente, meu caro Nelson Rodrigues e companheiros tricolores, já estava escrito há seis mil anos que o Fluminense não seria campeão da Libertadores naquela noite.
E, justiça seja feita, apesar de sabermos todos que o futebol nada tem a ver com justiça: os equatorianos mereceram. Podem os ilustres tricolores colocar a culpa em Sobrenatural de Almeida ou em outras obras do acaso, mas o fato é que a LDU superou todas as limitações técnicas (das quais o time do Fluminense também está repleto) com uma correria impressionante.
O que era aquele tal de Guerrón correndo pela lateral-direita, meu Deus? Um ser incansável que, no último minuto da prorrogação, deu um pique de mais de quarenta metros com a bola e, se não fosse uma providencial falta cometida por Luiz Alberto, teria entrado no gol com bola e tudo.
Também na prorrogação, a LDU marcou um gol legítimo que teria sido fatal para as pretensões tricolores. Mas, equivocadamente, o bandeirinha deu impedimento. Ou seja, foi feita justiça. O time do Fluminense ficou tão esgotado que não teve nem força para cobrar os pênaltis, facilmente defendidos pelo veterano Cevallos.
Agora, que é uma lástima perder a final da Libertadores depois de ter eliminado o São Paulo com um gol nos finalmentes e o aniquilador de brasileiros e campeoníssimo Boca Juniors, disso eu não tenho a menor dúvida.
Bom, eu não quero chutar cachorro morto, e Nelson Rodrigues que me perdoe, mas eu acredito que alguns torcedores nasceram mesmo para sofrer. Sou corintiano, portanto, tenho toda a legitimidade do mundo para dizer isso, e acho, sinceramente, que os tricolores cariocas, juntamente com botafoguenses e atleticanos (os de Minas, evidentemente), são nossos irmãos de sofrimento.
Aceitem, torcedores do Fluminense, com toda a sinceridade, os meus mais sinceros sentimentos de pesar. E não desanimem, porque se Nelson Rodrigues estava certo ao dizer que o Fluminense nasceu com a vocação para a eternidade, isso significa, acima de tudo, que esse sofrimento durará para sempre.
PS: Flamenguistas de Brasília: precisava o businaço até as duas da manhã?