Esclarecimento Definitivo
Ficção e realidade se confundem completamente. Sempre foi assim. Os sofistas, há cerca de três mil anos, enxergavam isso e achavam que fantasiar e alterar os fatos através da emoção e de elementos subjetivos eram caracterísitica intrínseca da natureza humana. Mais que isso, essa própria "confusão", para eles, eram a REALIDADE.
No mundo ocidental, racional, formal, objetivo de hoje, segue a luta para se separar razão e emoção, ficção e realidade, mas não tem jeito. As coisas andam juntas. Simplesmente, porque não há UMA realidade absoluta, uma vez que, sempre, alguém a enxergará, e dará a ela uma interpretação. É claro que isso não dá o direito ao ser humano de mentir descaradamente a fim de se safar de suas responsabilidades.
É, de fato, uma complicação esse tal negócio de viver em sociedade. Duas cabeças, duas sentenças. Sete bilhões de cabeças, sete bilhões de sentenças. Por isso, tivemos que criar e aprimorar regras de convivência coletiva. O ser humano, por si, é incapaz de ser imparcial em questões que envolvem interesses próprios, ou de chegados. O ser humano é incapaz de viver coletivamente sem que haja algum sistema hierárquico, alguma autoridade superior, alguma coisa que diga, acima dos interesses pessoais, que o certo é isso e não aquilo, que você terá que fazer o que nós mandamos e não o que você quer (os anarquistas que me desculpem).
Inventaram, então, o Estado, que evoluiu, até se chegar na forma clássica dos três poderes, elaborada por Montesquieu, e aceita pela mesma sociedade ocidental, tradicional, formal, objetiva, legal, como a melhor fórmula para a convivência de seres humanos em grupo.
Estou com Nietzsche, que dizia: nós não nascemos para viver em sociedade. Por outro lado, se a lei número um da natureza é a perpetuação da espécie, parece-me claro que nós, humanos, estaríamos fodidos se não tivéssemos nos unido. Não teríamos como sobreviver nessa selva sem o trabalho coletivo. E o trabalho coletivo foi tão bem feito que acabou destruindo a selva, mas esse é outro assunto.
Ou seja, não nascemos para viver em sociedade, do ponto de vista subjetivo, porque é fato que cada um de nós se acha a pessoa mais importante do mundo e cada um de nós acha que os nossos próprios problemas são mais importantes, mais urgentes e mais complicados que os problemas dos outros. Mas foi questão de sobrevivência, foi para o bem da espécie humana (e para a desgraça de todas as outras espécies do planeta) que nós nos unimos. E hoje, mesmo do ponto de vista subjetivo, que sujeito, além dos eremitas, de um punhado de desiludidos radicais e dos torcedores do Botafogo, gostaria de ficar de fora do convívio social?
Então, estou e não estou com Nietzsche. E não sei se estou, porque sou um ignorante. Tudo ao mesmo tempo, na maior confusão. Esta é a minha justificativa, a minha clara explicação, o porquê deste escrevinhadeiro que vos fala gostar tanto de misturar ficção com realidade, crônicas do cotidiano com delírios, poesia com frase de banheiro. Afinal, não me pretendo a nada. Já diz o humilde cabeçalho da minha humilde página.
Não entenderam? Apedeutas!
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