Guerra do Lixo
A vida não está fácil nem para os suicidas. Veja você que, em Nova Iorque, um sujeito, cansado de viver, resolveu se atirar do oitavo andar do prédio onde mora. Caiu, para seu infortúnio, sobre um monte de lixo acumulado, e sobreviveu. Culpa da nevasca, que obrigou a Prefeitura a suspender o serviço de recolhimento de lixo? Culpa do ser humano, que acumula lixo a doidado?
Pobre suicida, incapaz até de se matar. Depois de perder o emprego, de descobrir que tem problema crônico de unhas encravadas, de perceber que sua filha não é mais aquela garotinha, de reconhecer que o atual marido da ex-mulher é um cara muito mais bonito, inteligente, interessante e bem sucedido, ainda vem essa maldita nevasca e estraga seu Ford Taurus 2002!
Foi a gota d'água. Justo seu carro de estimação. Era um sinal de que a vida não tinha mais conserto. "A vida é um lixo", ele gritou, antes de se jogar da janela. E é mesmo. Está provado. O mundo foi consumido pelo lixo.
Pois é, no ano passado teve aquela história dos contêineres carregados de lixo que foram enviados da Inglaterra para o Brasil. Mas isso não é novo. A França já gostava de utlizar sua ex-colônia, a Argélia, como lixão. Tudo que é cidade praiana se utliza daqueles emissários que mandam o lixo para bem longe, como se o problema, dessa forma, estivesse resolvido. Mandemos a merda para bem longe. Para bem longe mesmo. Tanto que ainda tem gente que defende a ideia de mandar o lixo literalmente para o espaço, através de foguetes-caçamba.
É, meu amigo suicida. O jeito é esperar a primavera.
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