sexta-feira, dezembro 15, 2006

Grande Sivuca

Pois é, infelizmente, não são só os filhos da puta que morrem. O maestro Sivuca faleceu hoje em João Pessoa e eu não posso, aqui, deixar de fazer uma singela homenagem a esse grande músico, grande compositor e multi-instrumentista, não só porque ele era grande (é grande, porque a obra dele permanece), mas porque eu tenho uma razão pessoal para admirá-lo. Se eu nomeasse as cinco músicas que eu mais gosto, "João e Maria", certamente, estaria entre elas. Essa música é filha da parceria maravilhosa entre Sivuca e Chico Buarque, que entrou com a genial letra, à altura da música.

Hoje, chegando em casa, serei obrigado a pôr "João e Maria" pra ouvir umas cinco ou seis vezes.
Bom fim de semana.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Pausa Para Reflexões

Hoje, na publicação do 83º texto deste meu espaço, por não ter porra nenhuma melhor pra dizer, decidi fazer um balanço - sei lá, algo no estilo "sem vocês eu não teria chegado até aqui". Só falta descobrir onde eu estou.

Tirando um texto curto do Thiago Iacocca, agradecendo às minhas colocações sobre seu livro Furta-cor (você prometeu mandar mais uma contribuição pra mim, Thi, não pensa que eu esqueci); e um texto da minha querida Vivi sobre o livro Cidades Invisíveis, do Italo Calvino, o resto foi tudo composição pópria de minha artoria, fora uns plágios, compilações indevidas e outras falcatruas, mas isso não vem ao caso nesse momento de euforia.

Eu dividiria essa batelada toda que eu tenho escrevinhado desde o final de agosto do presente ano de 2006 depois de Cristo, em três tipos de textos: fictícios, crônicas (por falar nisso, hoje tinha um casal trepando na cobertura de um prédio perto da Câmara Municipal) e análises de eventos por mim considerados relevantes.

Acho que a crônica que mais deu o que falar foi a do sapato assassino. As pessoas ficaram comovidas com o acidente ocorrido com a Vivi, o que eu compreendo perfeitamente e faço até uma espécie de mea culpa, já que o meu desleixo pode ter contribuído de maneira decisiva para que o fato tenha ocorrido. O dedinho da Vivi dói até hoje. "Será que eu vou ficar com esse dedinho assim pra sempre?", ela às vezes me pergunta. Algum médico na platéia? Vou ligar pro meu amigo Ernesto que, apesar de ser radiologista, deve ter algo a dizer sobre o tema.

Quanto a ficções, eu estou nos primeiros e tortos passos. Portanto, tenham paciência, ou vão ler a coluna do Bonassi. Meu lado analítico também resolve meter o bedelho em assuntos dos quais eu não sou especialista, mas aí que está a graça. Afinal, sou jornalista. E como já me disse o Lino, jornalista é aquele cara que fala de tudo e não sabe de nada. É isso mesmo. Tenho diploma (que eu ainda não fui buscar na PUC devido a uma preguiça violenta e às chuvas que não param nunca mais) e a liberdade de imprensa que me protege nas horas difíceis.

Nesse momento íntimo entre amigos, eu também queria aproveitar para agradecer a todas as incansáveis figuras que arranjam um tempo pra dar uma olhada nas merdas que eu escrevinho. O volume de textos está reduzido, diga-se de passagem, porque, conforme a merda vai saindo, a criatividade vai rareando.

A forte emoção impede as minhas mãos trêmulas de prosseguir, então, quero dizer que fica aqui instituído que, de 83 em 83 textos eu paro as máquinas, olho pra trás e penso: e agora? Prosseguirei com essa masturbação mental até quando? Até quando der na minha pouca telha.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Carta a um Jovem Presidiário

Fala mano véio. Como tão as coisas aí? Aqui tá mais ou menos como sempre. Tenho uma notícia boa. Sua irmã parou de sair com aquele pleiba de merda. Nem precisou apavorar o cara. Seguinte. tô estudando naquela faculdade de Direito fundo de quintal que eu te falei. Um dia eu vou ser doutor e vou ajudar os mano ponta firme como você. Tô tendo uma aula sobre a Constituição com um mala almofadinha. O mané começou a falar e eu percebi que tá tudo errado nessa porra de país mano. As coisa tão escritas mas ninguém quer saber.

Se liga. a Constituição começa falando dos princípios fundamentais. Que porra é essa? Pelo que eu entendi é como os governantes dessa merda deviam fazer o trabalho deles. O primeiro artigo fala que o Brasil deve seguir os fundamentos da soberania, da cidadania, da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais e da livre iniciativa e do pluralismo político. Mano. não se assusta que o negócio é simples. Acho que eles querem falar difícil pra ninguém entender mesmo. Mas eles usam essas palavras bonitas pra dizer o seguinte.

Soberania quer dizer que o Brasil não devia baixar a cabeça pra nenhum outro país. Só que os nossos governantes abaixam a cabeça e as calças e o que for pros países ricos. Faz tempo que nós somos putinhas de Estados Unidos e da Europa e essa gente. Então soberania é o caralho.

Cidadania significa que tudo que os políticos decidem tem que ser aprovado pelos cidadãos que somos nós. Você não porque você tá preso e como falou uma advogada gostosa que eu conheci você teve os direitos de cidadão suspensos. Mas não fica triste porque a gente aqui nessa merda também não é cidadão porra nenhuma. Ninguém dá a mínima pro que a gente pensa ou faz desde que a gente não incomode a vida dos ricos.

Dignidade da pessoa humana é bonito né? Mas não quer dizer nada. Porque a gente é um povo sem dignidade que se humilha pra conseguir esmola e tá todo mundo pouco se fodendo.

Tem essa aqui que é foda. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Significa que o governo quer dizer pros merdas que sou eu e você e os nossos camaradas que se a gente quer ser alguém tem que trabalhar e parar de encher o saco.

Depois fala de pluralismo político. Isso é que o governo devia respeitar as diferentes opiniões políticas. Mas a gente sabe que não é assim porque o governante que tá lá vai adiantar a galera do partido dele e vai mandar o resto pro caralho. Depois vem uma parte bonita do artigo que diz que tudo que os filhos da puta que decidem lá em cima é decidido pela gente aqui debaixo na verdade. Pode rir véio. Pode rir que é engraçado mesmo.

É os caras tão dizendo na verdade que você votou em mim e então a culpa é sua. Hahahahaha

Depois eu continuo te falando se você quiser. Acho que isso serve pra você se distrair e estudar uma coisa que pode servir pra alguma coisa. Segura o rojão aí que a gente ainda vai tomar aquela cerva gelada de novo.

Abraço irmão. E salve o Timão que tá saindo da lama. Parece que um russo viado chamado Belezóvski vai por grana e o cara é da máfia pesada. É agora que o Timão vai acabar com os porco e os bambi de uma vez.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Um Filho da Puta a Menos no Mundo

Ontem à tarde eu escutei uns rojões. Como já não havia mais futebol, pensei: será que é o Marco e seus amigos chilenos comemorando a morte do Pinochet? O Marco é um chileno que trabalhou como vendedor na Livraria da Vila e que, nos tempos de estudante, andou atirando pedras na polícia do Pinochet. Ele me contou que, na escola dele, o diretor era anti-Pinochet e, meio na miúda, ajudava a molecada a conseguir umas pedras. Cara legal, pensei.

Parênteses: isso me lembrou um outro diretor, de um colégio interno onde estudava um irmão da minha avó. Ela adorava me contar essa história do irmão que fugia do colégio pra jogar pela Ponte Preta. Como o diretor era pontepretano, o cara fazia vistas grossas e meu tio-avô jogava à vontade. Devia ser bom de bola. Se fosse um grossão, não sairia do castigo.

Pois é. Morreu o Pinochet, o que serve, pelo menos, pra dar uma ponta de satisfação, já que as milhares de pessoas por ele assassinadas não retornarão, os dezessete anos de ditadura no Chile não serão anulados, a dinheirama que ele roubou não será recuperada e o pinochismo permanecerá, ainda, por muito tempo. Mas, foda-se. É hora de comemorar por um filho da puta de peso a menos no mundo. Alguns podem até dizer que ele já estava morto politicamente, mas foda-se. Morreu um grandessíssimo filho da puta. Perto dele, Ubiratan era batedor de carteira.

É isso aí, Bachelet: honras de Estado só se for no cu daquele desgraçado.

Eu não podia deixar de render aqui as minhas homenagens. Boa semana a todos e a todas.