segunda-feira, dezembro 11, 2006

Um Filho da Puta a Menos no Mundo

Ontem à tarde eu escutei uns rojões. Como já não havia mais futebol, pensei: será que é o Marco e seus amigos chilenos comemorando a morte do Pinochet? O Marco é um chileno que trabalhou como vendedor na Livraria da Vila e que, nos tempos de estudante, andou atirando pedras na polícia do Pinochet. Ele me contou que, na escola dele, o diretor era anti-Pinochet e, meio na miúda, ajudava a molecada a conseguir umas pedras. Cara legal, pensei.

Parênteses: isso me lembrou um outro diretor, de um colégio interno onde estudava um irmão da minha avó. Ela adorava me contar essa história do irmão que fugia do colégio pra jogar pela Ponte Preta. Como o diretor era pontepretano, o cara fazia vistas grossas e meu tio-avô jogava à vontade. Devia ser bom de bola. Se fosse um grossão, não sairia do castigo.

Pois é. Morreu o Pinochet, o que serve, pelo menos, pra dar uma ponta de satisfação, já que as milhares de pessoas por ele assassinadas não retornarão, os dezessete anos de ditadura no Chile não serão anulados, a dinheirama que ele roubou não será recuperada e o pinochismo permanecerá, ainda, por muito tempo. Mas, foda-se. É hora de comemorar por um filho da puta de peso a menos no mundo. Alguns podem até dizer que ele já estava morto politicamente, mas foda-se. Morreu um grandessíssimo filho da puta. Perto dele, Ubiratan era batedor de carteira.

É isso aí, Bachelet: honras de Estado só se for no cu daquele desgraçado.

Eu não podia deixar de render aqui as minhas homenagens. Boa semana a todos e a todas.

3 Comments:

Blogger Ygor Valerio said...

Meu caro amigo escrevinhadeiro,

Já se vão duas semanas desde que meu projeto foi devidamente protocolado lá naquela secretaria. Já é tempo suficiente pra eu voltar a pensar em outras coisas :), de maneira que o meu blog voltará a toda fumaça. Mas vamos ao que interessa.

Vale a pena mencionar o único benefício que a existência desse filho da puta trouxe para a humanidade - e, sim, apesar de parecer impossível, houve um: esse demônio nos proporcionou um importantíssimo precedente de decisão pela sua extradição para a Espanha, emitido pela Câmara dos Lordes, em 1998.

Veja que, antes disso - desde o Tratado de Versalhes, que queria punir o ex-imperador Guilherme II, os países tinham o enfadonho costume de negar a extradição com a justificatva de que "crimes políticos" não poderiam ser utilizados como fundamento para elidir o direito de asilo. No caso do Pinochet, a velha Albion decidiu que sair por aí genocidando não é papel político ou de estadista porcaria nenhuma, e disse: pro diabo com esse velho maldito, e pro diabo com essas desculpinhas jurídicas. Manda o safado pra tourada!

Três anos depois, o precedente mostrou sua força: Slobodan Milosevich foi entregue ao Tribunal ad hoc da antiga Iugoslávia, para ser escarafunchado como merece. Coisas da vida!!

Um abraço,

1:55 PM  
Anonymous Anônimo said...

Isso me faz lembrar como esses crápulas demoraram a morrer. Me lembrei de alguns velhinhos da nossa política brasileira, como eles demoram para "descansar em paz".

5:25 PM  
Blogger Tomaz Gouvea said...

Caro rapsodo Ygor: concordo com você quanto ao precedente que a história do Pinochet abriu.Infelizmente, ele acabou não sendo extraditado pra Espanha por causa de uma dívida de gratidão que a Inglaterra tinha com o próprio Pinochet, já que ele deu um apoio importante aos britânicos durante a Guerra das Malvinas. E, Fábio, você tem razão: alguns crápulas demoram mesmo para nos deixar em paz. Vale lembrar o Stroessner, ex-ditador paraguaio, que morreu este ano aqui no Brasil aos 93 anos - e também não pagou pelos crimes que cometeu.

Abraços

6:07 PM  

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