sexta-feira, outubro 05, 2007

Fidelidade Partidária

Tá todo mundo dando pitaco nessa história, então também vou me meter. Afinal, a decisão foi tomada a poucos passos do meu local de trabalho e isso me faz sentir bastante importante. Quase gritei à Ellen Gracie: "Falta o meu voto, presidenta!" Na minha humilde opinião, o STF acabou de legislar positivamente. Afinal, não existia nenhuma previsão de perda de mandato a parlamentares trânsfugas. Isso não está escrito em lugar nenhum, a não sert na cabeça daquele soltador de bandidos importantes, o tal Marco Aurélio Mello que, faz favor, o que um cara desses está fazendo na nossa Corte Máxima, ganhando 25 mil e uns quebrados? Eu sei, ninguém precisa me responder. Foi apenas uma pergunta retórica e provocativa.
O STF legislou positivamente. Legitimou uma invenção do TSE, feita pelo Marquinho Solta Presos. Mas, não posso deixar de concordar com os caríssimos e meritíssimos ministros. Já que os parlamentares não se mexem para realizar a maldita reforma política; já que eles não legislam sobre questões fundamentais que possam prejudicá-los de alguma forma, que possa limitar suas pataquadas, que o STF tome as rédeas da situação. Tem competência para isso? No señor. Na minha humilde opinião de jornalista intrometido, não.
Estão certos os ministros Eros Grau, Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa. Uai, mas eu fico feliz que alguém esteja tentando impedir que o Congresso Nacional se assemelhe aos campeonatos europeus de futebol, que liberam períodos para que os clubes possam contratar jogadores durante a competição. E mesmo no caso do campeonato europeu, existem regras rígidas. Por exemplo, se um jogador já participou de alguma partida pelo time X, não pode mais jogar por qualquer outro time que pertença ao mesmo torneio do time X. Isso também vale aqui para o Brasil, pra ninguém dizer que isso é coisa de europeu. Ou seja, até o mundo do futebol se preocupa mais com essa história de troca-troca de agremiações do que os nossos queridos políticos.
É só iniciar um novo governo que os oposicionistas pero no mucho se assanham, e praticam o fisiologismo na maior caruda, em busca de cargos no executivo. Então, o trouxa do eleitor que votou em Fulano porque odeia Cicrano, logo vê os dois, na maior alegria, trocando afagos. Não quero saber se o eleitor, geralmente, vota na pessoa e não no partido. Oras, no Brasil não existe a possibilidade de se candidatar sem estar filiado a um partido. Não existe essa de mandato personalista. Eu, por exemplo, fiz a cagada absurda de votar na Soninha para vereadora. Bem feito pra mim. Agora vejo essa trânsfuga pegar o bonezinho e ir para o PPS, o partido de aluguel dos tucanos, pra compor uma linda bancada na Câmara dos Vereadores de São Paulo ao lado de Edivaldo Estima e Myryam Athiê (é com dois y mesmo, eu vi no Google)! E pra onde vai aquele discurso suprapartidário da Soninha? Pras cucuias! E eu, veja você, acabei votando no PPS!
Não, essa porra tem que acabar. Que todos me desculpem, mas eu estou com o STF.

terça-feira, outubro 02, 2007

Outubrite

Bem lembrou minha companheira Vivi sobre os perigos da outubrite, essa doença esquisita, capaz de alterar o clima do planeta, que acomete os vestibulandos de todo o Brasil. Logo que iniciávamos a nossa jornada pelos cursinhos afora, já que nada fizemos e nada estudamos durante o colegial e a maioria dos colégios é adepta da "progressão continuada" que os tucanos aplicaram no Estado de São Paulo (por motivos diferentes, é claro), os professores já avisavam: cuidado com a outubrite.
A outubrite consiste, basicamente, num ataque de pânico que derruba muitos vestibulandos. A outubrite ataca porque o estudante percebe que faltam menos de dois meses para as provas de fim de ano que decidirão seu futuro e ele começa a ficar desesperado, começa a suar frio, começa a pensar que o pai não vai querer pagar mais um ano de cursinho - oh, não! quem agüenta aquelas mesmas piadas dos professores por dois anos seguidos.
Sim, o estudante entra em depressão, acha que jamais entrará na USP, ou na Unicamp, ou na Unesp, Unifesp, ou qualquer universidade pública; o aluno que quer Medicina começa a pensar: meu deus, eu vou acabar numa dessas faculdades que ensinam a operar uma pessoa através de um slide e, ai, talvez seja o caso de tentar Fisioterapia ou Farmácia, que não deixam de ter relação com a Medicina. O aluno que quer Direito começa a achar que será impossível entrar na USP e sua família de juristas, desembargadores, doutrinadores e advogados donos de grandiosos escritórios, que tem uma história de trocentas gerações de São Francisco, esta jamais aceitará que ele acabe na PUC ou no (argh!) Mackenzie. Socorro! E o aluno que quer ser engenheiro? Poli ou ITA: o resto é merda. Merda, merda, vou acabar na merda.
Aí está a outubrite. Depois passa, mesmo que o aluno não passar. Afinal, a UniverCidade é ótima, a Uninove é dez, a Uniban é o que há e, ora, além do mais, quem faz o curso é o aluno. É isso aí: eu suprirei a falta de estrutura, a falta de bons professores, a falta de vergonha dessas instituições caça-níqueis, com muita garra e força de vontade. Eu ,ergulharei dentro de livros e... é claro, a maioria mergulha dentro de garrafas e mais garrafas de cerveja. No segundo ano, o sujeito já está dizendo por aí que a São Judas é muito melhor que a USP, porque ela é mais voltada para o mercado, enquanto a USP é muito "teórica", se é que você me entende. Outros dizem que está tudo uma merda: eu conheço um sujeito que está no terceiro ano de Ciências Sociais na USP e ele me conta que aquilo lá está em petição de miséria; chega ao cúmulo dos caras não terem nem cadeira para sentar, acredita? E aqueles dinossauros ban-ban-bans, pós-doutores, autores de grandes obras, que dão aula na USP? Ou estão caducos ou não aparecem para dar aula. É, pode crer, quem dá o curso é um professor-substituto que, inclusive, dá aula aqui mesmo, na Unicid. Isso aí. E tem mais: qualquer profissão você vai aprender mesmo na prática. O negócio é conseguir um bom estágio e foda-se o resto.
Lá se foi a outubrite, meu povo. Era bobagem. E o que fez a Vivi lembrar da outubrite? Bom, o fato de que Brasília está sofrendo de Outubrite. Ontem, primeiro de outubro, começou a chover forte por aqui, depois de 122 de seca total e de céu azul. Isto é outubrite. No dia primeiro, tudo muda. É foda, essa chuva não vai parar nunca mais, vai virar uma lama só e eu quero ver como vai ser, meu deus! Que bobagem, não? Vocês vão me desculpar.