terça-feira, outubro 02, 2007

Outubrite

Bem lembrou minha companheira Vivi sobre os perigos da outubrite, essa doença esquisita, capaz de alterar o clima do planeta, que acomete os vestibulandos de todo o Brasil. Logo que iniciávamos a nossa jornada pelos cursinhos afora, já que nada fizemos e nada estudamos durante o colegial e a maioria dos colégios é adepta da "progressão continuada" que os tucanos aplicaram no Estado de São Paulo (por motivos diferentes, é claro), os professores já avisavam: cuidado com a outubrite.
A outubrite consiste, basicamente, num ataque de pânico que derruba muitos vestibulandos. A outubrite ataca porque o estudante percebe que faltam menos de dois meses para as provas de fim de ano que decidirão seu futuro e ele começa a ficar desesperado, começa a suar frio, começa a pensar que o pai não vai querer pagar mais um ano de cursinho - oh, não! quem agüenta aquelas mesmas piadas dos professores por dois anos seguidos.
Sim, o estudante entra em depressão, acha que jamais entrará na USP, ou na Unicamp, ou na Unesp, Unifesp, ou qualquer universidade pública; o aluno que quer Medicina começa a pensar: meu deus, eu vou acabar numa dessas faculdades que ensinam a operar uma pessoa através de um slide e, ai, talvez seja o caso de tentar Fisioterapia ou Farmácia, que não deixam de ter relação com a Medicina. O aluno que quer Direito começa a achar que será impossível entrar na USP e sua família de juristas, desembargadores, doutrinadores e advogados donos de grandiosos escritórios, que tem uma história de trocentas gerações de São Francisco, esta jamais aceitará que ele acabe na PUC ou no (argh!) Mackenzie. Socorro! E o aluno que quer ser engenheiro? Poli ou ITA: o resto é merda. Merda, merda, vou acabar na merda.
Aí está a outubrite. Depois passa, mesmo que o aluno não passar. Afinal, a UniverCidade é ótima, a Uninove é dez, a Uniban é o que há e, ora, além do mais, quem faz o curso é o aluno. É isso aí: eu suprirei a falta de estrutura, a falta de bons professores, a falta de vergonha dessas instituições caça-níqueis, com muita garra e força de vontade. Eu ,ergulharei dentro de livros e... é claro, a maioria mergulha dentro de garrafas e mais garrafas de cerveja. No segundo ano, o sujeito já está dizendo por aí que a São Judas é muito melhor que a USP, porque ela é mais voltada para o mercado, enquanto a USP é muito "teórica", se é que você me entende. Outros dizem que está tudo uma merda: eu conheço um sujeito que está no terceiro ano de Ciências Sociais na USP e ele me conta que aquilo lá está em petição de miséria; chega ao cúmulo dos caras não terem nem cadeira para sentar, acredita? E aqueles dinossauros ban-ban-bans, pós-doutores, autores de grandes obras, que dão aula na USP? Ou estão caducos ou não aparecem para dar aula. É, pode crer, quem dá o curso é um professor-substituto que, inclusive, dá aula aqui mesmo, na Unicid. Isso aí. E tem mais: qualquer profissão você vai aprender mesmo na prática. O negócio é conseguir um bom estágio e foda-se o resto.
Lá se foi a outubrite, meu povo. Era bobagem. E o que fez a Vivi lembrar da outubrite? Bom, o fato de que Brasília está sofrendo de Outubrite. Ontem, primeiro de outubro, começou a chover forte por aqui, depois de 122 de seca total e de céu azul. Isto é outubrite. No dia primeiro, tudo muda. É foda, essa chuva não vai parar nunca mais, vai virar uma lama só e eu quero ver como vai ser, meu deus! Que bobagem, não? Vocês vão me desculpar.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Muito boa a racionalização dos estudantes que não passaram onde queriam. Acho que é assim mesmo que acontece.
Agora, chuva bem no fim-de-semana familiar?! Não dava pra atrasar um pouquinho, não?
Beijos
Miriam

10:01 PM  

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