sábado, novembro 22, 2008

Dois em um

Aconteceu algo de inusitado comigo e com a Vivi na segunda-feira.
Lá fomos nós assistir ao filme do Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona". É esse aí que dizem que é plágio, com direito a Scarlett Johansson, Javier Bardem e Penélope Cruz.
Gostamos muito do filme. É bem diferente do estilo dos últimos que vimos, o "Match Point" e o "Sonho de Cassandra". Bem mais light, por assim dizer. Mas não tem nada a ver com os últimos pastelões que o Woody Allen andou fazendo. E dá uma vontade de dar um belo rolê pela España...
Enfim, ir a um filme do Woody Allen e gostar não é nada inusitado. Sou fã de carteirinha desse grande neurótico. Mesmo os pastelões valem a pena por algumas piadas que só ele sabe fazer.
Inusitado foi sair do filme e ser abordado por uma mulher que nos ofereceu dois ingressos para assistir ao filme nacional "Romance", esse com o Wagner Moura e a Letícia Sabatella. Primeiro veio a incredulidade de quem nunca vê alguém dando algo sem querer nada em troca, mesmo que sejam dois ingressos para essa tragédia anunciada. Tanto que a reação da Vivi foi perguntar, de maneira gentil, algo como: "O que precisamos fazer?" Seria mais um daqueles brindes em que você tem que dar o número do seu cartão e receber algo "totalmente" de graça?
A mulher logo explicou: tinha recebido quatro ingressos de cortesia do "Correio Braziliense" e, como tinha ido ao cinema apenas com o marido, ficou com dois ingressos extras, que ela resolveu dar (totalmente de graça) para duas pessoas quaisquer (que calharam de ser nosostros ).
Ainda surpresos, aceitamos. E a mulher falou: se desistíssimos, teríamos a missão de passar aqueles dois ingressos pra frente. Bom, não era necessário ser um gênio para saber que aquele filme seria mais um do estilo "não vi e não gostei". Mas, vamos lá, afinal, "de graça, até ônibus errado", como dizem por aí.
De fato, nossas expectativas se confirmaram. O filme é uma merda. Mas nós não poderíamos deixar de aproveitar a oportunidade de, nesse mundo dominado por golpistas e estelionatários, receber algo de algum estranho que não quer nada em troca. Devido a esse fato, nem reclamei muito da atuação do José Wilker (que mais uma vez faz o papel dele mesmo) e dos outros atores globais (como o tal de quem eu não sei o nome, mas que faz um taxista chamado Osvaldir depois do Fantástico, todos os domingos - haja paciência!).
Também não reclamei muito do roteiro, assinado por Guel Arraes e Jorge Furtado (a quem eu já respeitei mais). E só falei umas catorze vezes (coitada da Vivi) que o Wagner Moura, a quem eu considero um bom ator, deveria ter mais critério para selecionar os papéis que faz, senão, vai acabar chamuscado.
E não reclamei tanto do pastelzinho de palmito que comprei no barzinho do cinema - muita massa e pouco recheio.
Foi uma noite muito agradável.

segunda-feira, novembro 17, 2008

O relógio biológico de Macunaíma

Sr. Y e Cacau estão grávidos. Também está para nascer o primeiro herdeiro da promissora dinastia xiletônia. Nasceu a filhinha de J.P. e Deca - ela se chama Helena e é linda demais. Dani e Kim já estão com um casalzinho de filhos. A Cã e o Felipe geraram uma baianinha graciosa chamada Olga. O Pedrinho, filho da Bia e do Fernando, já está quase com barba na cara.

É, as perguntas se multiplicam: e vocês dois (escrevinhadeiro e Vivi), quando encomendarão o de vocês? A Vivi, cada vez que olha para um bebê na rua, diz: "Que lindo!" E, dirigindo-me um olhar cheio de doçura, diz, quase que num suspiro: "Também quero um..." Será esse o tal do relógio biológico a soar o alarme?

Se for, eu confesso que também tenho um desses, soando em algum lugar, escondido, no âmago do meu ser. Ontem eu fui conhecer a filha do João e da Deca. E o João disse uma frase emblemática. Ao contar como era gostoso e mágico ser pai, ele declarou mais ou menos essas palavras: "Fode a sua vida, mas é muito bom".

Pois é. Eu fico pensando: eu, pai? É uma idéia um tanto estranha, já que eu não me sinto capaz nem de cuidar de mim mesmo. Mas, dizem algumas lendas urbanas, existem ótimos pais por aí que também não sabem cuidar de si.

É engraçado, porque a maioria dos meus amigos, eu conheço desde os tempos de colégio, e, se não parece fazer muito tempo que estávamos correndo atrás da bola e tomando cerveja feito doidos (bom, a maioria ainda faz isso), agora estamos quase todos bem casados e pensando em proliferar nossos genes.

Chegou o momento de virar um rapaz sério e trabalhador, vagabundo? Isso, às vezes, eu me pergunto. E tendo a dizer: já passou da hora, seu relógio biológico deve estar com algum defeito. Sim, é verdade. Sim, eu sei. Devo me transformar em um sujeito sério e responsável. Mas me dá uma preguiça...