sábado, maio 26, 2007

Maldição ou Labirintite

Sexta-feira última (vulgo ontem), Vivi e eu fomos à Sala São Paulo, assistir a uma apresentação da Osesp (assim grafada por culpa do Manual da Redação da Folha), sob a regência de um japonês lépido, baixinho e cabeçudo, cujo nome eu não faço idéia, e com a participação de um pianista chinês, um tremendo virtuose que, se eu entendi bem, é fã de American Jazz. O nome dele? Sabe-se lá Deus. Aqui, vale a teoria do regente Júlio Brito, que diz que a música é boa se faz bem aos ouvidos. Eu, portanto, leigo absoluto, incapaz de diferenciar Mozart de Beethoven, música barroca de impressionista, ou um violino de segunda de uma viola ordinária, fico à vontade para dizer que não gostei muito do espetáculo.

A parte com o pianista chinês foi muito boa, mas a segunda parte, confesso que achei pouco agradável aos ouvidos. Não achei terrível, nem chatíssimo. Apenas, não gostei muito. Fiquei mais impressionado com a desenvoltura do regente japonês, que dava saltinhos, agachava e fazia tantas outras acrobacias corporais diante dos músicos. Eu diria que o japonesinho lépido parecia um pequeno gafanhoto.
Agora, eu quero saber se o Serra já apontou o fuzil em direção ao Neschling ou se anda mais preocupado em continuar metendo a colher na autonomia das universidades.
Para não sobrar confusões sobre a apresentação da Osesp na sexta, quero apenas salientar que fiquei meio confuso diante do concerto. Confuso, também, eu sempre fico quando vou à Sala São Paulo, devido à labirintite crônica que sempre me ataca quando estou ao volante. Sim, meus caros, a Vivi e eu já fomos várias vezes à Sala São Paulo e, devo dizer, cada vez nós chegamos por um caminho diferente (eu sei que é só ir até o fim da Duque de Caxias, mas alguma coisa acontece no meu coração e...); e, toda vez que nós vamos embora, eu acabo me perdendo pelo Bom Retiro - é inevitável. É mais forte do que eu. De repente, quando menos se espera, lá estou eu na José Paulino. Depois de rodar em falso por um tempo e quase trombar em uma parede, eu acabo, sem querer, caindo na Marginal e, finalmente, a Tiradentes (grande mártir).
OK, eu prometo que estudarei o guia de ruas e esse fenômeno não mais acontecerá. Eu acho, porque talvez eu esteja acometido pela maldição do Bom Retiro. Depois eu conto sobre essa maldição, que me foi passada em off por uma senhoura que conversou com uns fantasmas condenados a lá permanecerem para todo o sempre. Já pensou? Para sempre na José Paulino? É de assustar.

sexta-feira, maio 25, 2007

Bestas do apocalipse

Assim que abre o sinal e aquelas centenas de motos avançam em direção ao infinito, sempre me vem à cabeça a imagem daqueles filmes épicos que reproduzem grandes batalhas, do tempo em que os exércitos se locomoviam a pé ou a cavalo. Antes mesmo de ficar verde, os motoqueiros já estão acelerando, isso quando não queimam a largada e saem em disparada com o sinal vermelho. É o que eu vejo naquelas motos: guerreiros avançando sobre o inimigo. Bons tempos aqueles em que o pedestre podia atravessar a rua correndo durante aqueles segundinhos em que o motorista ainda não havia percebido que estava verde. Agora, esse lapso não existe mais. Se a vida dos pedestres paulistanos nunca foi fácil, depois da invasão das motocicletas a situação ficou ainda mais delicada.

Agora o sindicato dos motociclistas quer que a Prefeitura libere a circulação das motos nos corredores de ônibus. Agora não, porque a reivindicação é antiga, mas eles voltaram a reforçar essa história absurda. Absurda porque é óbvio que vai dar merda. É óbvio que vai ter passageiro de ônibus sendo atropelado às pencas por motoqueiros alucinados.

O que o sindicato não quer é que seja feita uma rigorosa inspeção veicular (muitas motos desreguladas poluem mais que um ônibus, além de não oferecerem segurança nem para o motoqueiro e nem para terceiros); o que o sindicato não quer é que seja feita uma regulamentação de trânsito para as motos. Aqui em São Paulo, os motoqueiros infringem impunemente todas as leis de trânsito e ninguém sabe o que fazer com eles.

Não adiantou morrer alguém famoso, quando, há alguns anos, o músico do Titãs Marcelo Fromer foi atropelado por um motoqueiro enquanto fazia cooper. Continuou tudo na mesma. O problema é que os motoqueiros são, eles próprios, grandes vítimas deles mesmos. Todos os anos, morrem milhares deles nas ruas de São Paulo. Eu mesmo já vi motoqueiro estirado no chão mais de uma vez (que paulistano que não viu?) e, outro dia, em frente à Praça João Mendes, presenciei um deles se chocando com um táxi. O acidente aconteceu porque o motoqueiro pensou que o táxi, que estava na pista da esquerda, fosse virar, e se pôs bruscamente à frente do táxi, que não virou e acabou pegando o motoqueiro. Eu sei, ficou muito confuso (eu sou péssimo em descrever caixas de fósforo e em vender tijolos), mas, na prática, o motoqueiro fechou o táxi, que não conseguiu frear.

Na segunda-feira passada, um cara que trabalha aqui comigo foi atropelado por uma moto. O motoqueiro se mandou e ele foi levado para a Santa Casa por uns PMs. Como no caso do Marcelo Fromer e no desse cara que trabalha comigo (fiquem tranqüilos, ele está bem), o motoqueiro fugiu. Aliás, como na maioria dos casos. Mas isso não é "privilégio" dos motoqueiros. A maioria dos motoristas, com medo da responsabilidade, costuma picar a mula, como aquele imbecil, esta semana, que atropelou uma família de evangélicos, matando, se não me engano, cinco pessoas. Vamos mais longe, cert0? A maioria das pessoas, sejam motoristas ou não, diante de uma situação em que tem que arcar com uma responsabilidade enorme dessas, pica a mula.

Que nenhum sindicalista fique bravo comigo e queira me atropelar, ou quebrar o espelhinho do meu carro (mesmo porque eu não tenho carro, então o cara vai querer quebrar o espelhinho do carro da Vivi, que não tem nada a ver com o pato). Eu entendo a situação. Os motoqueiros, em geral, são pessoas duras de grana, trabalhando por uma ninharia e precisando fazer o máximo de entregas por dia pra conseguir levar uma grana pra casa. Eles são as bestas do apocalipse, que correm a mil por hora no meio dos carros, anunciando o fim dos tempos. Eles são um instrumento do sistema, massa de manobra, um dos tantos reflexos da nossa sociedade miserável.

Sei de tudo isso. É por isso que eu não estou preocupado com os espelhinhos dos carros, como muitos almofadinhas e dondocas. Eu estou preocupado com as milhares de mortes de motoqueiros e de vítimas da imprudência desses guerreiros de duas rodas. Motoristas de carro também matam gente pra caralho? É óbvio, isso aqui não é uma competição mórbida. O fato é que existem alguns mecanismos para coibir os imprudentes motoristas de carro. Se não tem nenhum deles preso por ter atropelado e matado pessoas inocentes, isso é outra discussão. Agora, quanto aos motoqueiros, até pela maioria deles ser gente pobre, morre um monte todo ano e nada se faz. Até por eles estarem a serviço da própria elite (entregando comida, documentos e sabe-se lá o que mais), ninguém diz nada. Todo mundo aceita o alto preço da entrega eficiente. Afinal, a fome (seja do que for) não pode esperar.

Aí, vem o Kassab, inventa essa tal de "faixa-cidadã" em duas ou três avenidas e pronto, pode dizer que fez alguma coisa. Tem que fazer uma porrada de coisas, e não promover dois ou três factóides. Primeiro, tem que regularizar a profissão dos motoboys (leia-se: promover políticas para tirá-los da informalidade); tem que coibir as empresas em geral, e essas companhias de entrega em particular, de continuarem tirando o sangue dos motoqueiros até a última gota; tem que proibir as motos de circular no meio dos carros livremente; tem que dar um jeito de fiscalizar essas máquinas de poluição e de falta de segurança; tem que fiscalizar os motoqueiros infratores; tem que fazer uma porrada de coisas, mas tem que fazer. Não dá pra morrer esse monte de gente todos os anos. O atual preço da entrega eficiente, meus senhores, está alto demais.

OBS: Minha intenção inicial não era escrever nada muito sério, mas os meus pensamentos, tão logo o sinal ficou verde, dispararam em direção ao infinito e eu perdi o controle.

quinta-feira, maio 24, 2007

Supercândida

Ouvi dizer que o Perseu Abramo, quando dava aula no curso de jornalismo da PUC - curso que ele ajudou a fundar e, depois de uns anos, outros tantos ajudaram a afundar -, gostava de pedir aos alunos que descrevessem, por escrito, objetos banais, como uma caixa de fósforo. Esse singelo exercício ajudaria os jornalistas a desenvolver uma ferramenta fundamental: a capacidade de passar para o papel aquilo que ele viu e apurou. Se o aluno conseguisse descrever uma caixa de fósforo de maneira convincente (fiel e, ao mesmo tempo, interessante), estaria apto a escrever sobre qualquer coisa.
O problema é que essa técnica do Perseu Abramo deve ter sido copiada por algum professor do curso de publicidade que, rapidamente, adaptou a técnica aos seus propósitos. O professor Plagiário, um belo dia, chegou à sala de aula carregando um tijolo, o que provocou risos nos alunos. Calmamente, Plagiário repousou o tijolo sobre a mesa e disse: "Convençam-me a comprar esta peça". Sim, se o publicitário é capaz de descrever um tijolo de maneira atraente, também está apto a vender qualquer coisa.
Brincadeiras à parte, foi isso que eu pensei, hoje de manhã, quando vi uma propaganda de cândida afixada à parede do vagão do metrô. Porra, é cândida, aquele líquido branco que estraga as roupas. Não, senhor: é Supercândida, o superproduto da supermulher. Pois é, na propaganda vale tudo e, se grande parte da sociedade é machista, sejamos supermachistas. A propaganda não parava por aí. Na verdade, o que eu mais gostei foi de umas superfrases que enfeitavam o pé do cartaz. Não me lembro bem, mas era algo assim: "Única com rótulo que não sai na água"; "Bico com lacre: supereconomia!"; e a melhor de todas: "Embalagem anatômica: superpegada!"
Superpegada? Essa foi demais pra mim. Quem foi o gênio que inventou uma coisa dessas? Mas, meu bom Jesus, é cândida. O que fazer para diferenciá-la das outras marcas de cândida? Nunca olhei o rótulo (que não sai na água) desse produto, mas tenho certeza que todas as fórmulas de todas as cândidas do mercado serão absolutamente idênticas. Caso contrário, essa informação estaria no cartaz: "A única com metilcloroisotiasolinona: Super...seja lá o que for isso!
Sim, o que fazer para diferenciá-la? Recheando a propaganda de superlativos. Essa tal superpegada deve ser fruto do total desespero de um publicitário que, olhando para os céus, se perguntava: o que mais eu posso inventar sobre essa supercândida? Lembrou-se, então, do tijolo do Plagiário, que era de fácil manuseio, o supertijolo do superpedreiro, com superdesign, ótimo para a superpegada de mãos supercalejadas. Super!, bradou o infeliz, e escreveu essa merda que eu tive o prazer de ler, numa manhã gelada, dentro do metrô.

terça-feira, maio 22, 2007

MOVE-SE, MANO!

O que não faz o sedentarismo, não? Diante dele, o que faz o nosso corpo? Nosso corpo nos dá alguns sinais de que as coisas estão meio emperradas. Acho que foi por isso que, há uns vinte dias, eu sofri de uma cãibra maldita no meio da noite. A Vivi foi me acordar, porque eu havia adormecido de roupa e sem escovar os dentes e, quando eu fui me levantar, senti uma dor desgraçada na panturrilha. Falta de potássio o caralho. Falta tudo mesmo. Tô na lama, pensei. Depois de tantos meses coçando o saco como único exercício e me empanturrando de guloseimas - minha Páscoa ainda não acabou -, meu organismo resolveu me dar um toque.
A merda é que a cãibra lesiona. Eu fiquei o dia seguinte inteiro mancando e, pra não ficar chato, quando alguém me perguntava alguma coisa, eu colocava a culpa no zagueiro adversário: um fantasma maldoso que, diante da minha catigoria, acabou me dando uma botinada.
Preocupado com essa situação putrefata, eu resolvi reagir, mas, como bom neto de baiano, demorei quase um mês pra tomar uma atitude. Atitude esta que, a bem da verdade, estava prejudicada, porque a esteira do meu prédio estava quebrada. Eu sei, eu sei. Isso não é desculpa que se dê. Mas tá dada e que nenhum fantasma me venha encher a paciência.
Hoje eu acordei às seis da matina, coloquei o meu kit maratonista aposentado (meia velha, tênis gasto, camiseta desfiando e bermuda inadequada) e parti pra cima daquela bendita esteira. Vou dizer uma coisa: depois de meia hora correndo a 6,5 milhas por hora, o que dá aproximadamente 10,4 km/h, posso dizer com segurança que, hoje foi um dos dias em que eu mais sofri em um treino. E olha que meu amigo de fé e irmão camarada Tiago, apesar de ser meu amigo de fé e irmão camarada, já me passou uns treinos de corrida que por pouco não me transformaram, literalmente, num escrevinhadeiro-fantasma.
Aqui, aproveito para fazer um pequeno merchandising. Você está na lama? Fica bufando por dez minutos depois de subir qualquer lancezinho de escada? O único exercício físico que tem feito com regularidade é o famoso halterocopismo? Quase teve um ataque do coração no meio da última trepada? Não conseguiu jogar nem de zagueiro na última pelada com os amigos e, de quebra, foi eleito o pior em campo (você jogou pior até que aquele japonês voluntarioso que só faz correr pela lateral do campo e aquele boleiro que não vai com a sua cara não cansou de te humilhar)? Pois muito bem: aproveite o link aí do lado direito da sua tela e conheça a MOVE SPORTS. Os caras vão te colocar em forma. Já me colocaram, mas a tendência do meu corpo em obedecer as leis da física (um corpo em repouso tende a continuar em repouso, lembra?) é muito grande. Ainda estou lutando contra ela e, amanhã, se eu não estiver no bagaço, voltarei à batalha da esteira.

segunda-feira, maio 21, 2007

Abaixo à espontaneidade

Não sei o que é mais espantoso: Corinthians (ou Coríntiãs, segundo o Dicionário Aurélio) e Palmeiras liderando o Campeonato Brasileiro após duas longas rodadas, ou aquela foto do Serra apontando um fuzil em direção ao fotógrafo. Ao longo dessas minhas três décadas de existência, não posso dizer que eu tenha visto tantos fantasmas assim, mas esse Serra é mesmo de assustar qualquer um. Até meu blógui-fantasma ameaçou debandar geral quando eu ameacei tocar nesse assunto. O Esfeluntis teve que fechar as portas às pressas e pedir calma a todos.
Não pude, porém, resistir. Não virei com esse papo de que a atitude do chefe máximo do Executivo estadual é um mau exemplo para as criancinhas. Isso eu deixarei pros caras do PT. Afinal, só a cara do nosso governador já é um mau exemplo, seja para quem for. Cara de urubu gripado, como diz o José Simão, é pouco. Pior só era na época em que ele usava um rabinho de cavalo, mas isso já faz um bom tempo. Eu tenho legitimidade pra dizer, porque sofro de ECA (Estágio de Calvície Avançada): não existe nada mais ridículo que um careca com rabinho de cavalo.
Tudo bem, esbravejarão os tucanos. O que importa se o político é bonito ou feio? Isso não tem a menor importância. Caso contrário, não realizaríamos eleições e, sim, concursos de beleza. Calma. Eu concordo. Mas quem disse que estou falando de política? Se eu falasse de política, eu teria que dizer que o Serra nos abandonou nas mãos do Kassab e, até agora, tem se saído muito bem como um tremendo de um governador autoritário. Um ex-presidente da UNE, à época do Golpe Militar, que teve que fugir do país pra não ser preso, jamais poderia cogitar a hipótese de mandar a PM invadir a Cidade Universitária.
Mas deixa pra lá. O que eu quero saber é: o que passa pela cabeça de um político quando ele resolve posar para uma foto com um fuzil na mão? Não existe um assessor um pouquinho inteligente pra dizer: "Governador, talvez isso não seja apropriado"? É isso que me espanta. Alguém também poderia dizer que foi um ato espontâneo do Serra. Ora, há quantos anos ele está na política? Ainda não aprendeu que os atos espontâneos devem ser evitados ao máximo (ainda mais por ele)? Espontaneamente, o político profissional jamais abraçaria tantas criancinhas e famílias pobres; espontaneamente, o político profissional jamais comeria buchada de bode; espontaneamente, o político profissional não chegaria perto do povo.
A espontaneidade, realmente, é um perigo. Por isso, estou escrevendo um livro com o qual pretendo ficar rico: "Abaixo à espontaneidade", a nova bíblia dos marqueteiros de plantão. Como eu sou bonzinho, meu caro governador, enviarei a Vossa Excelência, di grátis, a lição número 1: "Aprenda e diferença entre ser espontâneo e parecer espontâneo".

domingo, maio 20, 2007

Truque psicológico

Tem um filme do Mel Brooks que eu acho excelente. Chama-se "Alta ansiedade". O pobrema é que não existe em DVD e, mesmo em VHS, não é lá muito fácil de encontrar (acho que eu vi uma vez, perdido no meio de algumas velharias da 2001). Lembrei-me desse filme por causa da uma cena em que o Mel Brooks e sua parceira precisam passar despercebidos pelos policiais de um aeroporto vestidos de velhinhos. Mel Brooks interpreta um psiquiatra que foi confundido com um assassino (não é bem isso, mas... veja o filme, se encontrá-lo). Diante do nervosismo de sua parceira, ele diz que os dois precisam chamar o máximo de atenção possível. É um truque psicológico. Quando as pessoas se vêem diante de alguém que se esforça para chamar muita atenção, o resultado é o oposto. Ou seja, todos fazem um tremendo esforço para não notar a presença de tal chato.
Foi o que o jornalista Mauro Beting, filho do ilustre Joelmir "Bradesco" Beting, tentou fazer durante a transmissão de um jogo do campeonato italiano ontem. Eu estava esperando a Vivi voltar de umas compras e, enquanto devorava uns sanduíches de padaria, resolvi ligar a TV. Eis que me espantei com o placar do jogo: Poderoso Milan de Berlusconi 2 X 4 Udinese, em pleno estádio do Milan. Enfim, shit happens. Ademais, o Milan estava jogando com o time reserva. Mas isso não importa. Os fantasmas que não gostam de futebol não precisam me xingar.
O que eu queria dizer era: depois de uns quinze minutos, o narrador virou e disse: Ih, acabamos de receber a informação de que o jogo está 3 a 2 pra Udinese e não 4 a 2. Como assim? O quarto gol da Udinese havia sido anulado e, como o narrador e o comentarista brasileiros, obviamente, não transmitem o jogo lá de Milão (eles vêem o jogo como nós, telespectadores, transmitindo a partir da transmissão da TV italiana), o fato não foi notado por nenhum deles. Na prática, o narrador e o jornalista Mauro Beting "validaram" o gol que havia sido anulado pelo árbitro (parece que, diante do último escândalo do judiciário, os árbitros de futebol divulgaram uma nota pedindo pra que ninguém mais os chame de juízes).
Foi uma gafe? Digamos que sim. E o que fizeram Mauro Beting e o narrador Eder Luís? Utilizaram-se do truque psicológico acima mencionado: se você quer que uma cagada sua seja ignorada, fale dela para todo mundo, sem parar, à exaustão, até que as pessoas digam: Que saco esse cara! Já não deu? Todos já entenderam que ele fez uma cagada. E daí? Todos fazem cagadas todos os dias.
Mas como eu sou muito chato, a técnica não colou comigo. Por isso, eu digo: QUE CAGADA IMPERDOÁVEL QUE ESSES CARAS FIZERAM ONTEM NA TRANSMISSÃO DO JOGO MILAN X UDINESE NA TV BANDEIRANTES. VOCÊS ACREDITAM QUE A UDINESE FEZ UM GOL QUE FOI ANULADO E AS ANTAS CHAMADAS MAURO BETING E EDER LUÍS NÃO PERCEBERAM? QUE MICO, MEU CUMPÁDI! Sorte deles que este é um blógui-fantasma, senão, eles seriam motivo de piada na imprensa a semana inteira.