quinta-feira, novembro 18, 2010

Pensamento Matinal

Ontem eu fui mais Esfeluntis bebericar umas tangebrinas com tremoço, no Copobacana, porque, afinal, ninguém é de ferro, e o dia foi de amargar. Muitas decisões importantes, muitos cálculos na minha planilha colorida do Excel, nós precisávamos de um happy-hour para esquecer as mazelas da vida, ainda que temporariamente. Precisávamos, por assim dizer, de uma anestesia.
Foi quando Esfeluntis me chamou atenção, para uma bela morena de olhos amendoados?, não, para a barata que rondava o balcão?, também não. Ali no Copobacana, já estamos acostumados com a presença de alguns animais de estimação e, não, não estamos acostumados com belas morenas. Mulher, ali, só pra perguntar pro moço se o senhor sabe onde fica uma avenida de nome engraçado: Anhaia, Anhanha, Nhanhanha Melo, ou coisa assim.
Esfeluntis chamou atenção para a minha conduta. Ele disse: nosso blógui (nosso blógui, disse o descarado) nunca vai decolar se você (sim, eu) continuar nesse ritmo inconstante. Afinal, por que eu (sim, eu) achava, por exemplo, que tanta gente lia a Folha de S. Paulo? Porque, por exemplo, o mundo está cheio de imbecis?, perguntei com naturalidade, depois de enfiar oito tremoços na boca de uma vez (mesmo assim o Esfeluntis conseguiu entender o que eu disse).
Pausa para o momento cultural: tremoço é uma leguminosa da família das ervilhas, também conhecida como "marisco dos pobres", que vai muito bem como tira-gosto, recomendada pelos melhores nutricionistas. Palavra do nutricionista do Copobacana (até parece que aquela bodega tem nutricionista, mas vamos lá): "Já que você vai encher a cara de cerveja e sair da dieta de novo, que você acompanhe a bebida com tremoço, em vez de amendoim e batata frita, porque é muito menos calórico, além de ser rico nutricionalmente". (Fontes: São Google, o Oráculo que tudo sabe & A imaginação infértil do imbecil que vos escreve)
Retomando: Esfeluntis não só entendeu como concordou com o que eu disse sobre a Folha de S. Paulo, mas não chegou a achar engraçado. Ele deu um soluço de risada que não durou dezoito centésimos de segundo e falou, contendo o ódio mortal pela minha pessoa: "As pessoas leem (essa merda não tem mais circunflexo, certo?) a porra da Folha porque todo dia tem uma porra de uma Folha nas bancas, ou nas casas delas, ou na puta que o pariu".
Entendi. Esfeluntis queria dizer que regularidade era fundamental. Se eu continuasse com aquela inconstância, as pessoas se cansariam (ora, ninguém se cansou do João Gilberto, ou melhor, muita gente se cansou do João Gilberto, mas muita gente não se cansou e, bom, João Gilberto é gênio e não podemos fazer esa comparação estapafúrdia - Fonte: Angeli, tira dos Skrotinhos seguindo o João Gilberto pelas ruas)
Apesar de ter dado uma piaba na orelha do Esfeluntis, é um vício que eu tenho, pensei: até que o imbecil tem razão. Esse negócio de escrever por um dia, não escrever por quatro, escrever por mais três, não escrever por mais dez, escrever por mais um, não escrever por mais novecentos e quarenta e oito dias, talvez tenha a ver com o fato de a minha popularidade não andar muito alta (e também com o fato de eu não ter avisado nem a minha mãe que eu tinha voltado a escrever, mas a Vivi contou pra ela e ela mandou um spam para a família).
O problema, Esfeluntis, é que eu deixava para escrever alguma coisa mais para o final do dia. E, às vezes, eu acabava não escrevendo picas. Então, eu decidi escrever hoje logo pela manhã. Decidi colocar um pensamento matinal, algo que alegre as multidões, que dê esperança aos vestibulandos e aos torcedores do Guarani. Aí vai: "Nada como o Sol a brilhar; mas, se chover, lembre que a chuva também é fundamental para fertilizar o solo e proliferar a vida" (Fonte: Zé das Couves, agricultor, filósofo e vendedor de couves).
Isso, constância (e assessoria de imprensa) é o segredo. Legal, de agora em diante, serei constante. Ou melhor, a partir de segunda, porque hoje eu vou viajar. Segunda-feira, isso, segunda-feira eu começo (Fonte: Maristela, a gordinha que quer começar uma dieta, urgentemente).

quarta-feira, novembro 17, 2010

Fácil ou Difícil

Muito difícil mesmo construir essa tal de sociedade sem destruir essa tal de sociedade. Porque o processo não envolve a todos ao mesmo tempo. Alguns ficam pra trás. Outros se dão bem e não querem mais saber de defender o que defendiam.
Muito fácil defender aquilo que nos beneficia. Muito difícil querer abrir mão, querer ceder, querer que se atinja um equilíbrio. Não querem atingir o equilíbrio aqueles que estão favorecidamente desequilibrados.
Muito difícil reconhecer os erros, voltar atrás em decisões precipatadas. Mais fácil é sustentar o erro e até agravá-lo, mesmo que isso cause a infelicidade de muita gente, talvez até a própria. Não suportamos admitir que somos uns pulhas.
Muito fácil falar um monte de mentirinhas agradáveis e palatáveis. Querer agradar para ser agradado. Se for para conseguir algo em troca, então, moleza. Difícil é dizer que o amigo não consegue nada com as mulheres por ser um tremendo de um boca-de-bueiro.
Muito difícil gostar porque gostou, sem saber a marca ou o autor. Gostamos porque a televisão diz que é bom, porque a modelo boa diz que é bom, porque os jornais disseram que podemos confiar.
Muito fácil e muito difícil, ao mesmo tempo, viver.