Devaneios Desimportantes
Uns tempos atrás, eu e a Vivi fomos assistir à peça Kerouac, interpretada pelo Mário Bortolotto. Sem entrar em detalhes muito profundos, porque eu não entendo patavinas de teatro, saí de lá pensando que, talvez, eu tivesse perdido alguma coisa. O Bortolotto interpreta com uma paixão que impressiona, mas a verdade é que eu não consegui gostar da peça. A Vivi que, para quem não sabe, é atriz (quem sabe lamenta, porque ela pendurou as chuteiras precocemente em busca de outros sonhos), foi capaz de detectar o "problema" da peça com mais clareza. Ela disse que o Bortolotto tem uma imensa admiração pelo Kerouac e, às vezes, essa idolatria exagerada atrapalha. Explicando melhor: o Bortolotto começa a peça a 100 por hora e, depois, não tem mais para onde crescer. A interpretação, por fim, fica um pouco prejudicada.
Confesso, também, que me incomodei com umas partes do texto. Isso pode ser frescura minha, mas quando o Kerouac grita, com um ar ameaçador em direção à platéia, frases do tipo: "Pode apostar o seu rabo", isso não quer dizer nada pra mim. Acho que essa expressão é tipicamente americana: You can bet your ass (mais ou menos isso). Eu nunca vi um brasileiro dizer isso. É claro, alguém poderia dizer: Ô, imbecil, o Kerouac era americano. Helloooooo! Eu sei, mas o público é brasileiro. Ou não? A peça foi escrita por um brasileiro, amante de Kerouac, para brasileiros, amantes de Kerouac ou não.
Enfim, pode ser chatice pura da minha parte. Como eu já disse, não entendo merda nehuma de teatro. Mas, muito bem disse o Júlio, uma vez, sobre a música: "Se te fizer bem aos ouvidos, a música é boa; se não fizer, não é". Mais ou menos isso. E eu encaro a arte mais ou menos assim. Dentro das minhas infinitas limitações. Eu não consigo gostar de um quadro que não me diz nada só por causa do contexto histórico, do impacto que causou na época, ou porque o Gombrich, por ventura, disse que o sujeito é um gênio.
Mas eu comecei essa ladainha toda porque eu queria citar uma fala da peça que eu gostei muito (que fique claro que eu não achei a peça ruim). Achei ótimo quando o Kerouac diz: a esquerda diz que eu sou alienado e a direita diz que eu perverto a mente dos jovens. Também é muito divertido a raiva que ele sente dos escritores iniciantes que ficam enviando originais pra ele. Ou quando um jornalista faz a pergunta genial: o que é a geração beat?
Rebobinando: eu gostei da fala do Kerouac sobre a esquerda e a direita porque, várias vezes, eu já fui criticado, tanto por neoliberais quanto por anarquistas. Enquanto eles discutem e eu falo besteira, a vaca já chegou no brejo e está com lama até o pescoço. Você pode apostar o seu rabo!
Estou cansado. Depois do feriado eu continuo.
Confesso, também, que me incomodei com umas partes do texto. Isso pode ser frescura minha, mas quando o Kerouac grita, com um ar ameaçador em direção à platéia, frases do tipo: "Pode apostar o seu rabo", isso não quer dizer nada pra mim. Acho que essa expressão é tipicamente americana: You can bet your ass (mais ou menos isso). Eu nunca vi um brasileiro dizer isso. É claro, alguém poderia dizer: Ô, imbecil, o Kerouac era americano. Helloooooo! Eu sei, mas o público é brasileiro. Ou não? A peça foi escrita por um brasileiro, amante de Kerouac, para brasileiros, amantes de Kerouac ou não.
Enfim, pode ser chatice pura da minha parte. Como eu já disse, não entendo merda nehuma de teatro. Mas, muito bem disse o Júlio, uma vez, sobre a música: "Se te fizer bem aos ouvidos, a música é boa; se não fizer, não é". Mais ou menos isso. E eu encaro a arte mais ou menos assim. Dentro das minhas infinitas limitações. Eu não consigo gostar de um quadro que não me diz nada só por causa do contexto histórico, do impacto que causou na época, ou porque o Gombrich, por ventura, disse que o sujeito é um gênio.
Mas eu comecei essa ladainha toda porque eu queria citar uma fala da peça que eu gostei muito (que fique claro que eu não achei a peça ruim). Achei ótimo quando o Kerouac diz: a esquerda diz que eu sou alienado e a direita diz que eu perverto a mente dos jovens. Também é muito divertido a raiva que ele sente dos escritores iniciantes que ficam enviando originais pra ele. Ou quando um jornalista faz a pergunta genial: o que é a geração beat?
Rebobinando: eu gostei da fala do Kerouac sobre a esquerda e a direita porque, várias vezes, eu já fui criticado, tanto por neoliberais quanto por anarquistas. Enquanto eles discutem e eu falo besteira, a vaca já chegou no brejo e está com lama até o pescoço. Você pode apostar o seu rabo!
Estou cansado. Depois do feriado eu continuo.