domingo, setembro 02, 2007

Entidade do Submundo

Eu sei, eu sei. Este blógui anda mais parado que as atividades dos nossos congressistas. Recesso pra cá, recesso pra lá. E aí vem a Semana da Pátria, a começar, hoje? É, a vida não tá fácil. Estamos todos num mato sem cachorro e não temos foro privilegiado. Aqui em Brasília a coisa continua quente e seca. Faz 100 dias que não chove e faz 1.456.987 dias que eu não assisto aos comentários idiotas do Alexandre Garcia - graças aos céus. O cara se acha um analista político! Puts, o que diriam os cientistas políticos deste país? Não quero saber, sinceramente.
Vivi e eu estamos nos aprimorando e a capacidade de otimizar os 30 m² do nosso apertamento cresce a cada dia. Por exemplo, eu já me acostumei a cagar sentado de lado na privada. Isso porque o único lugar em que é possível armar o nosso varal portátil é o banheiro, e esse pequeno trambolho ocupa quase que todo o espaço que temos para realizar algumas de nossas necessidades fisiológicas mais importantes. Também já ficou divertido, quando o varal está armado, ter que saltar a privada para chegar ao box.
Algumas surpresas também aparecem de quando em vez. Hoje, ao fazer a barba, descobri que a pia do banheiro estava entupida. Ao cutucar o ralo, deparei com uma espécie de pasta negra, parecida com o lodo de um pântano triste, obstruindo a passagem da pura e cristalina fonte da vida (conhecida como água). Quero avisá-los, em primeira mão, que depois de uma batalha renhida, eu venci essa entidade que denominei "A Creca". Venci, depois de muito cutucar o ralo com uma colherzinha de café (alguém está servido para um lanche aqui em casa?); depois de jogar desinfetante naquele orifício viscoso; depois de despejar água sanitária naquela abertura para a Morada de Hades.
A Creca, depois de muito agonizar, acabou se rendendo à astúcia de seu pequeno e insignificante inimigo. Como é bonito ver a água fluir, deslizar docemente pela pia e desaparecer ralo abaixo. E como é doce a vitória contra um adversário infinitamente superior.
Essa vitória me deu esperança e ânimo para encarar a batalha contra a Creca que domina os quatro cantos da Praça dos Três Poderes. Não, eu não cansei. Pelamordedeus. Contra qualquer um desses Tucanos, que muito mais estão para abutres, eu continuo votando nesta merda de Governo. Mas chega. Hoje eu queria mesmo falar da minha heróica vitória contra "A Creca", que prometeu voltar para uma revanche. Sim, ela voltará. E mais poderosa, pois sabe que não pode mais me subestimar. Foi esse o erro dela. Pensou ser imbatível, e eu percebi essa vulnerabilidade.
Eu queria falar da minha vitória contra "A Creca". E pedir paciência às multidões desamparadas que choram diante da tela do computador enquanto não encontram novas crecas em forma de letrinhas, que são despejadas pelo escrevinhadeiro cada vez mais insone (é difícil dormir com esse ar seco) quando ele está com paciência. Tenham vocês, multidões desamparadas, paciência.
A paciência é uma virtude e, infelizmente, a minha acaba de se esgotar. Não chorem. Eu sou chato. Eu sou viscoso. Eu sou como "A Creca". Eu sempre volto.