quarta-feira, junho 06, 2007

Férias

Eu estive ocupasíssimo esta manhã. Mil coisas pra fazer ao mesmo tempo, tantas reponsabilidades, tantos milhões de dólares dependendo das minhas escolhas, tantos milhões de futuros que dependem do meu desempenho. Apenas um deslize meu e parceiros quebram na Holanda, acionistas ficam pobres na Austrália e bordéis fecham as portas no Japão.
Neste exato momento, enquanto eu como uma mexerica e derrubo sementes sobre o teclado, meus telefones pulsam em busca de uma atitude capaz de mudar a direção de correntes marítimas, a velocidade das andorinhas, a...caralho, chega desta merda. Chega, estou estafado. Quem quiser, que consulte meu fiel escudeiro Esfeluntis. Não adianta chorar, meu povo. Não adianta chorar. Eu irei para a praia amanhã e só retornarei segunda-feira, se é que o mundo resistirá à minha ausência até lá.
Poxa, eu também sou um ser humano, por increça que parível. Sou sim. Não sou uma máquina sem sentimentos. Eu sou como os personagens do já citado Tommy Lee Jones. Por trás dessa minha carcaça impassível, existe um garoto alegre que gosta de cavalgar, pescar tilápias, jogar pedrinhas nas águas cristalinas do Rio Parnabantubaquara.
Portanto, meus caros: virem-se sem mim, pelo menos até segunda. Eu sei que vocês serão capazes e, se não forem, sinto muito. Amanhã irei à praia, aconteça o que acontecer, desligarei meus celulares e meus nextéis, deixarei meu notebook em casa e não apertarei nenhum botão até segunda-feira. Certo, eu abro uma exceção para a descarga do banheiro. Já peguei um livro que há muito quero ler, mas minhas obrigações infinitas me impedem: "Os demônios", do Dostoiévski.
Está feita a justificativa: este maravilhoso espaço que todos aprenderam a amar ficará inalterado, inabalável, incólume, impassível, até o dia 11 de junho, segunda-feira. Não se assustem, eu prometo que não mais os abandonarei por quatro meses. Apenas por quatro dias.
Bom feriado a todas e a todos. Eu voltarei (isso é uma ameaça, Aldo).

terça-feira, junho 05, 2007

Breve Fato

Tá difícil. Segundo o último relatório da ULTT, tá difícil. Não me pergunte o que é ULTT, mesmo porque, que eu saiba, essa porra não existe. Mas que tá difícil tá. O relatório existe e é implacável, mesmo que a ULTT não exista. Opa, é claro que existe a ULTT. Todas as siglas possíveis já foram contempladas por algum grupo, sejam desocupados ou não, ou para denominar alguma coisa, seja doença ou não. Joguei no Google e lá está: ULTT: Upper Limb Tension Test. O que é isso? Ora, é o famosíssimo Teste de Tensão do Membro Superior. Não sei de que membro eles estão falando, mas, de acordo com tal teste, tá difícil. A APT, Associação dos Pescadores de Tilápias, também chegou à mesma conclusão, mesmo sem ULTT. Tá difícil mesmo. E isso é fato.

...

Este é um texto fantasma. Escrito pelo primo de terceiro grau do espírito Lucius, o famoso Vespucius. Quero dizer que eu sou o tal. Eu sou o cara. Romário comigo não tem vez. Um dia vocês ouvirão falar de mim. Estou aqui porque ouvi dizer que este é o blog mais lido do mundo cibernético, e quem me disse isso foi uma fonte segura. Eu sou muito mais legal, muito mais bonito e li muito mais vezes o "Livro dos espíritos" que esse oportunista do Lucius. Sou Vespucius, muito prazer. Ainda ouvirão falar de mim. Estou tendo aulas de português e, quando eu me sentir pronto, adeus Lucius, será a vez de Vespucius.

E o Nosso Prêmio Vai Para...

Pobre Crasso. Ao lado de Júlio César e Pompeu, Crasso compôs o triunvirato que governou Roma antes de César resolver tomar conta de tudo. Parece que Crasso cometeu um erro gravíssimo que o deixou de fora da parada, mas eu não sei qual foi. Os livros de História que eu andei bisbilhotando um tempo atrás apenas mencionam a existência de Crasso. Até que a Vivi comprou um livro chamado História de Roma, do Rostovtzef (mais ou menos isso) e, estou certo de que lá se fala com um pouco mais de cuidado sobre Crasso e seu erro, que eternizou seu nome para todo o sempre, assim como a Praça de Grèves, na França, originou o termo "greve" e o jogador de futebol português Gandula, que era péssimo jogador, mas muito solícito ao buscar as bolas que iam parar fora do campo, eternizou o termo "gandula".
Falei do antigo imperador romano porque ontem, ao ligar a televisão antes de me deitar, lembrei-me dele. Lembrei-me dele pelo simples motivo de que não se deve, jamais, em hipótese alguma, dar aquela ligadinha na televisão antes de deitar. Pra minha sorte, estava passando "Anaconda sei lá que número" na Tela Quente e aquilo me assustou - não no sentido que queriam os criadores dessa obra-prima. Acabei desligando a televisão depois de uma cobra gigante, visivelmente computadorizada, devorar um tal de Ben (aquele engraçadinho que faz piada com o perigo enquanto os outros estão apavorados e, nos filmes de terror, é o primeiro a dançar. Sabe aquela cena clássica? O cara finge mil vezes que está sendo atacado e a mocinha fica: "Pára, Ben!"; até que o Ben some e a mocinha fica: "Ben, isso não tem graça. Ben! Ben? Ben...". Finalmente, o Ben aparece na boca de uma anaconda).
Valeu, Ben. Por sua causa eu não sofri as conseqüências desse erro crasso, que é ligar a TV antes de ir deitar. Quando eu faço isso, normalmente vou dormir lá pelas duas da manhã depois de ter assistido a um monte de lixo. Mas essas aventuras da anaconda no Bornéu (quem jogou War sabe onde fica) me trouxeram à mente uma série de merdas que eu já perdi tempo assistindo, e isso me estimulou a selecionar os piores, em diferentes categorias.
Na categoria "Cena mais ridícula", eu daria o troféu a Independence Day. O filme todo é tremendamente ridículo, mas o sujeito que inventou essa merda se superou naquela cena em que o presidente dos Estados Unidos, pessoalmente, resolve pilotar um caça e salvar o planeta dos alienígenas. Nem o próprio Bush, no banheiro presidencial, sofrendo as conseqüências por ter devorado um quilo de costelinha e um pedaço sangrento de bisteca, teria uma idéia dessas. Parabéns, quem quer que seja o inventor dessa merda: você acabou de ser premiado pelo blógui do escrevinhadeiro.
Categoria "Final mais Americano", aquele fim de filme que, quando o autor olha pra própria obra, diz: "Agora eu levo o Oscar". Fico na dúvida entre o final de "A vida é bela" e o final de "Em busca do soldado Ryan". Acho uma parada dura de decidir, mas como tem que haver um vencedor (os americanos não toleram o empate), eu entrego a taça ao soldado Ryan.
Troféu Regina Duarte, para aqueles atores que sempre fazem o mesmo papel. Invariavelmente. Eu entregaria, sem dúvida, ao Bill Murray, que sempre faz o papel daquele sujeito meio blasé, que dá uma de insensível, mas, no fundo, é uma boa pessoa. Menção honrosa ao Tommy Lee Jones, o policial gélido e implacável que, também no fundo, tem coração.
"Filme mais Insuportável". Sim, aquele que, pra chegar ao final, é preciso ser um herói da categoria de um Ulisses, ou de um Aquiles, ou de um Hércules. Esse, pra mim, é fácil: Nove semanas e meia de amor. Mesmo no auge da minha puberdade, eu acho que não sobrevivi às primeiras duas semanas. Puta filme chato! Chato pra caralho, insuportável, tenebroso. Só serviu pra ser sacaneado numa daquelas comédias pastelão, acho que "Top Gang". Claro, a cena clássica de Nove semanas e meia de amor é aquela em que o sujeito faz um piqienique no corpo da Kim Bassinger. Pois é, nem com a Kim Bassinger no ponto o filme é assistível (desculpa, Vivi, mas a Kim Bassinger foi uma das fontes inspiradoras da minha geração).
O troféu "Cara-de-pau", para o plágio mais descarado, eu entregaria ao filme brasileiro "Pequeno dicionário amoroso", com a Andréa Beltrão e o Daniel Dantas fazendo um casal lamentável que devia ter parado na letra "A", de: "Ai, caralho. O que eu estou fazendo nesta sala de cinema?" Porra, se a pessoa quer copiar, por favor, copie alguma coisa que preste. Tem um filme americano, uma dessas merdas enlatadas (vou tentar descobrir o nome pra ninguém assistir por engano) que é exatamente isso: o relacionamento de um casal, contado por uma amiga dela e um amigo dele (quem faz esse papel na versão brasileira é o lamentável do Toni Ramos), que segue a ordem de um dicionário: letra A: Amor; letra B: Babaquice; letra C: Caralho, vou embora do cinema agora.
Já que falamos em filme nacional, eu não podia deixar de fora a categoria "Pior Filme Nacional". Não vou nem contar essas coisas arrepiantes que o Daniel Filho ou sei lá quem da Rede Globo costuma fazer. Eu entregaria o prêmio, com uma satisfação imensa, ao Bruno Barreto e seu "O que é isso, companheiro?" O que é isso, companheiro, digo eu. Puta filme maniqueísta. Uma merda, com direito a torturador tendo crise de consciência e a difamação de personagens que existiram de verdade. Fora o Pedro Cardoso fazendo o papel do babaca do Gabeira, mais babaca do que nunca. E a Fernando Montenegro à janela, avistando uma "cena suspeita" e chamando a polícia? Claro, se a polícia tivesse dado bola pro palpite da velhinha, o seqüestro teria sido evitado, assim como o filme do Bruno Barreto. É bom que se diga que o livro do babaca do Gabeira, apesar de ter sido escrito pelo babaca do Gabeira, é um bom livro e não tem nada a ver com essa merda que o Bruno Barreto fez o favor de despejar.
Depois dessa feroz disputa, saúdo a todos os vencedores e até o ano que vem, quando, por culpa da televisão, eu terei novas idéias para um novo concurso do blogueiro infeliz.

segunda-feira, junho 04, 2007

Novo Trajeto

São Paulo, 3 de junho de 2007. Domingo. Ótima manhã para praticar esportes. Por isso, sem sair da minha cama, liguei a televisão para assistir à maratona. Só fiquei puto com uma coisa: a Globo interrompeu algumas vezes a transmissão com intervalos comerciais. Mas tudo bem. O que podemos esperar da mídia senão esse tipo de baixaria? O que podemos esperar de um país onde os políticos defendem o monopólio de emissoras que não dão nenhuma contrapartida à sociedade? Se alguém falar de Criança Esperança ou Amigos da Escola eu mando à merda. Todos se pelam com a Rede Globo. Todos morrem de medo do estrago que a turma do fantasma Marinho pode fazer em suas imagens imaculadas. Vão todos à...
Depois dessa reclamação muda, voltemos à maratona, que estava um tanto desfalcada de corredores brasileiros de ponta devido à proximidade do Pan. Diga-se de passagem, com passadas de queniano, que, mesmo quando estamos com o que há de melhor, os quenianos sempre chegam brigando. E deu mesmo Quênia no masculino e no feminino. Deu a lógica, como os idiotas da objetividade gostam de dizer. Destaque da prova: pra quem não viu, o feminino teve um pega interessante entre a queniana Jacqueline e a brasileira Marizete que só se resolveu no fim. A queniana tentou escapar umas três vezes e a Marizete, teimosa que só ela, foi lá e buscou. Na quarta vez (ou por aí) não teve jeito. Jacqueline disse chega e se mandou.
Modéstia à parte, meus senhores e minha senhoura, eu também fui um grande desfalque da Maratona Internacional de São Paulo deste ano, porque no ano passado eu estava lá. Estava lá como um dos tantos bicões que pulam a cerquinha protetora, entram no bolo e participam sem ter efetuado o pagamento da inscrição. Não pensem que eu sou muquirana. O fato é que eu não ia correr até o fim. Apenas, utilizaria a maratona como treino longo, de 32 km, para a Maratona do Rio, da qual eu participaria (e quebraria, mas essa é outra história) um mês depois.
Aqui, faço mais um apelo mudo para ouvidos moucos: mudem o trajeto dessa maratona de São Paulo! Porra, sair do Ibirapuera, pegar os três túneis do Malufão (foi Maluf que fez os três?), dar um rolê dentro do Jockey, pegar a ponte nova da Eusébio Matoso, ir até quase o Parque Vila-Lobos, voltar, entrar na Cidade Universitária lá pelo quilômetro 18 ou 19 (ufa)... Até aí tudo bem. Até aí tudo bem. Mas ficar dentro da USP aquele tempo todo pra depois voltar pelos mesmos túneis até o Ibirapuera é no mínimo falta de criatividade.
Estou pensando em oferecer um trajeto novo para a Maratona de São Paulo. Por isso, estimulei uma Brain Storm com meus camaradas fantasmas e com o Esfeluntis. A primeira idéia que surgiu foi essa pérola: pegar a Estrada do M'Boi Mirim de ponta a ponta. Isso é que é preguiça mental. Depois eu pensei que os atletas podiam largar da Praça do Patriarca e rodar feito doidos pelas ruelas do Centrão, mas alguém lembrou que isso seria meio inviável devido ao número elevado de participantes. Não abri mais a boca. Quase três voltas de São Silvestre, que tem 15 quilômetros? Isso sim é falta de criatividade.
Cáspita, uma cidade do tamanho de São Paulo tem que oferecer trajetos mais interessantes que o atual, pensei, sem abrir a boca. Depois de muito pensar, decidi deixar do jeito que está. Enquanto as coisas ficam como estão, aqui vai uma lista de provas legais pra fazer: Meia-maratona do Rio (muito bacana, a melhor prova que eu já fiz); Volta da Pampulha (quero fazer este ano, são dezoitinho); Gonzaguinha, na Zona Norte (prévia da São Silvestre, são os mesmos 15km, mas planos); e a própria São Silvestre, que eu quero correr este ano. Desde já, estou angariando companheiros. Lino? Meu cunhado está tomando coragem. Se alguém tiver alguma sugestão para um novo trajeto para a maratona de São Paulo, por favor, guarde para si (ou procure o Esfeluntis, o que vem a dar no mesmo).