sábado, agosto 26, 2006

Furta-cor


Na segunda-feira passada, o Thiago Iacocca lançou seu livro Furta-cor, disponível em qualquer livraria perto de você. Antes disso, no sábado, lá pelas 23h30, eu e o Sergiones fomos até a Rádio Jovem Pan, onde o Thiago ia dar uma entrevista.

Entramos com ele no estúdio. Eu e o Sérgio ficamos sentados comportadamente numa cadeira (eu em uma e ele em outra, é bom que se diga), enquanto uma televisão passava Super Cine. Uma moça que parecia ser a namorada do radialista assistia ao filme com um fone no ouvido.

A entrevista foi engraçada. Teve participação de ouvintes e o Thiago deu uma de consultor psicológico. Mas o que interessa mesmo é o livro. Eu poderia dizer que é bom pra caralho só porque ele é meu amigo. Mas o fato é que eu achei bom pra caralho mesmo. O que eu posso fazer? É bom pra caralho. Leia.

Aliás, faça-me um favor: leia qualquer coisa, mas leia. Você vai ver que não dói, e chato é ficar na frente da televisão de cueca, que nem um filho da puta. Desculpa, mas estou com um pouco de raiva do mundo. Estou com dor de cabeça e atrasado para ir ao aniversário do Thiago.

Escrevinhadeiro

Sou um escrevinhadeiro assumido. Sempre gostei de escrevinhar, mesmo sabendo que ninguém nunca leria, fora um ou outro amigo que eu transformava em cobaia. Assim como esse espaço aqui. Poderia perguntar um suposto leitor: por que escrevo, então? É um vício, eu acho. Alguns gostam de quebrar a cabeça tentando inventar histórias. Eu sou um desses doentes.

Sempre gostei de perder horas e horas rabiscando frases, sem saber aonde aquilo ia dar. Ia dar numa lata de lixo, é claro. É, tanto faz. Algumas pessoas não entendem, e perguntam até quando eu vou ficar nessa masturbação mental, curtindo o gozo do neurótico. Eu digo que é bom não entender.

Nós temos a mania de formar pensamentos dogmáticos e de gostar apenas das idéias as quais concordamos. Olhamos para o mundo com esse maldito olhar dicotômico e repelimos com fúria qualquer coisa que possa colocar em risco os nossos dogmas.

Acreditar é preciso? Puta saco. Eu digo que é preciso buscar coisas que dêem um nó na nossa cabeça, que fuja das dicotomias e ofereça caminhos diferentes dos convencionais. Quando eu digo diferentes, não digo opostos. Opor-se a algo é simplesmente cair numa armadilha dessa lógica dicotômica, porque a pessoa que procura o oposto está, sem perceber, seguindo a regra daquilo que ela quer combater. Sei lá, acho que é mais ou menos isso. O Nietzsche escreveu em algum lugar e eu achei interessante.

Duvidar é preciso? Preciso não é, mas é muito mais interessante do que sair acreditando. Mas eu falo de um duvidar pensante, e não um ceticismo desolado. Por trás das idéias moralistas e dogmáticas, sempre há um interesse inconfessável. Isso não pode porque é ruim, é coisa do capeta, não é tolerável a uma pessoa de bem.

Puta que o pariu. Lá vem a pessoa de bem dizer que eu sou um desqualificado, um louco, um perdido. Lá viria, se alguma pessoa de bem se dignasse a ler o que eu escrevo. Se uma pessoa qualquer se dignasse, fora as cobaias, que lerão por amizade até a décima linha.

Por que, então, escrevo esse monte de merda? Ora, faça o seguinte: procure no dicionário mais perto de você o significado da palavra "escrevinhadeiro". Eu vou tentar dormir um pouco.