sábado, outubro 07, 2006

Marçal

Meu irmão me disse que meu jeito de escrever lembra o do Marçal Aquino. E eu me lembrei que alguém havia dito que faltava alguma coisa para que os textos dele fossem bons. Pensei: talvez falte a mesma coisa para que os meus textos fiquem bons. E fui até uma livraria, e comprei um livro de contos do Marçal Aquino chamado Famílias terrivelmente felizes. Ali estavam alguns dos primeiros contos publicados por ele e mais algumas coisas inéditas.

Comecei a ler os contos. E percebi que foi crescendo em mim uma vontade de escrever alguma coisa. Tanto que eu parei de ler e escrevi um conto chamado O mundo ao alcance das mãos. Vou pedir pro Thiago Iacocca publicar no site Sem Ponto Final. Quando isso acontecer, eu aviso.

Depois eu fiquei pensando por que isso aconteceu. E cheguei à conclusão de que o Marçal Aquino escreve de um jeito simples, e parece ser capaz de falar sobre qualquer coisa. Uma história babaca pode virar um conto interessante nas mãos dele. Aí está o mérito do Marçal Aquino. A simplicidade. Fiquei feliz ao ser comparado com ele. Falta alguma coisa para que os textos dele sejam bons? Discordo. É verdade que eu não gostei de tudo. Alguns contos não me pegaram. E não achei ele genial. Mas quem é genial? Durante o século XX inteiro, dois ou três escritores foram geniais. Ou não?

Não falta nada pro Marçal Aquino ser um bom escritor. Se você comparar textos dele da década de 1980 com coisas mais recentes, é claro que vai perceber uma evolução, como em qualquer escritor. Fora o Flaubert, ninguém nasceu sabendo escrever. As pessoas vão se aprimorando, oras.

Mudando de assunto, eu continuo às voltas com uma série de problemas com o meu computador. Ele sobreviveu à limpeza estomacal, mas continua maluco. Eu vou ter que formatar. Pra piorar, meu monitor queimou. Acho que é a tal exaustão dos corpos. Enfim, lutarei bravamente pra continuar escrevendo besteiras pra vocês. E não achei nenhum telecentro por perto, Carol. Mas vou continuar procurando. E a Vivi não gostou muito da Vossa sugestão.

Fora isso, as coisas continuam caminhando pra mesma merda de sempre, e eu tentarei retomar a minha produtividade. Também quero deixar claro que não tenho nada contra a Mariana Ximenes. Ela só representa com maestria tudo aquilo que não me atrai na televisão brasileira, no cinema brasileiro, no teatro brasileiro, nas revistas brasileiras e nos puteiros brasileiros.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Poli

Meu lado Poliana chegou e disse: você queimou seu dedo na sanduicheira, e isso significa que você tá vivo. Eu mandei ele ir ver se eu tava na esquina. Quando fui cagar, levei o caderno especial das eleições, porque eu não quero mais saber de esportes. O Poli estava ali do meu lado e disse: não ligue pro Maluf, pro Clodovil e pro Frank Aguiar. Veja que o Pitta só teve 7 mil votos, que o Medeiros não se elegeu e nem o Severino Cavalcante. Eu mandei ele cheirar merda e saí dali correndo, sem dar descarga. O desgraçado ainda gritou lá de dentro: "Merda fedida é sinal de saúde".

Depois eu me sentei aqui e resolvi escrever alguma coisa, porque algumas pessoas, viciadas no meu blog, ameaçaram a minha integridade física caso eu não voltasse a escrever. As pessoas viciam em cada lixo e, por isso, eu resolvi atender aos apelos delas, que agora podem parar de mandar vírus ao meu computador.

Não me ocorria idéia nenhuma. E o Poli, que andava grudento que só ele, sugeriu que eu escrevesse um poema sobre a vida, as flores e os amores. Aí eu me enfezei de verdade. Pedi ao Poli, pelo amor de Deus, que me desse uma folga. O cara é muito chato e, quanto mais eu xingo, mais ele gruda. Parece Jó, que suportou com tanta fé todas as desgraças divinas.

Meu lado Poliana tem mesmo uma fé dos diabos. O cara acredita no lado bom das coisas e das pessoas. Outro dia ele me falou que eu tenho muito ódio no coração e que isso só me faz mal e não resolve as mazelas do mundo. Sugeri, então, que ele convidasse o meu lado sombrio para uma partida de xadrez. Meu lado sombrio ganhou fácil, porque ele rouba descaradamente, inventa regras absurdas e o Poli aceita tudo. Ele acredita mesmo no lado bom das coisas. Meu lado sombrio acredita que o Poli é um idiota e só. Um alienado que chora com as novelas da Globo.

"Aposto que você bate uma punheta pensando na Mariana Ximenes", minha sombra disse ao Poli, que ficou magoado e resolveu partir para um lugar mais humano. Pois é, eu briguei feio com meu lado Poliana, que não quer mais papo comigo. Então eu quero alertar a todos pro fato de que eu jamais olharei as coisas "pelo lado bom". Veja pelo lado bom é a puta que o pariu. E também não é questão de ser negativista. É questão de ter senso crítico. Estou dizendo isso porque as pessoas que acham que vale a pena me aturar têm que entender que eu serei um daqueles velhos rabugentos e insuportáveis. Vou avisando logo agora, com trinta anos nas costas, pra que ninguém diga depois que eu sou uma fraude que caga nas fraldas geriátricas.

domingo, outubro 01, 2006

Carta-Renúncia

Meu computador tá mais sujo que pau de galinheiro. O desgraçado nem liga mais. E a partir de segunda, provavelmente, eu retornarei ao seleto grupo de mais de 20 milhões de desempregados. Ou seja, ficarei sem Internet em casa, não sei ainda por quanto tempo, e sem Internet no trabalho, por não ter mais trabalho. E não desperdiçarei meu parco dinheirinho numa dessas lan houses. Portanto, a periodicidade de textos publicados neste espaço talvez fique um tanto comprometida. Também conta um pouco o fato de eu estar um pouco de saco cheio de pensar em algo ridículo que valha a pena ser dito todos os dias. Os mais assíduos sabem que, desde que eu comecei essa joça, só um dia ou outro eu não coloquei nenhum texto.

Sinto muitíssimo, mas eu sei que todos darão um jeito de ler alguma coisa diferente quando não tiver nenhuma novidade por aqui. Quando eu tiver saco, publico uma lista de sugestões. Enquanto isso, vão para o diabo sem mim, ou deixem-me ir sozinho para o diabo. Essas palavras são de Fernando Pessoa, portanto, qualquer reclamação, foda-se.

Beijos a todos.