sábado, julho 14, 2007

Ufa

Ão, ão, ão, Zelão é seleção. Bom domingo a todos.

Sossego

Ê, sabado bão demais da conta, sô.

sexta-feira, julho 13, 2007

Aviso

A respeito do ensaio acadêmico sobre o trânsito de São Paulo que eu produzi, e pode ser lido abaixo na íntegra, quero dizer que não há possibilidade alguma de se contestar quaisquer dados contidos nessa obra esplendorosa. Algum dia, quando me der na veneta, falarei de outro objeto capaz de transformar qualquer ser humano numa besta ao quadrado: o telefone celular. Quando se junta celular com carro, então, a desgraça está formada. Outro dia mesmo, a Vivi dirigia com a cautela de sempre pela 9 de Julho - eu permanecia distraído ao lado dela - quando um desses animais perigosos quase nos envolveram num acidente, por estar, logicamente, dirigindo e falando ao celular, simultaneamente. Será, então, que o ser humano é mesmo uma besta que luta o tempo todo para disfarçar tal condição e, quando sai para dirigir ou gruda um celular na orelha, acaba revelando essa idiossincrasia? Será? Hein? O que achas, meu caro Esfeluntis? Esfeluntis não acha porra nenhuma. Agora ele só pensa no feliz dia de pegar sua charanga, abastecê-la com gasolina aditivada, guaraná Dolly e Cebolitos e pegar a Anhangüera até que ela vire BR-050, e continuar, seguindo os ventos que sopram em direção ao noroeste.

Bestas Sobre Rodas

É claro que existem milhares de teorias que procuram explicar as causas para o interessante fenômeno que leva pessoas tranqüilas, pacatas e cumpridoras de seus deveres cívicos a, ao se sentarem atrás de um volante, ficarem idiotas, estúpidas e assassinas em potencial. Versa-se sobre a sensação de poder que um automóvel dá a um pobre mortal que não consegue correr nem até a geladeira, sobre o teste dos limites, o flerte com o perigo e, é claro, sobre o altíssimo nível de estresse ao qual um motorista é levado diante dos caos urbano em que vivemos.
Quando os cientistas discutem se poderia haver (ou ter havido) vida em algum planeta por aí afora, eles analisam as condições mínimas para que um ser, por menos complexo que seja, possa viver e se reproduzir naquele ambiente. Pois é, o trânsito de São Paulo, se analisado por cientistas alienígenas, não tenho dúvida, seria considerado inabitável. Chegamos ao limite do absurdo e com grandes indícios de que superaremos sempre esse limite, feito campeões olímpicos que estão sempre em busca da quebra dos recordes.
Mas eu queria falar desse bicho estranho: o motorista paulistano, cujo exemplar feminino tem ainda uma característica curiosa. O que eu vou falar não tem nada a ver com comentários machistas e com as incontáveis brincadeiras sobre a destreza da mulher ao dirigir. Está provado por A mais B que a mulher dirige muito melhor que o homem. É só ver o quanto uma mulher paga de seguro e o quanto um homem, na mesma idade, paga. Mulher paga menos, porque é mais cuidadosa e se envolve em muito menos acidentes. Ora, pra mim dirigir bem é isso: chegar aos locais desejados com segurança, e não saber cantar pneu e dar cavalo-de-pau.
Bom, como diria Marcelo Nova: agora que eu já enchi o ego de vocês, podem arriar as calçolinhas. Quero dizer, voltemos à característica curiosa das mulheres paulistanas no trânsito. Elas são completamente incapazes de ceder passagem a um terceiro que queira enfiar o carro a sua frente, seja pelo motivo que for. Não dão passagem nem pedindo pelamordedeus. Se você tentar enfiar o carro, é capaz que ela bata em você, mas não dá passagem e ponto final. Não que os homens sejam um poço de gentileza, mas, vez ou outra, eles deixam você entrar com o carro no caminho deles.
Seria porque a mulher transfere para o trânsito o ambiente hostil do mercado de trabalho ao qual ela tem que se submeter, somadas as dificuldades de se disputar empregos num mundo machista e comandado quase que exclusivamente por homens? Seria porque a mulher tem um instinto de preservação de território que a impele a fazer de tudo para chegar rapidamente ao seu destino? Não, meus caros. Isso acontece porque a mulher é mais atenta. Sim, o homem só dá passagem por distração. Quando ele vê, já tem a ponta de um carro querendo lhe cruzar o caminho. Aí, fazer o quê? Melhor deixar o babaca entrar na minha frente do que causar um acidente idiota. Além do mais, tá tudo parado mesmo.
Agora, é fato. Ambos, sem distinção de gênero, são atacados por esse fenômeno de bestialização por que passa o motorista que é obrigado a conviver com o trânsito de São Paulo.

quarta-feira, julho 11, 2007

Frankestein

Neste exato momento, muita besteria está sendo dita, muita merda está sendo escrita, muito desgraçado que não tem o que fazer está enchendo o saco de alguém. É muito bom fazer parte de um momento tão exato. Só ontem eu fiquei sabendo que um dia não tem 24 horas e fiquei chocado. É, um dia tem 23 horas e uns quebrados. Tudo bem, porque o que tem de gente desperdiçando o tempo com coisas desimportantes por aí. Por aqui também. Quanto mais tempo se tem, mais tempo se desperdiça, porque ócio criativo é coisa para psicóticos e montadores de quebra-cabeças.
Vê? Merda escrita com pureza, sem a intoxicação da sabedoria. Produtores de lixo cibernético não fazem greve. Alguém se pergunta se eu bati com a cabeça quando pequeno. Afirmativo. Bati com a cabeça muitas vezes. Vejamos, eu me lembro de duas muito interessantes.
A primeira, eu tinha uns quatro anos. Entrei correndo no banheiro, escorreguei num tapetinho cor-de-vinho e fui com a testa no bidê, que também ficou cor-de-vinho. Meu pai não sabia se ficava preocupado ou puto da vida, pois havíamos acabado de voltar da praia e ele teve que levar este infeliz que vos fala para o pronto socorro mais próximo. Pela primeira vez, costuravam a minha cabeça.
A segunda, eu tinha seis anos e estava muito feliz com o meus sapatos novos. Minha mãe me chamou para ir à escola e, como eu estava louco pra mostrar a todos a beleza e formosura dos meus sapatos, saí correndo desembestado pelo corredor da minha casa. Só que a porra do sapato escorregava e eu não consegui fazer a curva. Resultado: derrapei e enfiei o coco no roda-pé. Acho até que minha cabeça chegou a quicar. E fez um barulho estranho - sintomático? Cheguei à cozinha com o ar meio grogue, dizendo que, não precisei dizer nada, porque escorria sangue da minha cabeça. Chorei ao ver uma água avermelhada preenchendo uma bacia de metal. Que poético, não?
Fora essas duas, houve muitas e muitas outras pancadas, não só na cabeça. Fora as boladas que eu já levei jogando bola: na cabeça, no saco, no nariz. Teve uma no nariz que foi foda. Eu tinha uns nove anos e estava assistindo a uma partida de futebol de salão (quando esse esporte ainda se chamava futebol de salão e futebol de praia se chamava futebol de praia) de uns adultos, lá no clube da faculdade de medicina. De repente um cara cansou e pra não estragar a brincadeira eles me chamaram pra jogar. Fui lá, feliz da vida, feito um idiota. No primeiro lance, um sujeito mandou uma bomba, direto e reto na minha napa. Não sei como fiquei inteiro, mas eu me lembro que meus olhos jorravam lágrimas feito uma mangueira.
E era assim mesmo. Cada vez que eu retornava ao lar, doce lar, minha mãe botava a mão na cabeça, porque tinha alguma parte do meu corpo sangrando. A empregada também ficava desesperada, porque ainda não haviam inventado o sabão em pó OMO Bleach Ação Tripla Mega Power Extra Fucker. Virei essa aberração. Melhor trancarem as portas e as janelas, pois eu estou à solta.

terça-feira, julho 10, 2007

Passemos uma Borracha

No meu projeto de romance, escrevi lá pelas tantas que Brasília é a cidade mais sem graça do nosso país. Brasília, para o protagonista Marcelo Pereira, é um lugar para se visitar por no máximo meia-hora. Não precisa de mais que isso. Você dá umas voltas, confere in loco aquele monte de imagens que já cansou de ver pela televisão (normalmente com o idiota do Alexandre Garcia à frente), come um cachorro-quente na Praça dos Três Poderes e se manda. Ah, mas tem a catedral, o museu do JK, o escambau. Certo, talvez Marcelo tenha exagerado: três dias seriam suficientes para se ficar em Brasília.
Brincadeiras à parte, e que nenhum brasiliense se ofenda (se é que eles existem), Brasília é uma cidade que não precisava existir. É fruto de um sonho megalomaníaco de um presidente, um enorme monumento aos factóides, o sonho de qualquer arquiteto. O mais engraçado é quando ouvimos na escola que um dos argumentos para a construção de Brasília teve como base a estratégia militar: é muito perigoso deixar nossa capital numa região litorânea, que seria alvo fácil para qualquer inimigo. Puxa, é mesmo! Pobre do Chile, aquela tirinha de terra espremida entre o Pacífico e a Cordilheira dos Andes.
Enfim, já que construíram, não serei eu a pedir que ponham a baixo, ou que alguém sugira mudar a capital federal para algum outro canto, ou, ainda, devolver esse status ao Rio de Janeiro. Já que está fica, certo? Não me interpretem mal, meus caros brasilienses. (Agora, que tem muita gente torcendo pra que uma bomba atinja o Congresso Nacional, isso tem)
Visitei Brasília quando eu tinha uns catorze anos, com a família, e, lá pelos meus 25, passei por lá muito rapidamente quando voltava da Chapada dos Veadeiros. Gostei do museu, da catedral, da Praça dos Três Poderes, de andar de esteira rolante no Senado, de assistir a uma sessão completamente vazia (era o último dia antes do recesso), de atravessar correndo o eixo do avião, de rodar feito um louco atrás de um restaurante, de chegar perto da rampa do Palácio do Planalto e de ser enxotado por um soldado em frente ao Itamarati? Gostei, gostei de tudo isso (menos de rodar feito louco atrás de um restaurante). Confesso, porém, que o que marcou mesmo foi a sensação de estar dentro de uma maquete gigante.
Todos sabemos, também, que Brasília é fruto de um sonho arquitetônico, que fez afastar a poeira incômoda (moradias dos pobres) para a periferia das cidades-satélite. Niemeyer que me desculpe, mas essa idéia não me parece lá muito compatível com os ideais do comunismo. Deixa isso pra lá também. Enfim, é o que eu já disse: já que fizeram, é melhor deixar como está.
Olha quem fica colocando defeitos em Brasília: um paulistano. São Paulo, diriam os brasilienses e os moradores de quaisquer outras cidades do meu Brasil, é o pior lugar para se morar. São Paulo é uma cidade horrível, poluída, fedorenta, estressante, suja e o cacete. Concordo. Mas São Paulo é uma cidade de verdade, que reflete com exatidão a sociedade tão injusta em que vivemos. No entanto, não quero alimentar disputas idiotas de cunho bairrista. Quero apenas dizer que eu nunca engoli o "sonho de JK", que fez surgir uma maquete gigante no meio do deserto. Só isso.
Quem mandou? Quem mandou falar mal de Brasília? Agora, tudo indica que eu me mudarei para lá, de mala e cuia, com a minha querida Vivi. Sem ressentimentos, por favor, porque eu também estou indo com a maior alegria (mais por estar com a Vivi do que por qualquer outra coisa, mas...). É isso aí. Seguirei os exemplos de FHC e pedirei que todos esqueçam o que eu escrevi. Irei para Brasília na fé. Viva a nossa capital federal, viva o sonho de JK, viva o Niemeyer, viva o Lúcio Costa viva eu, viva tudo e viva o Chico Barrigudo. Viva o Chico filho do Odair também.