quarta-feira, novembro 10, 2010

Excel

Notícia de última hora: estou com pressa e portanto não posso me alongar. Quero dizer, apenas, que acatei a sugestão de milhões e milhões de leitores e agora só quero saber de excel. Estou num proceso de metamorfose muito sério, pior que o do Gregor Samsa, e estou prestes a me transformar em um "cabeça-de-planilha". Sei que eu posso, sei que eu consigo. As planilhas ficam muito mais bonitinhas que um texto e, bem, o conteúdo delas?, não pensei nisso ainda. É um detalhe. A Vivi vai gostar, porque agora eu vou querer bagunçar nossas planilhas de orçamento doméstico. Elas vão ganhar cores, filtros, fórmulas mirabolantes. Ninguém me segura. Estou empolgadíssimo. Agora preciso ir embora pra fazer a lição de casa. Tenho oito planilhas ultra complexas para elaborar. A primeira é o orçamento de uma academia, a segunda é o balanço de uma empresa de calçados, a terceira é a lucratividade de uma prostituta, a quarta é a contabilidade de um serial killer, a quinta é o fluxo do Rio Tietê e por aí vai. Estou empogadíssimo com esse negócio.

terça-feira, novembro 09, 2010

Sem Tempo

Que que é isso? Que que é isso? Não se sabe mais. Ninguém sabe mais. Já se viu de tudo, é verdade, mas o fato de já se ter visto de tudo não significa que se é capaz de saber o que vê. Eu não sei mais. Se alguém souber, avisa. Outro dia mesmo eu ouvi dizer que um sujeito na Inglaterra trocou de sexo e virou lésbica. Perguntavam, antigamente, onde íamos parar. A pergunta hoje seria: onde estamos? Para onde se vai, já sabemos. Não iremos a lugar algum. Eu ficarei por aqui. Pedirei outra dose. Tomarei mais um aperitivo, porque hoje é o dia nacional do aperitivo, segundo me disseram, e quem sou eu para duvidar? Resolvi não jogar no "google" para que ele não me desmentisse, ou não desmentisse quem mentiu para mim.
E fui ao bar. Aqui cheguei e aqui estou. Copobacana. É o nome do bar. O copo não é bacana e não me sinto em Copacabana. Sinto-me um banana. Um banana a tomar cerveja. Lamentável. Bananas deveriam tomar vitaminas. Eu deveria voltar para casa, tenho umas cuecas sujas para lavar. E outras cuecas limpas para sujar. Vou-me. Um abraço, Bigode. Pindura aí.
Pindurado estou, no ponto de ônibus. Preciso esperar mais tempo, porque os ônibus, a esta hora, vou te contar. São um porre. Minha vontade é de voltar ao bar e tomar mais uma garrafinha. Só para embebedar o tempo. Mas o tempo não para, não vacila, não cambaleia, não claudica, não soluça, não tropeça. Eu faço tudo isso.
Fazemos as coisas porque temos tempo. É um absurdo dizer: não tenho tempo. Se não tens tempo, meu compadre, trata de morrer, porque é quando o tempo acaba, verdadeiramente. O empresário não tem tempo para cuidar do filho mas tem tempo para fazer dinheiro. É uma escolha. Não diga que não tem tempo. Porque tempo todos temos e ninguém tem ao mesmo...tempo. Porque aquilo que é de todos não é de ninguém, oras. Óbvio.
Sócrates parece ter dito algo nesse sentido. Sim, deve ter dito ao Casagrande antes de um jogo contra o São Bento de Sorocaba, pelo campeonato paulista de, digamos, 1982, ou 1983. Deve ter dito. Mas eu não perguntarei ao doutor. Não pergunto nada aos doutores. Eles querem saber demais e acabam encontrando problemas.
Prefiro deixar os problemas ocultos. Bem guardados. Ora, obrigado. Hora, obrigado. Já estou quase em casa, porque o ônibus não passou na hora. Tudo envolve o tempo. Tempo e espaço, mesmo que não saibamos mais por onde andamos. Não sabemos mesmo. E não sabemos o que vemos. Estamos bombardeados por excesso de informação. É guerra de dicionário, é guerra de enciclopédia virtual. É guerra de informação e guerra de imagem.
Além de guerra de guerra, de acordo com informações e imagens recentes, via satélite. O tempo todo, porque o tempo está em tudo, cai uma bomba, explode uma granada, dão tiros, enviam torpedos. Verdadeiros torpedos, não apenas torpedos de mensagens. Mensagens destroem também, mais que bombas.
Muito mais. Só não acabam com o tempo, porque o tempo fica, nem que tudo se acabe. O tempo não liga. Idiotas somos nós. Que que é isso? Sabe-se lá. Se nem o tempo sabe.