Antes que meu outro grande amigo, Sr. Y, pergunte, não encontrei minh'alma de escrevinhadeiro em Paris. E olha que eu deixei de lado o meu jejum alcoólico, que já durava dois anos e meio, e segui seus conselhos: procurei no fundo de todas as garrafas de vinho que ousaram cruzar nossos passos (meu e de Vivi), ávidos por conhecer tudo na Nova Lutécia. Inclusive, fomos a um restaurante gaulês, onde você preparava sua própria salada, servida em uma cesta na mesa, e se servia à vontade de vinho, tirado de um barril. Naquela memorável noite, Vivi e eu saímos trançando as pernas e cantando: "Ô, Champs Elysée..."
É, como fica aqui comprovado, não encontrei o que buscava, mas me diverti um bocado. Talvez, meu eu-lírico-onírico tenha só dado uma chegadinha a Beijin para assistir aos jogos olímpicos e paraolímpicos. Isso também foi um tanto pitoresco, pois estávamos em Paris durante a primeira semana da olimpíada e, lá, eu descobri que televisão é igual em qualquer lugar do mundo. O Galvão Bueno deles também torcia feito um maluco pelos nadadores e esgrimistas franceses, chamando desesperadamente por um tal de "Alê! Alê!Alê!", que deve ser o deus dos esportes dos antigos lutecianos, ao lado de Tutatis, Taranis, Belenos e Savora (ao que me consta, a deusa da mostarda).
Deixando essa piada infame de lado, foi apenas por uma semaninha (e que semana curta), mas Vivi e eu já decidimos que vamos ganhar na loteria e comprar um pequeno apartamento em Paris, por 800 mil euros. Vimos esse que estava em promoção. Uma verdadeira pechincha.
De volta à realidade, mergulhei nos estudos para concurso e de repente, gritei: "É isso!", no que meus colegas da sala de estudo, depois de refeitos do susto, me repreenderam com um longo e tenebroso xxxxxxxxxiu!!!!!!! Enfim, é isso. São esses estudos que tolhem meu lado criativo, assassinam minha veia artística, massacram minha já míope capacidade de escrevinhar baboseiras.
O concurseiro, enfim, assasinou o escrevinhadeiro desajustado e vagabundo que nunca foi chegado em pegar no batente? Sim, eu confesso: sou um vagabundo autêntico. Voltando ao foco da questão: matou ou não matou? Diante das matérias que eu tenho lido, penso mesmo é que o escrevinhadeiro, às margens do Rio Tietê, sentou, vomitou e filosofou: tô fudido.