Misson Impossible
Ontem um estava fazendo a barba e pensando na morte da bezerra. Na verdade, eu pensava em como era fácil para o meu cérebro amalucado inventar histórias, por mais imbecis que pudessem parecer. Não sei se foi o ar seco de Brasília que eliminou completamente as minhas parcas inspirações e, por que não, aspirações de escrevinhadeiro. Estou parecendo um escritor norte-americano que, de acordo com o relato de Edmund White, sofreu de um bloqueio criativo que durou toda a vida. E olha que o sujeito vivia em Paris.
Estou indo a Paris. Não fiquem com inveja. Vou a trabalho. Sim, correrei tudo por lá atrás de minha boa e velha criatividade de escrevinhadeiro. Estou confiante a respeito da seguinte teoria: um belo dia, enquanto eu cochilava, minhas idéias correram para o aeroporto e embarcaram no primeiro avião rumo a Paris, chamadas pela triste alma do tal escritor desesperado. Só pode ser. Por isso mesmo, irei para lá. Não me divertirei. Não comerei os mais deliciosos queijos e doces, e não beberei daquele vinho. Não, senhor. Nada pode me desviar dessa difícil missão.
Tudo o que eu tenho a fazer é procurar a alma daquele escritor norte-americano que, por engano, atraiu minhas idéias para tão longe do meu pobre cérebro. Mas, se eu perceber que a coisa não vai bem, aí o jeito é curtir a viagem ao lado da Vivi. Sem idéias? Que seja em Paris.