quarta-feira, julho 11, 2007

Frankestein

Neste exato momento, muita besteria está sendo dita, muita merda está sendo escrita, muito desgraçado que não tem o que fazer está enchendo o saco de alguém. É muito bom fazer parte de um momento tão exato. Só ontem eu fiquei sabendo que um dia não tem 24 horas e fiquei chocado. É, um dia tem 23 horas e uns quebrados. Tudo bem, porque o que tem de gente desperdiçando o tempo com coisas desimportantes por aí. Por aqui também. Quanto mais tempo se tem, mais tempo se desperdiça, porque ócio criativo é coisa para psicóticos e montadores de quebra-cabeças.
Vê? Merda escrita com pureza, sem a intoxicação da sabedoria. Produtores de lixo cibernético não fazem greve. Alguém se pergunta se eu bati com a cabeça quando pequeno. Afirmativo. Bati com a cabeça muitas vezes. Vejamos, eu me lembro de duas muito interessantes.
A primeira, eu tinha uns quatro anos. Entrei correndo no banheiro, escorreguei num tapetinho cor-de-vinho e fui com a testa no bidê, que também ficou cor-de-vinho. Meu pai não sabia se ficava preocupado ou puto da vida, pois havíamos acabado de voltar da praia e ele teve que levar este infeliz que vos fala para o pronto socorro mais próximo. Pela primeira vez, costuravam a minha cabeça.
A segunda, eu tinha seis anos e estava muito feliz com o meus sapatos novos. Minha mãe me chamou para ir à escola e, como eu estava louco pra mostrar a todos a beleza e formosura dos meus sapatos, saí correndo desembestado pelo corredor da minha casa. Só que a porra do sapato escorregava e eu não consegui fazer a curva. Resultado: derrapei e enfiei o coco no roda-pé. Acho até que minha cabeça chegou a quicar. E fez um barulho estranho - sintomático? Cheguei à cozinha com o ar meio grogue, dizendo que, não precisei dizer nada, porque escorria sangue da minha cabeça. Chorei ao ver uma água avermelhada preenchendo uma bacia de metal. Que poético, não?
Fora essas duas, houve muitas e muitas outras pancadas, não só na cabeça. Fora as boladas que eu já levei jogando bola: na cabeça, no saco, no nariz. Teve uma no nariz que foi foda. Eu tinha uns nove anos e estava assistindo a uma partida de futebol de salão (quando esse esporte ainda se chamava futebol de salão e futebol de praia se chamava futebol de praia) de uns adultos, lá no clube da faculdade de medicina. De repente um cara cansou e pra não estragar a brincadeira eles me chamaram pra jogar. Fui lá, feliz da vida, feito um idiota. No primeiro lance, um sujeito mandou uma bomba, direto e reto na minha napa. Não sei como fiquei inteiro, mas eu me lembro que meus olhos jorravam lágrimas feito uma mangueira.
E era assim mesmo. Cada vez que eu retornava ao lar, doce lar, minha mãe botava a mão na cabeça, porque tinha alguma parte do meu corpo sangrando. A empregada também ficava desesperada, porque ainda não haviam inventado o sabão em pó OMO Bleach Ação Tripla Mega Power Extra Fucker. Virei essa aberração. Melhor trancarem as portas e as janelas, pois eu estou à solta.