Cotas nas Universidades
Amigos, quero dizer que fiquei imensamente satisfeito com a notícia que eu li hoje no Diário de S. Paulo: três caras foram presos em flagrante na madrugada de hoje colando cartazes racistas nas imediações do metrô Vila Mariana. Tudo indica que eles são ligados ao grupo Whitepower, porque tinha o endereço do site desse grupo nazi-fascista no cartaz que, basicamente, era contra a cota para negros nas universidades.
Esses três covardes, que se escondem na madrugada e passeiam pela Vila Mariana, como bem falou o estudante negro da USP que os denunciou ("Queria ver eles fazerem isso no Capão Redondo, ou no Jardim Ângela"), estão no lugar onde todos esses skinheads deveriam estar: na cadeia. Espero que eles fiquem mesmo por lá até o julgamento (já que crime de racismo é inafiançável) e que sejam condenados. Agora, no xilindró, é óbvio que esses covardes que só agem em bando estão dizendo que não são racistas e, apenas, contra a cota para negros. É foda. Eles ainda têm a coragem de insultar a nossa inteligência.
Eu já ouvi algumas pessoas dizerem que são contra as cotas porque isso não resolve e não adianta pôr o aluno na USP se ele não tem uma formação que permita que ele acompanhe o curso etc. Isso é papo-furado porque, em primeiro lugar, o ensino tá uma merda e não é só nas escolas públicas. As próprias universidades públicas, também sabemos, não estão grandes coisas, porque já faz tempo que elas estão sendo sucateadas por governos privatistas.
Ora, é óbvio que as cotas não resolvem. É óbvio que é preciso adotar uma porrada de medidas, entre elas recuperar as escolas públicas e fazer com que as crianças pobres as freqüentem em condições favoráveis: bem dispostas e bem alimentadas, sem precisar camelar durante quilômetros pra chegar numa escola com professores completamente desmotivados e que não oferece nem merenda. Isso é óbvio. E até isso tudo acontecer? Vamos aceitar que os estudantes brancos e ricos da classe média-alta continuem desfrutando do ensino universitário gratuito (pago com o dinheiro da sociedade inteira), enquanto existe uma massa que não tem a menor chance de chegar numa USP, numa Unesp, numa Unifesp, numa Unicamp? Vamos esperar que todo o sistema de ensino seja recuperado até que essa massa consiga competir nos vestibulares tradicionais?
Eu concordo que as cotas devem ser encaradas como medidas de urgência e que, paralelamente, nós exijamos dos governos que eles tomem medidas contundentes pra melhorar o sistema de ensino público, que foi destruído pela ditadura militar e pode sim ser recuperado. Eu concordo que existem, também, imperfeições nas próprias cotas. Acontecem discrepâncias, como no Rio de Janeiro, quando um estudante de classe média, visivelmente branco, se declarou negro pra aproveitar do sistema de cotas. Algumas pessoas defendem, pra resolver isso, que as cotas levem em consideração a renda do aluno, ou que, como já tem sido feito, estudantes de escolas públicas tenham algum tipo de vantagem (o ENEM começou com esse papo, mas deu errado, basicamente, por culpa dos ricos, que ficaram indignados com essa "desvantagem"). Afinal, os negros não são a única "minoria" em desvantagem no Brasil que, na verdade, e um país composto majoritariamente de minorias desfavorecidas.
Ou seja, as cotas devem ser discutidas e aperfeiçoadas, mas elas TÊM QUE EXISTIR. É inadmissível que você chegue na USP e só veja aquele bando de filhinhos-de-papai com seus carros do ano. As universidades públicas não podem continuar sendo esse celeiro de gente rica. Paralelamente, as universidades públicas também têm que ser recuperadas, URGENTEMENTE. É preciso combater o predomínio da indústria da educação que se instaurou pesado no Brasil e tem forçado a destruição do nosso ensino com a total conivência/contribuição dos governos em todas as esferas.
Se tudo isso for feito, quem sabe os nossos bisnetos viverão numa sociedade que não precisará de cota nenhuma? Por enquanto, temos que apoiar as cotas e temos que colocar na cadeia esses racistas covardes.
Esses três covardes, que se escondem na madrugada e passeiam pela Vila Mariana, como bem falou o estudante negro da USP que os denunciou ("Queria ver eles fazerem isso no Capão Redondo, ou no Jardim Ângela"), estão no lugar onde todos esses skinheads deveriam estar: na cadeia. Espero que eles fiquem mesmo por lá até o julgamento (já que crime de racismo é inafiançável) e que sejam condenados. Agora, no xilindró, é óbvio que esses covardes que só agem em bando estão dizendo que não são racistas e, apenas, contra a cota para negros. É foda. Eles ainda têm a coragem de insultar a nossa inteligência.
Eu já ouvi algumas pessoas dizerem que são contra as cotas porque isso não resolve e não adianta pôr o aluno na USP se ele não tem uma formação que permita que ele acompanhe o curso etc. Isso é papo-furado porque, em primeiro lugar, o ensino tá uma merda e não é só nas escolas públicas. As próprias universidades públicas, também sabemos, não estão grandes coisas, porque já faz tempo que elas estão sendo sucateadas por governos privatistas.
Ora, é óbvio que as cotas não resolvem. É óbvio que é preciso adotar uma porrada de medidas, entre elas recuperar as escolas públicas e fazer com que as crianças pobres as freqüentem em condições favoráveis: bem dispostas e bem alimentadas, sem precisar camelar durante quilômetros pra chegar numa escola com professores completamente desmotivados e que não oferece nem merenda. Isso é óbvio. E até isso tudo acontecer? Vamos aceitar que os estudantes brancos e ricos da classe média-alta continuem desfrutando do ensino universitário gratuito (pago com o dinheiro da sociedade inteira), enquanto existe uma massa que não tem a menor chance de chegar numa USP, numa Unesp, numa Unifesp, numa Unicamp? Vamos esperar que todo o sistema de ensino seja recuperado até que essa massa consiga competir nos vestibulares tradicionais?
Eu concordo que as cotas devem ser encaradas como medidas de urgência e que, paralelamente, nós exijamos dos governos que eles tomem medidas contundentes pra melhorar o sistema de ensino público, que foi destruído pela ditadura militar e pode sim ser recuperado. Eu concordo que existem, também, imperfeições nas próprias cotas. Acontecem discrepâncias, como no Rio de Janeiro, quando um estudante de classe média, visivelmente branco, se declarou negro pra aproveitar do sistema de cotas. Algumas pessoas defendem, pra resolver isso, que as cotas levem em consideração a renda do aluno, ou que, como já tem sido feito, estudantes de escolas públicas tenham algum tipo de vantagem (o ENEM começou com esse papo, mas deu errado, basicamente, por culpa dos ricos, que ficaram indignados com essa "desvantagem"). Afinal, os negros não são a única "minoria" em desvantagem no Brasil que, na verdade, e um país composto majoritariamente de minorias desfavorecidas.
Ou seja, as cotas devem ser discutidas e aperfeiçoadas, mas elas TÊM QUE EXISTIR. É inadmissível que você chegue na USP e só veja aquele bando de filhinhos-de-papai com seus carros do ano. As universidades públicas não podem continuar sendo esse celeiro de gente rica. Paralelamente, as universidades públicas também têm que ser recuperadas, URGENTEMENTE. É preciso combater o predomínio da indústria da educação que se instaurou pesado no Brasil e tem forçado a destruição do nosso ensino com a total conivência/contribuição dos governos em todas as esferas.
Se tudo isso for feito, quem sabe os nossos bisnetos viverão numa sociedade que não precisará de cota nenhuma? Por enquanto, temos que apoiar as cotas e temos que colocar na cadeia esses racistas covardes.
3 Comments:
É isso ai meu irmão Toão, concordo plenamente com o que vc escreveu, temos que tomar medidas urgentes que garantam um ensino de qualidade para TODOS, independente de cor ou classe social, mas como sabemos isso irá demorar muito para acontecer medidas paliativas como as cotas tem que existir e ser aperfeiçoadas, até que se tenha uma cadeia inteira funcionando com qualidade. Xilindró nesses racistas toscos...
Nada a ver com este post, mas li um trecho hoje e lembrei de um dos seus textos. Um abraço!
“Enfim, nunca me levei muito a sério. E é esta uma das razões pelas quais não me deixei levar pelas polêmicas pessoais, que divertem os leitores, mas de nada servem para os estudos. Tenho o hábito, este sim, de interrogar-me (e de atormentar-me também), de dialogar comigo mesmo e de tirar dessa severa inquirição juízos em geral nada benévolos. Existem duas categorias de pessoas: as satisfeitas consigo mesmas e as que nunca estão contentes. Pertenço, sem sombra de dúvida, ao segundo grupo”. Norberto Bobbio. O tempo da memória: De senectute e outros escritos autobiográficos. Rio de Janeiro. Campus, 1997
TÔ! MEU AMIGO TÔ!
Acho as cotas só mais um jeitinho brasileiro para mascarar o grande problema. Mas, como as coisas não andam nada bem, inicialmente e como uma medida provisória, acho até valido, porém muito questionável. Claro que nada justifica o fato ocorrido na madrugada.
abração, butanta
Obs: tô dê uma olhada no site www.g1.globo.com, na área de ciência e saúde! Meu irmão está com uma coluna quinzenal neste site
acho que vc vai gostar sobre o que ele escreveu!
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