Escrevinhadeiro-anão
Insônia é o meu nome. Na noite passada eu fiquei até lá pelas quatro da manhã revirando de um lado pro outro da cama, acendendo o abajur, apagando o abajur, acendendo de novo e lendo umas notas de um velho safado.
Resultado: acordei meio-dia como se eu tivesse enchido a cara na noite anterior e com uma puta dor de garganta. A galera (que se resume ao Butantã, Fábio e Vivi) vai começar a achar que eu sou meio hipocondríaco, porque já falei de gripe, de caganeira e agora falo de dor de garganta. Foda-se porque, a verdade é que eu sou mesmo hipocondríaco.
Eu acordei de ressaca sem ter bebido (continuo invicto há 6 meses, 18 dias, 12 horas, 34 minutos, e 27, 28, 29…segundos; mas eu nem penso mais nisso) e com uma sensação meio plutônica (não confundir com platônica, por favor). Todos sabem que Plutão, que já era um planeta miserável que ficava lá longe de tudo e de todos (ainda fica), fora recentemente rebaixado da condição de planeta por um bando de cientistas desocupados.
Um cientista estava à janela com seu telescópio, dia após dia, pensando: já fucei esse céu todo. O que posso fazer agora? Que tal observar Plutão, aquela merdinha que fica no quinto dos infernos? E o cara começou a observar o pobre Plutão dia após dia, até que notou algo estranho na órbita daquele até então planeta. Estarrecido, embasbacado mesmo, o sujeito percebeu que a órbita de Plutão era elíptica! Veja você, elíptica! Vou repetir para que ninguém pense que é engano: elíptica! (A exclamação se fez necessária e o Graciliano Ramos que me desculpe: eu sou mesmo um idiota)
Acontece que o tal cientista, muito astuto, percebeu que a órbita de Plutão era elíptica porque, num dado momento, ela se chocava com a órbita de Netuno. Netuno é que nem o penúltimo irmão de uma família de nove moleques. Ele apanha de todos e desconta tudo no caçula, que é o único em quem ele consegue bater. Por isso, Netuno interfere num pedaço da órbita de Plutão.
O cientista coçou o cavanhaque, tomou um gole de café descafeinado, deu um trago em seu cigarro Pall Mall e pensou: preciso checar esse mistério. Quase com fúria, ele retirou da estante o empoeirado Dicionário Internacional de Astronomia e resolveu consultar a definição de planeta. Lá estava: Planeta é um astro sem luz própria que reflete a luz do Sol e TEM ÓRBITA PRÓPRIA.
Ora, Plutão não tem órbita própria, ele pensou, já que por um determinado período ele entra na órbita de Netuno. Logo, como ensinou Sócrates com aqueles exercícios de lógica, Plutão não é um planeta. Em nome da ciência, o astrônomo em questão continuou pesquisando no tal dicionário, até que encontrou a definição de planeta-anão (os patrulheiros ideológicos que me desculpem, porque eu sei que anão não é um termo muito adequado): astro sem luz própria que reflete a luz do Sol e NÃO TEM ÓRBITA PRÓPRIA. E assim, Plutão foi rebaixado à condição de planeta-anão.
Moral da história: eu acordei meio sem órbita própria. De acordo com os ensinamentos de Sócrates, portanto, acabei de ser rebaixado à condição de escrevinhadeiro-anão.
Resultado: acordei meio-dia como se eu tivesse enchido a cara na noite anterior e com uma puta dor de garganta. A galera (que se resume ao Butantã, Fábio e Vivi) vai começar a achar que eu sou meio hipocondríaco, porque já falei de gripe, de caganeira e agora falo de dor de garganta. Foda-se porque, a verdade é que eu sou mesmo hipocondríaco.
Eu acordei de ressaca sem ter bebido (continuo invicto há 6 meses, 18 dias, 12 horas, 34 minutos, e 27, 28, 29…segundos; mas eu nem penso mais nisso) e com uma sensação meio plutônica (não confundir com platônica, por favor). Todos sabem que Plutão, que já era um planeta miserável que ficava lá longe de tudo e de todos (ainda fica), fora recentemente rebaixado da condição de planeta por um bando de cientistas desocupados.
Um cientista estava à janela com seu telescópio, dia após dia, pensando: já fucei esse céu todo. O que posso fazer agora? Que tal observar Plutão, aquela merdinha que fica no quinto dos infernos? E o cara começou a observar o pobre Plutão dia após dia, até que notou algo estranho na órbita daquele até então planeta. Estarrecido, embasbacado mesmo, o sujeito percebeu que a órbita de Plutão era elíptica! Veja você, elíptica! Vou repetir para que ninguém pense que é engano: elíptica! (A exclamação se fez necessária e o Graciliano Ramos que me desculpe: eu sou mesmo um idiota)
Acontece que o tal cientista, muito astuto, percebeu que a órbita de Plutão era elíptica porque, num dado momento, ela se chocava com a órbita de Netuno. Netuno é que nem o penúltimo irmão de uma família de nove moleques. Ele apanha de todos e desconta tudo no caçula, que é o único em quem ele consegue bater. Por isso, Netuno interfere num pedaço da órbita de Plutão.
O cientista coçou o cavanhaque, tomou um gole de café descafeinado, deu um trago em seu cigarro Pall Mall e pensou: preciso checar esse mistério. Quase com fúria, ele retirou da estante o empoeirado Dicionário Internacional de Astronomia e resolveu consultar a definição de planeta. Lá estava: Planeta é um astro sem luz própria que reflete a luz do Sol e TEM ÓRBITA PRÓPRIA.
Ora, Plutão não tem órbita própria, ele pensou, já que por um determinado período ele entra na órbita de Netuno. Logo, como ensinou Sócrates com aqueles exercícios de lógica, Plutão não é um planeta. Em nome da ciência, o astrônomo em questão continuou pesquisando no tal dicionário, até que encontrou a definição de planeta-anão (os patrulheiros ideológicos que me desculpem, porque eu sei que anão não é um termo muito adequado): astro sem luz própria que reflete a luz do Sol e NÃO TEM ÓRBITA PRÓPRIA. E assim, Plutão foi rebaixado à condição de planeta-anão.
Moral da história: eu acordei meio sem órbita própria. De acordo com os ensinamentos de Sócrates, portanto, acabei de ser rebaixado à condição de escrevinhadeiro-anão.
2 Comments:
Antes um escreivinhadeiro-anão do que um não-escrivinhadeiro...
É verdade, meu amigo. É verdade.
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