Pedaço de Mim
Devo estar com uma olheira maior que a do Pedro Malan. Mas vamos lá. Não podemos condenar a segunda-feira, porque é o dia mais distante da próxima segunda-feira e quanto mais distante da segunda-feira melhor. Isso não fez o menor sentido, eu sei. Favor dar um desconto, hoje é segunda-feira.
E o meu sobrinho Raulzito nasceu no domingão. Ô, beleza. Nasceu de parto normal, graças à enorme coragem da minha cunhada. Aliás, já disseram por aí que, se fosse o homem que parisse, a humanidade se extinguiria, porque nós não suportaríamos a dor. É, a natureza é sábia.
O pior que posso suportar é a saudade. Até que estou bem, então, pois já diria Chico Buarque: a saudade é o revés de um parto; a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu. Pior ainda é juntar a saudade com a segunda-feira. Toda segunda-feira eu tenho que me despedir da mulher que eu amo, eu tenho que me despir de sua presença (desculpe, não sou o Chico Buarque) e voltar a ficar só nesta merda de cidade cinzenta.
Minha semana sem a Vivi é repleta de segundas-feiras, uma atrás da outra, numa fila maior que a de brinquedo novo do Playcenter (da época em que havia brinquedo novo no Playcenter e que eu ia ao Playcenter).
Eu sei, eu deveria estar feliz, celebrando. Afinal, nasceu Raul Chrispiniano Ito Bocchini, no dia em que o Corinthians venceu mais uma contra o Palmeiras. E é claro que eu estou feliz, mas, ao mesmo tempo, estou triste, porque a cada segunda-feira um pedaço de mim vai a Brasília (ou fica em Brasília, dependendo da ocasião).
Minha querida Vivi: eu sei que não deveria escrever isso aqui. Mas eu estou muito feliz e muito triste ao mesmo tempo e, sempre que isso acontece, eu fico confuso. Prometo que passa. Prometo que, quando chegar mais perto do fim de semana, eu me animo de novo.
Também prometo que: "Amanhã vai ser outro dia..."
1 Comments:
Que lindo, baixinho. Fiquei emocionada. Acho que estou gostando de ficarmos você e eu, eu e você, neste espaço cibernético. Te amo!
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