Mapa Eleitoral
Chegou o momento que todos os cientistas políticos do Brasil tanto aguardam. O momento em que eles invadem todos os canais de televisão, participando de debates sobre o cenário político após as eleições. Afora o período eleitoral, os pobres cientistas políticos não têm o menor espaço na mídia, tendo que se contentar com algumas migalhas esporádicas, em programas que não dão a menor audiência, tarde da noite de algum canal pouco assistido.
No dia da apuração dos votos, eles são nossas vedetes e, certamente, vão ter muito o que dizer sobre o futuro desenho político da nossa nação. Vai mudar muita coisa? Não vai ter mudança substancial? Como ficará a oposição? Terá força para se opor?
Decidi, então, fazer também a minha análise, neste canal de rica audiência, apesar de não entender merda alguma de porra nenhuma.
Embasado nas últimas pesquisas, tanto para governador quanto para presidente, posso dizer o seguinte: em primeiro lugar, se a dona Weslian Roriz ganhar a eleição no Distrito Federal, ficará provado por A + B que a maioria dos habitantes de Brasília e redondezas não possui mesmo cérebro, o que já era uma forte suspeita, depois de tantos anos de Roriz e da eleição do Arruda.
Digo, também, que pouca coisa mudará. O PSDB, se confirmada a vitória de Dilma Capacete, continuará a ser o principal partido de oposição, amealhando os governos dos dois estados mais populosos, São Paulo e Minas, além de, muito provavelmente Goiás e Paraná. Se bem que no Paraná, graças ao candidato do PSDB, que parecia ser uma pessoa moderna e mostrou ser mais um filhotinho de cacique, não dá pra saber o que anda acontecendo, porque o sujeito conseguiu travar a publicação das últimas pesquisas. Provavelmente, lá, as coisas estão indefinidas entre Richa (PSDB) e Dias (PDT), e quem ganhar vai ganhar apertado.
O PSDB ainda tem chances no Alagoas, com o cacique Teotônio, no Amapá, Piauí, Rondônia e Tocantins. Ou seja, os tucanos continuarão a polarizar o cenário eleitoral com o PT e, provavelmente, continuarão a ser o partido mais forte da oposição, a não ser que Serra consiga um milagre eleitoral e vença as eleições presidenciais. Neste caso, o PT será jogado ao posto de principal partido de oposição. Basicamente, então, tucanos e petistas continuam disputando esse pingue pongue eleitoral que se iniciou com a eleição de FHC em 1994.
Confirma-se, também, a tendência ao desaparecimento do ex-PFL, atual DEM, partido formado por filhotes da ditadura e suas crias mais recentes. Ou seja, o que há, atualmente, de mais atrasado na nossa velha política coronelista. Os DEMOcratas só não viraram um partidinho de fundo de quintal, ainda, graças ao fato de terem montado na garupa do PSDB e, após essas eleições, estarão reduzidos a alguns pequenos focos pelo nordeste brasileiro (como o Rio Grande do Norte) e ao seu QG em Santa Catarina, terra de Bornhausen e suas crias (esses caciques têm o péssimo hábito de procriar).
Com isso, infelizmente, não podemos dizer que o coronelismo está em extinção no Brasil, porque os coroné ainda têm muita força, mesmo travestidos de outras cores partidárias, e, ainda dominam o grosso dos meios de comunicação em massa; ainda são donos de uma porrada de latifúndios, dominando, consequentemente, os principais meios de produção agropecuária; ainda dominam o setor empresarial atrasado, aquele que quer lucrar rapidamente, de forma predatória, explorando o que puder da mão-de-obra. Ou seja, os coroné ainda têm muita, mas muita força mesmo. E permanecerão com muita, muita força mesmo, por muitos e muitos anos.
Serve de consolo observar que a decadência do DEM é um indício de que o progresso, vagarosamente, vai ganhando terreno no Brasil. Salvas para a derrota nas urnas de figuras emblemáticas desse partido, como Marco Maciel e César Maia, que não deverão conseguir uma cadeira no Senado (Deus seja louvado).
Além de PT e PSDB, os partidos mais fortalecidos nessas eleições deverão ser PMDB (o velho saco-de-gatos de sempre) e o PSB (também um saco-de-gatos, mas que tenta manter uma roupagem mais progressista). O resto (PP, PR, PDT, PV, PTB PEtc) lutará por migalhas no próximo governo, seja ele qual for. Casos à parte: DEM, que já foi analisado e continuará na garupa do PSDB, e PSOL, que ainda não conseguiu se firmar como alternativa à esquerda.
Acho que meus "colegas" cientistas políticos não vão fugir muito disso. Tô certo ou tô errado?
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