Desculpe a nossa falha
Se alguém esbarrar por aqui, sugiro que visite o sítio http://www.desculpeanossafalha.com.br/
Para tanto, farei um breve relato: indignado com a cobertura tendenciosa das eleições realizada pela Folha de S. Paulo, acobertada por um discurso hipócrita que prega a imparcialidade sem sê-lo, o jornalista Lino Bocchini resolveu criar o sítio Falha de S. Paulo, uma sátira evidente à Folha.
A Folha de S. Paulo, alegando uso indevido da imagem, porque o sítio utilizava a diagramação, fotos e outras marcas da Folha, fazendo montagens escrachadas para tirar um sarro explícito do jornal, conseguiu, em caráter liminar, uma antecipação de tutela que tirou do ar o Falha de S. Paulo.
Não sou advogado, portanto, não entrarei no mérito jurídico da questão. Também não esconderei o fato de que, apesar de jornalista formado, eu não sou imparcial e não pretendo, aqui, emitir nenhuma opinião isenta. Sou emocionalmente ligado à questão, primeiro, porque o Lino é meu irmão e, segundo, porque a Folha me irrita profundamente com esse discurso falso de que é um jornal moderno e imparcial, quando, na verdade, não passa de mais um veículo da grande imprensa que defende os interesses dos ricos, quase sempre conservadores e, consequentemente, pessoas de direita que votam em qualquer partido que esteja contra o Partido dos Trabalhadores (o que não deixa de ser engraçado, porque, com Lula no poder, nunca essa gente ganhou tanto dinheiro, mas essa é uma outra discussão, para outro momento).
Não condeno a atitude em si da Folha, afinal, estamos em uma democracia e, qualquer pessoa que se sentir lesada tem o direito de acionar o Poder Judiciário. Também não condeno a decisão monocrática do Meritíssimo Juiz de Direito, o Sr. Fulano (estou com preguiça de pegar o nome do cabra), pois acredito que se possa enxergar o tal periculum in mora e o seu parceiro fumus boni juris na questão. Há argumentos no mínimo discutíveis na ação? Lógico. Por exemplo, acho estranho falar em "uso indevido da imagem" quando, claramente, não há objetivo comercial algum na sátira feita pelo Lino. Mas, o que eu quero discutir é outra coisa.
Quero falar sobre a arrogância das "cabeças pensantes" deste país. A Folha de S. Paulo, ao meu ver, é a ilustração exata de como funciona a cabeça da elite brasileira. Acredita, a cúpula desse jornal, ter posse da Verdade cobiçada por Platão. Ninguém pode pensar de maneira diferente dos membros do conselho editorial da Folha sem ser tachado de "desqualificado". São as pessoas capazes de discutir arte, literatura, política, ciência, tecnologia, com toda a propriedade do mundo. São as pessoas que acreditam ter a chave para todos os problemas da nação.
A Folha representa hoje essa "elite-cabeça" que tem nojo da pobreza de espírito e, como para eles a pobreza de espírito anda casada com a pobreza material, o melhor é ficar longe do povão. Eles abominam a ignorância ao mesmo tempo que, de maneira perversa, são os que mais a perpetuam, porque nenhuma elite quer perder a condição de elite e faz parte da própria lógica capitalista não estimular demais a crítica. Sim, a elite capitalista leu Marx e grifou a idéia de que, dentro do próprio capitalismo, encontra-se o gérmen de sua destruição.
"Deixem a condição de críticos para nós, que trabalhamos na Folha de S. Paulo", bradariam Clóvis Rossi e companhia. "Vocês só têm que seguir as nossa orientações". Ou seja, você é livre para pensar desde que pense como nós.
E quais são as orientações da Folha para essa eleição presidencial? Claramente, o voto em José Serra. Mas as "cabeças pensantes" são tão arrogantes que elas acreditam que só elas são espertas, que ninguém enxerga a Verdade além delas. Como bons "formadores de opinião", esses honoráveis senhores e essas respeitáveis senhoras que escrevem na Folha, ou que têm espaço na grande imprensa, gostam da imagem de imparciais, de justos. Simplesmente, são pessoas que sabem o que é certo, elas têm a Resposta para tudo e não admitem qualquer manifestação contrária. São arrogantes acima de tudo. São os deuses da comunicação.
Por isso, a Folha de S. Paulo resolveu censurar o Lino, sob a desculpa (legítima, repito) de uso indevido da imagem. Resolveu censurar, assim como um pai censura um filho que arrota à mesa durante o jantar, porque os magos da Folha de S. Paulo não podem ser afrontados de forma alguma. Esses verdadeiros imperadores, que se reúnem em volta da Távola da Grande Verdade, de onde sairão todas as orientações às quais nós, pobres mortais, devemos seguir, decidirão as nossas vidas, porque nós não temos a capacidade de discernir o que é melhor para nós. Quem pensa diferente, repito, é ignorante, e deve ser doutrinado, sob a pena de botar os Grandes Projetos dos Sábios a perder.
Pois é, o Lino é um pobre mortal que ousou adorar outro deus. Deve, portanto, ser punido. A partir de hoje, esse tal de Lino não terá mais espaço na grande imprensa, suas plantações serão infestadas de pragas e seu açude não dará mais peixes.
Em suma, a Folha prossegue com seu jogo perverso. É óbvio que o Grande Conselho ficou profundamente ofendido com a sátira feita pelo Lino, que nada fez além de escancarar essa enorme farsa em forma de jornal, que se diz defensor da informação acima de tudo e, na verdade, é tão conservador, reacionário e corporativista quanto qualquer outro veículo que compõe a mídia brasileira. O Lino desnudou a Folha em praça pública e isso jamais poderia ser admitido. A saída, então, é fingir que o problema foi outro. O problema não teria sido a sátira, mas o oportunismo do jornalista, que teria tentado se aproveitar da imagem de “líder de mercado” do Grupo Folha. Por isso, eu quis falar sobre a arrogância e, não, sobre a viabilidade da ação, uma vez que, no mundo jurídico, tudo é defensável. Deixemos a retórica para os advogados.
Por fim, o que diria uma "cabeça pensante" ao ler isto? Obviamente, que sou um desqualificado, que cometo um milhão de erros de português, com sérios insultos ao vernáculo, além de meu texto ser confuso, mal articulado e sem argumentos contundentes. Ora, como encontrar argumentos contundentes contra os Pensadores da Folha, não é mesmo? Em outras palavras, eu também não serviria para fazer parte do Maravilhoso Mundo da Folha de S. Paulo. Que bom.
Para tanto, farei um breve relato: indignado com a cobertura tendenciosa das eleições realizada pela Folha de S. Paulo, acobertada por um discurso hipócrita que prega a imparcialidade sem sê-lo, o jornalista Lino Bocchini resolveu criar o sítio Falha de S. Paulo, uma sátira evidente à Folha.
A Folha de S. Paulo, alegando uso indevido da imagem, porque o sítio utilizava a diagramação, fotos e outras marcas da Folha, fazendo montagens escrachadas para tirar um sarro explícito do jornal, conseguiu, em caráter liminar, uma antecipação de tutela que tirou do ar o Falha de S. Paulo.
Não sou advogado, portanto, não entrarei no mérito jurídico da questão. Também não esconderei o fato de que, apesar de jornalista formado, eu não sou imparcial e não pretendo, aqui, emitir nenhuma opinião isenta. Sou emocionalmente ligado à questão, primeiro, porque o Lino é meu irmão e, segundo, porque a Folha me irrita profundamente com esse discurso falso de que é um jornal moderno e imparcial, quando, na verdade, não passa de mais um veículo da grande imprensa que defende os interesses dos ricos, quase sempre conservadores e, consequentemente, pessoas de direita que votam em qualquer partido que esteja contra o Partido dos Trabalhadores (o que não deixa de ser engraçado, porque, com Lula no poder, nunca essa gente ganhou tanto dinheiro, mas essa é uma outra discussão, para outro momento).
Não condeno a atitude em si da Folha, afinal, estamos em uma democracia e, qualquer pessoa que se sentir lesada tem o direito de acionar o Poder Judiciário. Também não condeno a decisão monocrática do Meritíssimo Juiz de Direito, o Sr. Fulano (estou com preguiça de pegar o nome do cabra), pois acredito que se possa enxergar o tal periculum in mora e o seu parceiro fumus boni juris na questão. Há argumentos no mínimo discutíveis na ação? Lógico. Por exemplo, acho estranho falar em "uso indevido da imagem" quando, claramente, não há objetivo comercial algum na sátira feita pelo Lino. Mas, o que eu quero discutir é outra coisa.
Quero falar sobre a arrogância das "cabeças pensantes" deste país. A Folha de S. Paulo, ao meu ver, é a ilustração exata de como funciona a cabeça da elite brasileira. Acredita, a cúpula desse jornal, ter posse da Verdade cobiçada por Platão. Ninguém pode pensar de maneira diferente dos membros do conselho editorial da Folha sem ser tachado de "desqualificado". São as pessoas capazes de discutir arte, literatura, política, ciência, tecnologia, com toda a propriedade do mundo. São as pessoas que acreditam ter a chave para todos os problemas da nação.
A Folha representa hoje essa "elite-cabeça" que tem nojo da pobreza de espírito e, como para eles a pobreza de espírito anda casada com a pobreza material, o melhor é ficar longe do povão. Eles abominam a ignorância ao mesmo tempo que, de maneira perversa, são os que mais a perpetuam, porque nenhuma elite quer perder a condição de elite e faz parte da própria lógica capitalista não estimular demais a crítica. Sim, a elite capitalista leu Marx e grifou a idéia de que, dentro do próprio capitalismo, encontra-se o gérmen de sua destruição.
"Deixem a condição de críticos para nós, que trabalhamos na Folha de S. Paulo", bradariam Clóvis Rossi e companhia. "Vocês só têm que seguir as nossa orientações". Ou seja, você é livre para pensar desde que pense como nós.
E quais são as orientações da Folha para essa eleição presidencial? Claramente, o voto em José Serra. Mas as "cabeças pensantes" são tão arrogantes que elas acreditam que só elas são espertas, que ninguém enxerga a Verdade além delas. Como bons "formadores de opinião", esses honoráveis senhores e essas respeitáveis senhoras que escrevem na Folha, ou que têm espaço na grande imprensa, gostam da imagem de imparciais, de justos. Simplesmente, são pessoas que sabem o que é certo, elas têm a Resposta para tudo e não admitem qualquer manifestação contrária. São arrogantes acima de tudo. São os deuses da comunicação.
Por isso, a Folha de S. Paulo resolveu censurar o Lino, sob a desculpa (legítima, repito) de uso indevido da imagem. Resolveu censurar, assim como um pai censura um filho que arrota à mesa durante o jantar, porque os magos da Folha de S. Paulo não podem ser afrontados de forma alguma. Esses verdadeiros imperadores, que se reúnem em volta da Távola da Grande Verdade, de onde sairão todas as orientações às quais nós, pobres mortais, devemos seguir, decidirão as nossas vidas, porque nós não temos a capacidade de discernir o que é melhor para nós. Quem pensa diferente, repito, é ignorante, e deve ser doutrinado, sob a pena de botar os Grandes Projetos dos Sábios a perder.
Pois é, o Lino é um pobre mortal que ousou adorar outro deus. Deve, portanto, ser punido. A partir de hoje, esse tal de Lino não terá mais espaço na grande imprensa, suas plantações serão infestadas de pragas e seu açude não dará mais peixes.
Em suma, a Folha prossegue com seu jogo perverso. É óbvio que o Grande Conselho ficou profundamente ofendido com a sátira feita pelo Lino, que nada fez além de escancarar essa enorme farsa em forma de jornal, que se diz defensor da informação acima de tudo e, na verdade, é tão conservador, reacionário e corporativista quanto qualquer outro veículo que compõe a mídia brasileira. O Lino desnudou a Folha em praça pública e isso jamais poderia ser admitido. A saída, então, é fingir que o problema foi outro. O problema não teria sido a sátira, mas o oportunismo do jornalista, que teria tentado se aproveitar da imagem de “líder de mercado” do Grupo Folha. Por isso, eu quis falar sobre a arrogância e, não, sobre a viabilidade da ação, uma vez que, no mundo jurídico, tudo é defensável. Deixemos a retórica para os advogados.
Por fim, o que diria uma "cabeça pensante" ao ler isto? Obviamente, que sou um desqualificado, que cometo um milhão de erros de português, com sérios insultos ao vernáculo, além de meu texto ser confuso, mal articulado e sem argumentos contundentes. Ora, como encontrar argumentos contundentes contra os Pensadores da Folha, não é mesmo? Em outras palavras, eu também não serviria para fazer parte do Maravilhoso Mundo da Folha de S. Paulo. Que bom.
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