Buscas
Sim, estou vivo. E, vejam vocês, alguém me achou. Essa tal de Internet é mesmo estranha. Às vezes, vamos fazer uma busca para encontrar o sítio da dona Joaninha e acabamos por encontrar a página da Sociedade das Joaninhas Machos (ler o livro infanto-juvenil "Tem um cabelo na minha terra", da Companhia das Letrinhas, cujo autor me foge). E aí vai. Essa história de busca ficou tão frenética que, dizem as más línguas (porque eu juro que nunca fiz isso), é comum as pessoas, no início do início de um possível relacionamento, jogarem o nome do (a) parceiro (a) no Google, ou no Cadê, em busca de algum subsídio que lhes dê segurança. Também, a fim de evitar surpresas futuras. Dá que o cara está na lista dos mais procurados pelo F.B.I., ou que a moça, na verdade, se chama Carlos Pereira e resolveu mudar de time no meio do campeonato? De repente, descobre-se algo útil, seja para o que for.
Mas, suspiram tristemente os românticos, a graça dos relacionamentos não está em ir descobrindo aos poucos quem de fato é a outra pessoa? Não é importante que nós mesmos consigamos abrir as janelas do (a) parceiro (a) - e, às vezes, libertar monstros que podem até nos agredir? Calma, também não é assim. É verdade que a Internet acabou por concretizar a profecia da sociedade do controle, mas esse sistema de busca convencional ainda não é capaz de abrir tantas janelas assim.
Acredito que o U.S. Army deva saber até a cor da minha cueca, e a Coca-Cola Company também deve ter um sistema capaz de adivinhar que tipo de refresco o inconsciente coletivo da humanidade estaria interessado em experimentar nos próximos anos. Mas essas buscas tradicionais, ferramentas disponíveis aos consumidores comuns, acredito, não mergulham tão fundo na vida das pessoas. A não ser que a própria figura tenha um quê de exibicionista e resolva abrir um fotoblog com a turma da orgia, ou algo assim.
Sim, eu já coloquei meu nome no Google (quem ainda não fez isso que atire o primeiro vírus). E a primeira coisa que apareceu foi uma lista de aprovados para a segunda fase da Fuvest, em 1996. Isso só me prejudicaria perante o outro se eu estivesse com a intenção de esconder a minha idade (ainda sou muito novo pra isso, não acham?). De resto, tal informação só contaria ao meu favor porque, em geral, no início do início de um relacionamento, as pessoas ainda estão meio cegas, e diriam: "Como ele é inteligente, passou para a segunda fase da Fuvest em 1996!" - e jamais saberiam que a nota de corte para Psicologia-USP de Ribeirão era bem baixa. Jamais saberiam que eu prestara psicologia em Ribeirão para fugir de matemática na segunda fase.
É, a verdade profunda costuma doer. Não à toa, vivemos em uma sociedade que prefere os superficialismos. Por isso, vivas aos googles e cadês, que tanto têm deixado os professores de cabelo em pé, já que os alunos, que se acham espertos, passaram a copiar trabalhos da Internet. Só ignoram, os pobres, que na busca sobre a dona Joaninha, vem a Sociedade das Joaninhas Machos e mais um monte de coisa que não tem nada a ver. Além disso, se eu escrever aqui que "Deleuze defendia que a solução para os problemas da sociedade seria todos se livrarem das vestimentas e buscarem refúgio numa comunidade hippie de São Tomé das Letras", algum desavisado vai colocar essa informação em seu trabalho de faculdade.
Buscas são ótimas. De repente, alguém que eu não vejo há séculos me encontra aqui - e constata que o escrevinhadeiro está vivo, apesar de ter enlouquecido de vez. Se eu quiser saber o que diz a Lei nº 8.666, jogo na busca e a lei aparece, inteirinha. Se eu quiser ler um artigo que o Voltaire de Souza escreveu em 16 de novembro de 2001, pode ser que eu também ache na busca. Se eu quiser encontrar o sítio da Sociedade dos Carecas Assumidos, também encontrarei com uma simples pesquisa na Internet.
Moral da história:buscas são ótimas, quando utilizadas com alguns cuidados, e quando o buscador não quiser com elas resolver os grandes problemas da humanidade (olho na fonte, estudantada!).
PS: Fiz uma busca no Google e o livro "Tem um cabelo na minha terra!" é de autoria de um cartunista-biólogo com ótimo senso de humor chamdo Gary Larson. Descobri, em outra busca, que Gary Larson nasceu em 1950, nos Estados Unidos, e passou a infância em Tacoma, Washington. Larson sempre adorou desenhar, mas sua verdadeira paixão era a biologia. Parece, também, que a comunidade científica atribuiu o nome de Larson a um piolho e a uma borboleta. Atualmente, ele vive em Seattle e, neste minuto (13h08 - horário de Brasília) acabou de abrir a geladeira para pegar um suco de beterraba.
1 Comments:
Triste realidade não?
Mas acontece que não é necessário chegar aos EEUU, para perceber aquela ignorância com respeito ao país vizinho... Muita gente percebe que o sul é uma mistura de indígenas y “civilização”, assim como os do sul acham que México e Guatemala são países pobres e religiosos, que todo mundo anda armado, cheirando o que pode e gritando pro ar “Ayayayay”
Lembro alguém me perguntar, ainda de criança, se no Brasil era muito difícil morar nas arvores da Amazônia.
Claro que com a ignorância yankee é muito difícil competir. Basta dar uma olhada no vídeo do Youtube, aquele da Miss South Carolina. Sem esquecer que é só um exemplo da ignorância mundial, esse vídeo já diz tudo.
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