Blargh!
Ontem, as pessoas que viram o jogo do Brasil contra o Uruguai presenciaram uma das maiores injustiças da história do futebol mundial. Sim, de uma maneira torta, foi um jogo histórico. O Brasil foi pior que o Uruguai, muito pior, em todos os sentidos. O Uruguai jogou com mais raça, com mais inteligência, com mais agressividade (no bom sentido). E perdeu, por causa de dois lances fortuitos: um chute esquisito do Luiz Fabiano que o goleiro uruguaio acabou engolindo e outro chute do mesmo Luiz Fabiano, depois de uma pixotada grotesca do Gilberto, que acabou nos pés do atacante brasileiro.
A bola parecia pipocar nos pés dos jogadores brasileiros, que estavam completamente perdidos em campo. Nunca vi tamanha desorganização, tantos buracos em uma defesa só, tanta falta de sintonia entre um meio-de-campo, que ficou no meio do caminho entre atacar e defender e acabou não fazendo nada, e um ataque completamente isolado. Mineiro fez a pior partida de sua vida, estou certo disso. Espero que ele também esteja. Ele passou o jogo inteiro correndo atrás dos uruguaios feito uma barata-tonta e perdendo todas as jogadas. TODAS (essa mereceu letras garrafais). Gilberto Silva acompanhou o péssimo nível de seu parceiro de meio-campo e também jogou uma péssima partida.
E os "três tenores"?
De fato, Ronaldo Gaúcho parecia o falecido Pavarotti, tamanha a falta de mobilidade em campo. Kaká foi o menos pior, mas deve ter pensado que estava participando de alguma propaganda do Guaraná Antarctica. Esqueceram de avisá-lo que os jogadores uruguaios não eram figurantes fazendo papel de adversários. Por isso, quase nenhuma das firulas que ele tentou fazer deram certo. Chegou ao ponto de irritar até a sempre tão benevolente equipe da Rede Globo.
Do Robinho eu só digo uma coisa: ele levou a vaia mais merecida que eu já vi alguém levar, ao ser substituído por Wagner Love, e só o imbecil do Galvão Bueno, que falou quinhentas vezes durante a transmissão que "o brasileiro está louco pra se apaixonar de novo pela seleção", achou que as pessoas estavam vaiando o Dunga, por ter tirado o Robinho.
Aliás, o Galvão Bueno tem um poder increible de ver coisas que só ele vê. Por exemplo, no jogo contra o Peru, em Lima (outra atuação lamentável), toda vez que o Ronaldo Gaúcho se aproximava do alambrado do estádio para bater um escanteio, os torcedores peruanos se deslocavam do campo o mais que podiam. Os torcedores se aproximavam, eu garanto, para xingar e atirar coisas no jogador brasileiro. Mas para a anta do Galvão, eles queriam "ficar mais perto do craque brasileiro". É demais.
Fazia muito tempo que eu não via o Brasil jogar tão mal. Esse time de ontem superou todos os últimos fiascos da seleção do Dunga, que só jogou bem contra a Argentina, menos por mérito próprio e mais por demérito da Argentina, porque eu não sei o que acontece com nosso hermanos que, ultimamente, têm jogado com uma apatia assustadora contra o Brasil.
Vão à merda todos aqueles que ousarem dizer que "o importante é que ganhou". Isso é muita alienação para a minha pobre cabeça de escrevinhadeiro.
Mas até que, pra uma coisa, esse jogo serviu: para que eu percebesse que ainda consigo ficar revoltado com futebol. Como ficou chato o futebol, não? Agora eu entendo aquelas pessoas que diziam: não vejo graça em 22 marmanjos correrem atrás de uma bola. A verdade é que, nem isso nós vemos mais. Não vejo mais prazer nos jogadores de futebol. Eles se transformaram em burocratas. É claro que esse não é o problema central. o problema central está nos dirigentes e nos empresários, que descobriram uma maneira ótima de enriquecer às custas do suor alheio (como fazem os banqueiros, os empresários, a elite em geral). A transformação dos jogadores em burocratas é apenas conseqüência dessa profissionalização enviesada que tanto fez jorrar dinheiro nas fontes dos Ricardos Teixeiras da vida.
Pra terminar, só umas poucas palavrinhas sobre o Dunga: ele devia voltar correndo para aquele programa de televisão em que, ao lado do Bebeto, fazia uma "peneira" com jovens que dariam tudo pra virarem jogadores de futebol. Ele faria melhor explorando os sonhos dessa garotada. Porém, quanto à substituição que ele fez no jogo, tirando o RG pra colocar o volante Josué, foi a única decisão acertada que ele tomou ao longo de sua curta carreira de treinador, apesar de tê-la tomado com muitos minutos de atraso.
Mas chega. Importemo-nos com o que verdadeiramente importa, como sugeriu a Inês.
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