segunda-feira, outubro 29, 2007

Origami

Já falei por aqui que não tenho lá muita habilidade manual. Sou um tanto desastrado. Tá certo, estou entre amigos, portanto, de que adianta disfarçar? Todos sabem que eu sou muuuuuuuuuuuito desastrado. Mede-se o quão desastrada é uma pessoa pelo número de vezes em que ela já deixou a tampa da pasta de dente cair no ralo da pia. Se você nunca passou por isso e acha até estranho que alguém já tenha conseguido tal proeza, aproveite: você ainda tem chance de trabalhar como equilibrista no Circo Imperial da China.

Se você, vez ou outra, deixou isso acontecer - havia exagerado um pouco na birita e tal - ainda pode se considerar uma pessoa atenta aos leves movimentos que a vida nos obriga a realizar. Mais do que isso, a coisa já começa a ficar preocupante. Agora, se você já deixou várias vezes que a tampa da pasta de dente escapasse das suas mãos e driblasse seus movimentos indelicados na tentativa de evitar o inevitável, para, novamente, encaixar-se no ralo da pia: parabéns, você é um desastrado.

Desastrados sempre derrubam copos na mesa - eu fazia muito isso nos meus tempos de bebum e continuo fazendo nos atuais tempos de abstêmio - e já deixei os seguintes objetos mergulharem nas profundas águas da privada: escova de dentes, pente e gilete (é claro que depois do resgate eu joguei tais objetos no lixo! Fico até ofendido com esses tipos de insinuações).

Quando eu era moleque, tentei aprender a construir pipa (não passei da primeira tentativa) e também tentei seguir aqueles malditos livrinhos de origami. Eu olhava para aquelas lindas figuras, construídas com toda facilidade por aqueles que fossem capazes de seguir as flechinhas mais malucas, e as linhas contínuas e as linhas pontilhadas e...céus! isso é impossível! Isso é impo... e lá estava meu irmão mais novo Mário com um maravilhoso cisne de papel nas mãos.

Um vexame, eu pensava. Depois eu fui me acostumando. O Mário, também, não era parâmetro. Também tenho dois irmãos que levam o maior jeito para o malabarismo e... deixa pra lá. O fato é que, hoje, eu já ficaria contente se aprendesse a dar nó em gravata. Foi, então, que o Aldo me mandou o endereço de um site que ensina a fazer nó de gravata. Lá fui eu visitar o tal sítio. E lá estavam os malditos desenhos com as malditas flechinhas: aprenda a dar o nó simples, o nó simples duplo, o nó "windsor", o nó francês, o cazzo.

É com muita alegria, enfim, que eu posso dizer: enfrentei o meu trauma dos livrinhos de origami e, antes que o Mário saísse por aí com um belo nó cruzado, defini humildemente as minhas limitações e, tchã-nã! Aprendi a dar o nó simples duplo. É um nó tosco que fica gordinho e, visto de longe, dá a té a impressão de que o sujeito sabe dar nó em gravata.

Pelo menos eu não estou mais passando vergonha na terra dos engravatados. Já me vejo até no direito de comentar nós mal feitos que eu vejo por aí. Tinha um sujeito lá na Câmara, outro dia, com um nó de gravata, meu amigo... se eu fosse ele, nem sairia de casa.