sexta-feira, outubro 26, 2007

Liberdade, liberdade

Exercitar a mente. Respiração. Controle. Alô, alô, segundo batalhão. Chega, meu compadre. Pegue o seu Fiesta prata e saia cantando os pneus e dançando os faróis pelas ruas de Nova Andradina. Ou da Nova Zelândia, se é que isso será permitido pela transportadora JC Ltda. Doido? Doido o cacete. Doido é o mundo e quem pensa que tudo está bem. Tudo está bem, desde que eu abra a minha torneira e dela saia água. Enquanto tiver água quente jorrando da minha ducha Corona, pau no cu doceis tudo, mano.
É para isso que serve a leitura. Serve para entender que o buraco é mais embaixo e se você é analfabeto cada um com os seus problemas, oras. Se você não entendeu, não leu, o pau comeu. O pau sempre come alguém. É só o maridão sair pomposo de casa. Rapaz, a patroa está a ponto de bala e ele não quer mais saber dela. Tome, safado. A secretária do chefe vai fazer charminho, mas nunca vai liberar a tarraqueta. É, você tenta alguma coisa e toma bola nas costas. Lá vai Romeu. Antes ele e depois eu. Quem sabe? Quem sobe?
Você desce. Desce, desce, desce. Se desse para mudar alguma coisa, mas isso você não entende. E põe o "se" no front de todas as frases que profere há exatos quatorze anos e sete meses. Se eu tivesse feito aquilo, não tivesse feito isso, isto, ou outra coisa. Se um dia meu coração for perguntado… Não pergunte. Canta, que os males espanta. Paulinho da Viola. Francisco, Serafim, vamos embora. A cidade não mora mais em mim? Sei lá, acho que nunca morou. Eu nunca fui compreendido pelos prédios. Eles não me deixavam entrar. Eles não se abriam. Não tem mais lugar para a casa geminada, não senhor.
E a casa da geminiana? Ana, a geminiana, vivia em uma casa geminada em Higienópolis. Gente, isso dá um poema infantil. Mas eu gosto dos poemas de Bukowski, do Leminski, das putas que os pariram. Não, criança não precisa de poema. Ela precisa de risada. Poema é problema. Problema de lógica, é lógico, pureza, tristeza, Tereza, vizinha da Ana, que na verdade era aquariana. Mas tanto faz, porque a Lua estava na casa de Netuno quando chegou Vênus: quem é essa biscate? Você que tire esse traseiro gordo, branco e redondo da minha casa. Ora, vamos, Vênus. Sou apenas uma amiga. Sou apenas um satélite sem importância. Perigo nos olhos de Vênus. Perigo dos grandes. Vou te mostrar a falta de importância, sua puta que alumia os namorados e se acende pros homens dos outros. Eu, hein? Guerra dos astros, guerra das estrelas, a última saiu até na Caras.
Vênus pega Netuno com a mão na massa lunar. Xi, a merda está feita. Logo Vênus, que é sempre a primeira a chegar. Logo a Dalvinha. Não, meu irmão. Assim não, e o fotógrafo da Caras pediu para esperarem um pouco, porque as fotos ficaram um pouco claras demais. Muita exposição. Pouca velocidade. Sei lá, o cazzo. Passa o tempo que o tempo passa e acabou, já está na hora da próxima fofoca.
Sexta-feira, pasmaceira. E a Lua já saiu da casa de Netuno. E uma astróloga do sindicato me ligou dizendo que eu não posso falar besteiras dessa monta. Não, isso pode confundir os entendimentos e, de acordo com o código de ética dos charlatães, nada disso pode ser dito, nem perguntado, se o dito cujo cuja falta de presteza não lhe permitiu estudar o livro dos estelionatários, falsários e bruxos de outras órbitas. Abduzidos também não têm o direito adquirido, apenas o direito presumido, mas a bancada dos extraterrestres não consegue convencer a bancada ruralista que uma abobrinha pode muito bem ser um ser de outro planeta. Abobrinhas ou aboborazinhas. Aboazinhas, que se fazem de abobazinhas.
Não adianta. Ronaldo Caiado não concorda e resolve obstruir a pauta. Obstruir a pauta pode causar sérios problemas estomacais. Eu avisei. Mas a bancada ruralista fechou questão. É contra o poder adquirido dos abduzidos e é contra a CPMF. E devemos, diante de tal situação, de tal descalabro, tomar medidas que não sejam provisórias, que sejam permanentes. Permanente?, perguntou Clodovil. Mas não, Cacá. Permanente não ficará bem em você, querido. Hóhóhóhó.
Povo brasileiro. Chamem o segundo batalhão, o primeiro exército e a minha bota sete léguas. Caminhemos, pois, rumo ao infinito. E que a Lua, mesmo roxa, nos alumie a todos. Hoje e sempre.