quarta-feira, outubro 31, 2007

Centésimo octogésimo

Veja você a coincidência das coisas. Hoje publico o 180º texto neste espaço. Afora algumas contribuições que muito enriqueceram meu blógui e muito instruíram o Esfeluntis (que pediu chorando pra voltar e foi readmitido, desde que não escreva mais nada serrado), o resto é tudo fruto da minha mente perturbada mesmo. Haja perturbação!
Falo da coincidência das coisas porque, ontem mesmo, soubemos nós com muita alegria que a Vivi foi aprovada para a segunda fase do 180º concurso de ingresso na magistratura de São Paulo. Podem me chamar de coruja, mas eu venho acompanhando a preparação da Vivi para concurso há dois anos e nunca vi tamanha dedicação. Minha parceira é porreta mesmo, como diria o velho malandro da Bahia, aquele que vai ao enterro do amigo de terno branco e tarja preta no braço (v. "Dona Flor e seus dois maridos", direção de Bruno Barreto, baseado na obra de Jorge Amado) .
Pra quem não é do ramo jurídico, como eu, a pessoa passar para a segunda fase de um concurso para juiz é uma coisa meio obscura: você sabe que é muito difícil passar e que a pessoa merece os parabéns, mas não entende direito a dimensão da coisa. Eu comecei a entender melhor depois desse tempo acompanhando a Vivi. Mesmo o povo da área jurídica, muitas vezes, também não sabe dimensionar muito bem isso. É comum ouvirmos de advogados, como já ouvimos de alguns amigos, que "depois que você passar em um bom concurso, está feito na vida". Essa frase vem com uma pontada de mágoa, como se fosse uma grande injustiça uma pessoa "só" estudar e, de repente, virar uma autoridade, "enquanto eu ralo há anos na advocacia pra ganhar pouco e ter que lidar com juízes que não sabem o que estão fazendo".
Pra essas pessoas, eu gosto de uma resposta que a Vivi costuma dar: "Se a vida de um concurseiro é tão fácil assim, por que você não tenta? Por que você não "vira" juiz ou promotor se a coisa é tão moleza?" As respostas, quando vêm, são cínicas: "Porque eu gosto muito de advogar. Porque essa vida de funcionário público não é pra mim. Porque eu gosto do dinamismo da minha profissão. Porque a concorrência é muita" e outras baboseiras desta ordem. Mas deixemos isso pra lá, antes que os fantasmas da meia-noite comecem a me acusar de corporativista.
Enfim, mesmo para os concurseiros da área jurídica, que sabem bem o que é enfrentar um concurso da magistratura, esse 180º concurso foi uma chacina e tanto. Em relação ao 179º, a nota de corte caiu bastante e muitos quase-juízes que não haviam sido aprovados por pouco no concurso anterior levaram fumo.
Realmente, quando eu fui buscar a Vivi na prova, ainda atordoada, ela me disse categoricamente: "Foi a prova mais difícil que eu já fiz na vida". E passou pra segunda fase. Vai se juntar aos perto de 600 candidatos que farão a prova escrita no dia 11 de novembro. Tamo na fé. A Vivi entra com o estudo e eu entro com a reza.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

E a gente com a torcida. Vá em frente, Vivi.
Beijos, Miriam
(não custa espalhar uns raminhos de arruda pelo apartamento)

10:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Parabéns pelo seu empenho Vivi! Tomara que você esteja entre os 180 candidatos da fase Oral!
Neste momento a minha "Vivi" esta fazendo a prova oral deste concurso e como ela estuda e é dedicada...
Ela está lá demonstrando os seus conhecimentos aos examinadores e eu aqui na reza e muita fé!!!
Essas meninas são guerreiras e vencedoras!!!

2:03 PM  

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