Verissimo
Eu não agüento mais receber textos do Luis Fernando Verissimo por e-mail. Acho que já recebi uns 4.326. Mas se for pra mandar Mário Prata ou Arnaldo Jabor, por favor, vá à puta que pariu. Nada contra o Verissimo. Ele escreve bem, tem ótimas idéias e inventou personagens ótimos, como o analista de Bagé e a velhinha de Taubaté. Mas ele se especializou nessas crônicas de costumes, bem humoradas, bem escritas, mas que me dão uma certa tristeza. Eu fico um pouco triste porque vejo que o Verissimo não vai deixar nenhuma grande obra pra literatura brasileira. E poderia.
Nada contra ele preferir escrever essas crônicas que arrancam risos, porque as pessoas em geral se identificam com aquilo e, na minha opinião, o escritor gaúcho acabou inventando uma espécie de auto-ajuda cômica. O sujeito lê aquelas palavras desanimadoras porém cômicas, dá boas risadas e sai espalhando pra todo mundo que ele conhece.
Só fico triste porque vejo nesse menino tímido e espirituoso de 70 anos de idade um potencial pra deixar uma obra comparável à do pai, mas, daqui a dez, vinte anos, quem terá ouvido falar de Luis Fernando Verissimo? Ninguém. A carreira dele terá servido para divertir muita gente, o que é louvável, mas poderia ter servido pra engrandecer a cultura brasileira. Se ele fosse um escrevinhadeiro do meu naipe, eu o aplaudiria. Mas, no caso do Verissimo, eu acho um desperdício.
O recado, enfim, está dado: não me mandem mais crônicas do Verissimo por e-mail. E, se você quiser que eu rompa definitivamente relações com você, basta me enviar algum texto assinado por Mário Prata ou Arnaldo Jabor.
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