A Felicidade Mora ao Lado
Meu vizinho Zé Sunguinha é que é feliz. Enquanto as desgraças nos assolam e os arautos anunciam que, em breve, estaremos todos na sombria morada de Hades, servindo de alimento para um cão de três cabeças, Zé Sunguinha segue com sua vida, como se nada estivesse acontecendo.
Zé Sunguinha é cinqüentão, solteirão e funcionário aposentado do Banespa da época em que a aposentadoria dos servidores públicos era integral (não é mais, viu pessoal de Veja?). Logo cedo, Zé Sunguinha acorda e liga o rádio para ouvir as notícias. Nada como ser informado, todas as manhãs, através das potentes vozes do bom e velho rádio. Enquanto ouve as notícias novas com cara de velhas, sempre mantendo o bom humor, Zé Sunguinha toma o seu café da manhã, tranqüilamente.
Em seguida, Zé Sunguinha coloca uma roupa apropriada e desce para a sala de ginástica do prédio. Lá, ele aproveita para exercitar os músculos durante a manhã toda. Devidamente, exercitado, Zé Sunguinha, finalmente, faz jus ao apelido. Trajado apenas com sua sunguinha azul-roial, já um tanto gasta pela ação do tempo, e armado com uma toalha de banho, lá vai ele tomar sol (faça chuva ou faça sol). Faça chuva ou faça sol, Zé Sunguinha dá um belo mergulho na piscina do prédio, joga conversa fora com quem quer que esteja por perto e sobe ao sexto andar, ensopando todo o elevador.
Depois de tomar um belo banho, Zé Sunguinha desce novamente, joga uma conversa fora com o porteiro e ruma para a padaria Orquídea, que já teve dias melhores, mas continua lá. Lá, Zé Sunguinha, enquanto toma sua cervejinha, joga conversa fora com quem estiver por perto. Fala de futebol, das notícias importantes do dia (término do namoro de Alemão com Siri, bandeirinha Ana Paula vai posar nua na Playboy e outros escândalos do momento) até voltar pra casa, mais alegre do que nunca.
Em casa, Zé Sunguinha coloca um dos seus discos de vinil da Celly Campello no último volume, para, depois, embuído pela inspiração do momento, praticar um pouco com seu velho violão. Mais tarde, Zé Sunguinha desce novamente, conversa com o porteiro novamente, vai à padaria novamente e joga conversa fora novamente enquanto bebe mais uma cervejinha. Assim acaba o dia de Zé Sunguinha. Zé Sunguinha só se queixa de duas coisas: da síndica perdulária que quer instalar um ofurô no prédio e da falta de tempo para curtir um cineminha. Zé Sunguinha é que é feliz.
1 Comments:
Hahahahahahahaha!!! Zé Sunguinha foi ótimo, Tô!!! :))) Melhor do que L. Simpson... ou Lisa S... ou ainda: Zé Cachaça. kkkkkkkkkk
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