quinta-feira, junho 21, 2007

Extra, extra!

Eu tenho um furo para divulgar aqui neste singelo espaço: Renan, o amigo dos açougueiros desvalidos da perifa de Maceió, deve mesmo renunciar ao cargo de presidente do Senado. Ainda não se sabe qual será a manobra adotada para evitar aquela impressão de se estar assinando uma confissão de culpa. Renan resolveu dar ouvidos a alguns amigos menos humildes e mais engravatados, que disseram: Não se aperreie, porque no final tudo dará certo. Outra forte influência nessa mudança de postura do senador foi sua mulher de plástico, que, em conversa com as outras mulheres de plástico da alta sociedade de Maceió, se convenceu de que era melhor dar um passo pra trás agora e, mais tarde, dar mil pra frente. Romilda2000-Turbo, modelo plastificado feminino que funciona tanto em 110 quanto em 220 Volts e pode ser encontrada na versão loira aguada e ruiva fatal, ficou na dúvida sobre o significado dessa enigmática frase proferida pela mulher de plástico de Renan. "O duro vai ser agüentar aqueles jornais do sul soltando rojão", resmungou uma boneca inflável que bebia chá calmamente num canto obscuro da sala. "Deixa soltar, porque no final nós é que celebraremos", respondeu Romilda, antes de se levantar e ir a um lugar mais reservado para recarregar a bateria. Todos os amigos, companheiros e bonecas infláveis, depois de muito analisar a jurisprudência, acharam por bem que Renan se afastasse. Ainda não se sabe qual manobra será adotada, mas tudo indica que a velha fórmula do "princípio republicano da liberdade de investigação e não constrangimento aos investigadores" será acionado. Aqui vai um esboço do discurso que está sendo preparado para que Renan leia em plenário nos próximos dias - discurso este que está sendo vendido pelos camelôs de Brasília por apenas R$ 5,00 (se você pagar R$ 10,00 ainda leva todos os planos do Mangabeira Unger para a Secretaria do Futuro, como bem definiu o jornalista, este de verdade, José Paulo Kupfer). Bom, chega de enrolação. Aí vai o discurso:
"Nobres colegas, é com um peso enorme no miocárdio que eu anuncio que, a partir da data de hoje, não terei mais o prazer de presidi-los nesta egrégia Casa. Eu sei que Vossas Excelências, tanto quanto eu, estão consternados, estupefatos, atônitos. No entanto, é por respeito aos meus familiares e à minha querida companheira plastificada, que anda murcha em demasia por conta dessa perseguição que eu tenho sofrido - obra desses covardes da imprensa, da Polícia Federal, do Governo, da oposição, dos supermercados, açougues e casas de carne, e da sociedade como um todo (fora os meus queridíssimos eleitores do meu qureidissimíssimo estado das Alagoas), que eu decidi reavaliar minha posição de jamais renunciar à presidência do Senado.
"Jamais, eu disse, porque sei que nada devo. Apresentei provas mais que cabais que confirmam a minha inocência, inclusive o certificado de santidade que recebi das mãos de um velho cardeal de Maceió, que Deus o tenha. Toda essa documentação foi avaliada por dezenas de peritos da Polícia Federal, que nada encontraram de errado, mas, por estarem pressionados pelos poderosos que temem a minha ação sempre brava e implacável contra os inimigos do bem comum, inventaram uma teoria esdrúxula para colocar a autenticidade dessas provas em dúvida. Não temo essa gente, mas não acho justo que minha família pague por esse complô absurdo. Eu me afastarei da presidência do Senado para ficar mais perto daqueles que me amam e que sabem da minha lisura.
"Ademais, também por respeitar os princípios republicanos da liberdade de investigação, porque pessoas maldosas poderiam dizer que a minha presença na presidência desta Casa poderia constranger, ou inibir os meus colegas encarregados da investigação contra a minha pessoa, eu entrego o cargo que me foi confiado pela maioria absoluta de Vossas Excelências. Portanto, devo pedir desculpas, não por ter feito algo errado, porque a última atitude discutível que eu tomei foi ter atirado um carrinho de ferro na cabeça do meu irmão quando eu tinha quatro anos (ele mereceu, diga-se de passagem). Peço desculpas por declinar, temporariamente, e por motivos alheios à minha vontade, do cargo que me foi confiado, ainda que indiretamente, pela imensa maioria da população brasileira, que Vossas Excelências representam com brilhantismo.
"O tempo dirá quem tem razão. Mas eu não exigirei desculpas daqueles que hoje me caluniam, porque sei que não se pode esperar qualquer atitude de nobreza de pessoas mesquinhas que colocam interesses próprios à frente dos interesses da nossa grande nação. Muito obrigado. "
Eu juro que fiquei tocado com esse discurso. Eu só tiraria a parte do carrinho de ferro, porque pode não pegar bem. De resto, está perfeito. Valeu cada centavo dos R$ 5,00. Quer dizer, dos R$ 10,00, porque eu não resisti e também comprei a lista dos planos do Mangabeira, que também é muito boa.

1 Comments:

Blogger Lino said...

quando sair o discurso oficial, por favor comara com esse que vai bater muita coisa, se marcar até a porra do carrinho.

6:51 PM  

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