sexta-feira, junho 15, 2007

Decadência

Quando eu fiquei sabendo ontem que almoçaria no Maksoud Plaza, foi inevitável lembrar que, quando eu era moleque, o Maksoud era O HOTEL de São Paulo. Muitos paulistanos tinham o sonho de passar ao menos uma noite em uma das suítes daquele prédio que arrancava suspiros dos transeuntes que o enxergavam da Avenida Paulista. Ah, o Maksoud... Quando eu tinha 14 anos, meu irmão contou que, depois da festa de formatura dele, sua turma iria ao Maksoud tomar café da manhã. Ah, o Maksoud... Confesso que fiquei com inveja.
Da minha infância pra cá, muitos hotéis foram construídos nesta cidade. Isso é óbvio. E o Maksoud foi perdendo o seu status de O HOTEL de São Paulo. Hoje, é a imagem da decadência, a ponto de sua tapeçaria chique cheirar a mofo. Pois é, ontem eu fui fazer um freelance em uma conferência da CNI, no prédio da Fiesp, e o almoço foi lá no Maksoud Plaza. Devo dizer que o almoço não teve gosto de infância. Foi um almoço, por assim dizer, honesto, uma comidinha bem comum, bem razoável. Tenho certeza que, em qualquer restaurante por quilo dos arredores da Paulista, eu teria comido bem melhor. Mas eu não podia deixar de entrar, finalmente, depois de tantos anos, nas dependências do Maksoud, mesmo sabendo que não se tratava mais daquele Maksoud da minha infância (ainda mais que eu sempre fui adepto daquele velho lema: de graça, até ônibus errado).
Ah, o Maksoud... minha antiga referência de hotel, mesmo sem nunca ter pisado lá antes do almoço de ontem. Na escola, de volta às aulas, eu trocava aquela velha conversa com meus amigos: onde você foi nas férias? Como foi? Que tal o hotel? E muitas vezes se ouvia aquela resposta: "Ah, não era, assim, um Maksoud, mas o hotel era muito bom". Se alguém disser isso hoje, será motivo de piada, ou de incompreensão. Ah, o Maksoud... já era.