segunda-feira, setembro 18, 2006

Solidão Paulistana

Ontem, eu, a Vivi o Thiago e a Camila fomos assistir ao show do Paulinho da Viola. O show foi ótimo, cheio de músicas que eu não conhecia e muito chorinho também. O Paulinho cantou uma música maravilhosa do Sidney Muller chamada Nós, os foliões que o próprio Sidney Muller não teve tempo de ver gravada. Aqui vai uma palhinha pra vocês:

Nosso amor foi lindo
Como um carnaval qualquer
Que se acaba
E faz um novo dia-a-dia acontecer
Tão difícil assim como viver

A única coisa que me desagradou foi a postura do público. Confesso que não entendi o que aquele bando de moscas mortas foi fazer lá. Logo de cara, quando abriu a cortina, a galera aplaudiu como se estivesse diante de um bailarino, ou de um violonista clássico. Durante o show inteiro foi assim. O Paulinho cantava e aquela platéia vienense aplaudia sem nenhuma emoção. Completamente gélida.

Depois de uma seqüência de músicas não muito conhecidas e de alguns belos choros, o Paulinho começou a cantar "Desilusão", ou "Coração leviano", não me lembro qual veio primeiro. Pensei com os meus botões: agora vai. E nada. Nós éramos as únicas pessoas que cantavam no teatro inteiro. Depois eu comentei isso com a Vivi e ela me falou, indignada: "É verdade. Quando nós começamos a cantar eu pensei que as pessoas iam fazer: 'xiu!'"

Que bosta de público. Depois o Nelson Rodrigues diz que não existe solidão maior que a companhia de um paulistano e todo mundo por aqui fica indignado. O fato é que esse tipo de não-manifestação do público num show como o do Paulinho da Viola não corre o risco de acontecer no Rio de Janeiro. Ninguém é obrigado a gostar do artista, é claro. Mas eu me pergunto: o que eles foram fazer lá?

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Grande Toão, pena eu não ter ido com vocês neste show, ao menos seriam mais dois cantando e se emocionando a cada acorde do mestre Paulinho da Viola. Minha opinião é a seguinte Tô, o samba com sambistas classicos, como Paulinho, virou "status", é "IN" ir no show do Paulinho da Viola, mesmo que a pessoa não ouça durante o ano todo ela vai no show e ai acontece o que aconteceu, ningeum, ou quase ninguem vibra com o momento ilustre de presenciar um dos grandes mestres ainda vivos do nosso samba. Outro fator que vejo é o alto valor do ingresso que acaba por afastar o público, que realmente curte e escuta samba, mas que infelizmente não tem cacife pra bancar um espetáculo como este. Claro que a população paulistana em sua maioria é muito mais "recatada e castrada" do que de algumas outras cidades como Rio e Salvador, mas acredito que no caso deste show se valem mais as observações que fiz acima.
No proximo iremos juntos engrossar o coro dos amantes do bom samba.
Abraços mermão.

11:08 AM  
Blogger Tomaz Gouvea said...

Eu concordo com os fatores que você apontou, mas esse show foi exageradamente frio. Eu já fui em outros shows tão caros ou mais quanto o de ontem e nunca vi tamanha apatia do início ao fim. Às vezes o artista não consegue empolgar o público, é verdade. No entanto, dessa vez o público já chegou gelado. Acho que nem que fosse o Chico Buarque, que provoca histerias coletivas, aquele bando de múmias se manifestaria.

1:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

É Toão as vezes calha de somar todos os fatores num só dia... mas no próximo iremos juntos e teremos mais sorte...

2:57 PM  

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