Reflexões de um ser tautológico
Muitas vezes eu olho para a tela do computador como se estivesse diante de um espelho. Olho para aquele monte de letrinhas que não sei de onde copiei e penso que eu preciso fazer a barba.
Quando eu comecei a escrever minhas primeiras histórias, eu ainda pensava que eram minhas, e me esforçava para que nada parecesse cópia. Eu queria ser original.
Um dia meu pai anunciou: os sofistas já falaram sobre tudo, já refletiram sobre tudo, já tiveram todas as idéias possíveis. Eu ri, porque não podia aceitar tamanho golpe no meu ego de escritor - veja você, escritor!
Escrevinhadeiro com ego de escritor, de pensador, da merda que for.
Depois daquele dia eu comecei a ler e a reler as coisas que eu escrevia. E percebi que, durante o tempo todo, eu sempre falava a mesma coisa. Eu falava sobre a sensação de olhar para uma página, ou para uma tela, e parecer que eu estava diante de um espelho.
Agora eu olho para essas palavras e me pergunto: quantos autores, neste exato instante, eu estou plagiando? Sem contar que eu estou plagiando a mim mesmo. Neste exato instante, eu estou diante de um espelho, pensando que preciso fazer a barba e que logo um advogado vai bater à minha porta para exigir "os direitos autorais do meu cliente, o Fulano de Tal".
E eu vou olhar bem nos olhos do advogado e dizer: seu cliente sou eu, sua besta! Eu sou Fulano de Tal.
Por que acontece essa tremenda promiscuidade intelectual? Eu tenho uma teoria, que não é minha, mas da qual eu muito me orgulho:
Talvez porque todos queiram dizer e ninguém queira ouvir. Não ouvimos, portanto, dizemos o que já foi dito e redito e redito.
Talvez por isso eu sofra de insônia. Se assim for, diria a poliana moça, eu devo ficar feliz porque, acordado, não terei meus sonhos invadidos por nenhum político em campanha.
Amém.
Quando eu comecei a escrever minhas primeiras histórias, eu ainda pensava que eram minhas, e me esforçava para que nada parecesse cópia. Eu queria ser original.
Um dia meu pai anunciou: os sofistas já falaram sobre tudo, já refletiram sobre tudo, já tiveram todas as idéias possíveis. Eu ri, porque não podia aceitar tamanho golpe no meu ego de escritor - veja você, escritor!
Escrevinhadeiro com ego de escritor, de pensador, da merda que for.
Depois daquele dia eu comecei a ler e a reler as coisas que eu escrevia. E percebi que, durante o tempo todo, eu sempre falava a mesma coisa. Eu falava sobre a sensação de olhar para uma página, ou para uma tela, e parecer que eu estava diante de um espelho.
Agora eu olho para essas palavras e me pergunto: quantos autores, neste exato instante, eu estou plagiando? Sem contar que eu estou plagiando a mim mesmo. Neste exato instante, eu estou diante de um espelho, pensando que preciso fazer a barba e que logo um advogado vai bater à minha porta para exigir "os direitos autorais do meu cliente, o Fulano de Tal".
E eu vou olhar bem nos olhos do advogado e dizer: seu cliente sou eu, sua besta! Eu sou Fulano de Tal.
Por que acontece essa tremenda promiscuidade intelectual? Eu tenho uma teoria, que não é minha, mas da qual eu muito me orgulho:
Talvez porque todos queiram dizer e ninguém queira ouvir. Não ouvimos, portanto, dizemos o que já foi dito e redito e redito.
Talvez por isso eu sofra de insônia. Se assim for, diria a poliana moça, eu devo ficar feliz porque, acordado, não terei meus sonhos invadidos por nenhum político em campanha.
Amém.
2 Comments:
TÔ, meu amigo TÔ!
O mais difícil é ver o espelho se quebrar! Muito mais quando ele nos acaba de dizer que existem pessoas melhores e mais belas do que eu!
bjs, butantã
Butantã,
o Homer Simpson diz uma vez ao Bart: "Filho, em tudo aquilo que você acha que é bom, pode ter certeza que existem milhões de pessoas no mundo que são melhores do que você". Portanto, não encana muito com isso. Beijos na patroa e nas crianças.
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