domingo, agosto 27, 2006

Meu primeiro "erramos" (fora os milhares de erros de português)

Contabilidade do primeiro dia: meu blog é um sucesso estrondoso, para não dizer estrepitoso. Doze pessoas já visitaram o meu perfil (valeu galera) e eu já recebi a primeira crítica construtiva. Foi da minha mulé. Ela leu o que eu escrevi sobre o livro Furta-cor, do Thiago Iacocca, e disparou: você não falou sobre o livro! Só falou que é bom pra caralho e tal. Não pode.

Não pode, muito menos para um jornalista. O jornalista tem sempre que dar opiniões sábias e construtivas, mesmo quando ele não sabe o significado da palavra furta-cor, como pareceu ser o caso do radialista da Jovem Pan. Porque ele disse algo como ficar tudo preto e branco, e nós supusemos que ele entendeu que furta-cor vem de furtar a cor.

Eu não tenho nada sábio e construtivo para dizer, além de que furta-cor não significa furtar a cor e, sim, que é algo que muda de cor de acordo com a luminosidade, ou o ângulo em que você olha. A paisagem furta-cor, como diz uma letra do Chico Buarque, seria aquela com uma cor que não é chapada, que muda dependendo do horário em que você contempla.

O livro do Thiago é como uma paisagem que reflete uma classe média-alta urbanizada, perdida e sem sonhos. Apresenta uma narrativa ao mesmo tempo veloz e difusa, com a qual o leitor deve tomar cuidado para não atropelar tudo e enxergar só uma cor chapada. É um livro que merece ser lido com cuidado, que permite um olhar vacilante, indeciso. Se lido com cuidado, causa um . Porque nós vivemos no meio de um tremendo social que, muitas vezes, nós da elite fechamos os olhos para não enxergar.

O Thiago que me desculpe se eu falei besteira, mas ninguém mandou publicar o livro. Agora a história pertence ao público.